"É ATRAVÉS DA VIA EMOCIONAL QUE A CRIANÇA APREENDE O MUNDO EXTERIOR, E SE CONSTRÓI ENQUANTO PESSOA"
João dos Santos

domingo, fevereiro 27, 2011

Como enfrentar o divórcio dos pais?

Nunca esquecer que nem a figura do pai nem a da mãe são substituíveis e essa realidade deve ser encarada.

Por vezes o casamento sofre alterações, podendo surgir a ruptura, a separação e o divórcio. Muito comuns hoje em dia, a separação ou o divórcio não devem nunca incluir os papéis de pai e de mãe.
Muitas vezes os pais não têm consciência do processo complexo e dinâmico que está a ser vivido pela criança e da forma como poderão surgir consequências futuras por haver uma mistura entre a separação e a parentalidade. Os pais, mesmo separados, devem manter-se, dentro do possível, unidos como pais da criança e tentarem preservar a imagem um do outro.
 
A imagem dos pais
Na maioria das vezes as crianças ficam com a mãe. O seu papel em todo este processo é muito importante, quer na imagem do pai que é passada à criança, quer na introdução do pai na relação que tem com o filho (no caso de ser um pai que, embora ausente, por vezes está presente).
Uma imagem negativa do pai, que é constantemente reforçada através de comentários e observações, é prejudicial à criança e também à mãe, acabando por influenciar a relação entre ambas. A mãe não deve em nenhum momento vincular o ódio ou a raiva em relação ao pai. Obviamente que o contrário também é válido.
Nem a figura do pai nem a da mãe são substituíveis e essa realidade deve ser encarada. A mãe não tem que ser ao mesmo tempo pai e deve estar consciente de que não o poderá ser para não criar falsas expectativas que só conduzem a sensações de falha e culpabilidades. O mesmo acontece no que se refere à perspectiva do pai.
 
A compensação com as prendas
Um outro aspecto importante diz respeito aos presentes. É essencial não cair no erro de tentar compensar falhas com prendas. Apesar de delicada, esta é uma questão que tem que ser encarada com frontalidade, pois mesmo inconscientemente os pais poderão querer compensar a sua ausência ou despertar uma maior atenção da criança através de presentes mais caros ou maiores.
Este não é um caminho correcto e na maioria das vezes não conduz aos resultados esperados, porque a criança valorizará sempre mais a presença e o amor do que os presentes, apesar de poder ficar muito contente quando os recebe.
 
A responsabilidade de ser pai/mãe
Na realidade, a separação dos pais não deve incluir a parentalidade ou maternalidade, que são uma responsabilidade permanente de ambos. A questão central prende-se com colocar os interesses da criança em primeiro lugar e acima de qualquer discussão ou conflito.
O pai ou a mãe poderão encontrar outra pessoa, com quem desejam formar uma nova família. Trata-se de constituir uma nova família tendo sempre em conta que esse vínculo anterior deixou os seus frutos. É necessário conquistar a estabilidade depois de ultrapassar os primeiros tempos em que se abandonam as antigas maneiras de estar e de lidar com as situações e com as diferenças de opinião.
Também para as crianças este não é um processo fácil. Exige uma adaptação que demora o seu tempo e que poderá ser bastante complicada ao início. A melhor receita para lidar com a situação será sempre a capacidade de se colocarem no lugar da criança, de a respeitarem e compreenderem.

Maria de Jesus Candeias, Psicóloga infantil e Psicoterapeuta

domingo, fevereiro 13, 2011

BULLYING ( VIOLÊNCIA ESCOLAR)

O Bullying ( Violência Escolar) é um termo de origem inglesa que descreve actos de violência física ou psicológicos praticados por um ou mais indivíduos com o objectivo de intimidar um indivíduo ou um grupo mais fraco.

 
A violência escolar ("bullying") é uma fenómeno cada vez mais frequente e visível, trazendo uma multiplicidade de consequências nas vítimas, nomeadamente em termos da sua auto-estima e até da sua saúde física e psicológica.

 
O Bullying pode surgir de duas formas: directa e indirecta, este ultimo mais enquadrado na agressão social.

 
O bullying directo é mais praticado por indivíduos do sexo masculino e o indirecto por raparigas que embora não seja muito sinalizado é mais vulgar, passando no entanto mais despercebido.

 
O bullying indirecto, mais frequente em raparigas e em crianças pequenas, manifesta-se recorrendo a várias situações, tais como, espalhar comentários pejorativos, recusa em socializar com a vítima, intimidar outras pessoas que insistam em socializar-se com a vítima, criticar modo de vida, roupa, calçado etc., levando a vítima ao isolamento social.

 
Assim, a violência escolar pode ser traduzida em comportamentos anti-sociais, delinquência, vandalismo e comportamentos de oposição, sendo definida como actos de violência física e psicológica, intencionais, repetidos e sistemáticos, ou seja, diferem dos episódios pontuais de conflito entre pares de igual estatuto ou poder, sendo praticados por um ou mais indivíduos que escolhem vítimas mais fracas ou mais novas, cuja capacidade de defesa seja diminuta em relação aos agressores.

 
O "bullying" envolve uma multiplicidade de comportamentos, tais como:

 
- actos de agressividade física

 
- agressões verbais

 
- comportamentos de manipulação social ou indirectos

 
- maus-tratos psicológicos

 
- ataques à propriedade

 
Mas será que todas as vítimas são passivas, ou seja, deixam-se submeter por estes agressores?

 
Existem dois tipos de vítimas: as que são efectivamente passivas, ou seja, inseguras, ansiosas e incapazes de se defenderem e as agressivas, de temperamento exaltado e que retaliam o ataque, ou seja, são agredidas e agridem também.

 
Quais são os principais efeitos do "bullying", sinais de alarme e como é que as vítimas podem ser ajudadas?

O bullying persistente pode ter uma multiplicidade de efeitos sobre a vítima, constituindo indubitáveis sinais de alarme, e que transmitem que algo se passa com a criança/jovem e que a mesma necessita de ajuda profissional.

 
- Efeitos sobre o indivíduo poderão incluir:

 
> Problemas gástricos 
> Dores não-especificadas 
> Medo de expressar emoções 
> Problemas relacionais 
> Abuso de drogas e álcool 
> Auto-mutilação 
> Baixa auto-estima 
> Isolamento social 
> Depressão 
> Recusa escolar 
> Diminuição do rendimento académico  

 
No entanto aquilo que queria reflectir e partilhar aqui convosco é sobre quem são estes rapazes e raparigas que agridem, e outros que se deixam intimidar e são agredidos.

 
Existem várias teorias, desde as ligadas à educação, às da vertente sociológica (baseadas em diversos estudos de campo) e até politicas, relacionadas com as directrizes governativas face á educação. Todas elas estão interligadas e quase todas têm razão.

 
Agressores e agredidos aparecem em consulta privada com regularidade, quando os pais ainda conseguem perceber que os filhos e os próprios pais têm um problema. Ambos Pedem ajuda!

 
Quem são os agressores?

 
São crianças que de alguma forma foram sujeitos ou a uma repressão severa em casa, nunca lhes sendo permitido manifestar algum tipo de agressividade (a agressividade é normativa, faz falta para a vida adulta como impulsionadora para realizar coisas) são os filhos obedientes e bonzinhos, que nunca deram problemas aos pais, mas que foram sujeitos a uma educação demasiado repressiva, ou os filhos sujeitos a grandes doses de violência, com a qual se começam a identificar e a agir sobre os outros como modelo relacional interiorizado.

 
Aqueles que nunca conseguiram manifestar discordância aos pais e revoltarem-se podem de igual forma agir a agressividade com outros como forma de libertarem a raiva contida, impossível de pensar.

 
No entanto é mais vulgar estes rapazes serem vítimas, como repetição do modelo de autoridade a que foram sujeitos. Vulgarmente aparecem em consulta rapazes entre os doze e os catorze anos, trazidos pelos pais, por outros motivos distintos daqueles que depois se vêem a verificar.

 
O pedido inicial tem a ver muitas vezes com as aprendizagens escolares insatisfatórias, sintomas de irritabilidade, destruição de objectos (portas e outros mobiliários) em momentos de raiva não contida, choro intenso sem motivo aparente, queixas seguidas da escola entre outros, recusa em ir á escola, este é o pedido dos pais, o pedido dos filhos é bem diferente, vulgarmente uma revolta muito grande com os pais por uma falta de afecto sentida (foi essa a construção mental da criança face á leitura dos acontecimentos de vida) ou queixas de agressões verbais e físicas na escola que escondem aos pais por medo e vergonha de serem mais humilhados ainda.

 
Por traz destas crianças estão quase sempre pais muito ausentes física e afectivamente que fizeram o melhor que sabiam mas que foram lidos de forma menos saudável e que propiciaram o terreno para que a depressão se instalasse. Quase sempre se encontra estruturas de personalidade depressivas em vítimas e agressores.

 
No bullying do meu ponto de vista não existem bons e maus, ambos são vitimas que necessitam de ajuda psicoterapêutica, única forma de interromper um ciclo de violência contida e agida.

 
A salvaguardar que em casos extremos de vitimização constantes o sofrimento emocional é tão intenso que poderá conduzir a actos extremos contra o próprio: o suicídio.

 
Em 2002 na Inglaterra Hamed Nastoh, suicidou-se depois de ser vítima de bullying continuado, sem nunca ter revelado aos pais o que lhe sucedia na escola.

 
Se pensarmos que por cada criança que passa por uma psicoterapia o numero de pessoas que é beneficiada (família e sociedade) e o ciclo geracional que é possível ser interrompido talvez seja fácil de imaginar o dinheiro que o estado poupa em internamentos, prisões, medicamentos, e outras repercussões sociais que se alastram por contactos interpessoais.

A Criança face ao divórcio dos pais..


O divórcio dos pais é sempre um acontecimento doloroso e marcante na vida da criança qualquer que seja a idade.

Em idades precoces, pré – escolares, os efeitos não tardam a surgir, a criança fica agitada, confusa e sente-se muito vulnerável, tendendo a culpar-se “ o pai foi-se embora porque eu sou mau” entre outras coisas que assentam sempre na sua responsabilidade pela separação dos pais.
As crianças pequenas como ainda são muito auto-centradas tendem a culpabilizar-se, assumindo a responsabilidade pelo que aconteceu entre o pai e mãe.

Quando são mais velhas, em idades escolares, sobrevêm a tristeza e a depressão na maioria das situações, transtornos psicossomáticos (dores de cabeça, dores de barriga, vómitos, diarreia etc.), em ambas as situações existe prejuízo para um bom decorrer da adolescência e adulticia.

As figuras parentais são fundamentais para a forma como se vão desenvolver os processos psíquicos da criança após a separação. Digo figuras parentais, porque nem sempre são os pais biológicos a desempenharem esse papel.

Não raras vezes, o que acontece é que na situação de divórcio o casal está muito embrenhado na situação e pouco disponível para os filhos. A  ausência de interacções protectoras e segurizantes decorrentes dessa fase podem resultar em dificuldades  na criança ao nível do relacionamento com amigos, professores, familiares e da própria criança consigo mesma.

O divórcio dos pais quando é mal integrado pela criança, quando a criança se sentiu arma de arremesso entre o casal, quando um dos pais utiliza a criança para denegrir a imagem do outro, faz chantagem, ameaça, agride, entre outras situações, pode comprometer um bom desenvolvimento emocional no futuro.

Ainda que o divórcio seja entre o pai e a mãe, a criança também passa por essa separação, pois tem que separar o que outrora tinha unido dentro de si. A negação e a recusa vão actuar impelindo a criança a fazer tentativas de juntar os dois. É uma perda que aos olhos da criança pode ser reversível, alimentando a esperança e a ilusão que isso vai acontecer.

Durante muito tempo a criança vai dedicar-se a encontrar estratégias de reconciliar os pais e voltar a tê-los de novo perto de si. Nessa fase de tentativa de os aproximar as actividades escolares vão ser deixadas de lado, as notas vão baixar, o interesse pelas brincadeiras diminui, os seus interesses e fantasias vão estar ocupados com essa tarefa.

Nem sempre o divórcio é um factor de estabilidade para a criança. O facto de poder estar longe de brigas e agressões que possam existir, faz com que perca na mesma a sua referência da família, e em muitas situações começam as brigas novamente sendo a criança o elo de ligação e o correio entre os pais.

Quando a criança tem 10 -11 anos e mais, um dos sintomas que aparece é começar a apresentar uma maturidade que na realidade não tem. Adopta posições de distância com um controlo excessivo de si mesmo, a fim de negar os sentimentos de vergonha e neutralizar a ansiedade, bem como sondar os limites da situação familiar, face a uma nova realidade. Nessa fase pode ser impelido a experimentar drogas e álcool e a iniciar a vida sexual como forma de arranjar companhia e combater o sentimento de abandono gerado pelo desfazer da família.

Muitas crianças e adolescentes não aceitam a separação e começam a agir essa dor com comportamentos agressivos manifestado hostilidade e desgosto. Com frequência culpam o conjugue como qual vivem, normalmente culpam a mãe por não ser capaz de manter a família unida. Quando visitam o outro conjugue seja o pai ou mãe não se atrevem a manifestar o desgosto com medo de perder mais essa relação e a família com receio de acabar com uma relação já de si insegura.
Porém, mais vale ter uma relação insegura que ser abandonado, sentimento que acompanha sempre a criança. Apontam algumas estatísticas que dois meses depois de decretado o divórcio menos de metade dos pais vê o filho apenas uma vez por semana. Passado um ano mais de metade nem sequer a visita.

O perigo de desequilíbrios psicológicos por causa do divórcio dos pais aumenta se a criança já tem predisposição para ser vulnerável por antecedentes familiares de depressão, pela própria perda ou pelo reavivar na memória de outras perdas mais precoces, como por exemplo uma ausência prolongada da mãe ou do pai sentida como abandónica.

O divórcio não significa um ponto final no confronto entre os pais, por vezes eles estão apenas a começar, o casal reaviva os problemas, não se consegue descentrar dos seus problemas e não consegue gerir em conjunto as coisas do filho mais simples, como comprar roupa, uma saída com amigos, a imposição de um limite. Se um diz não, o outro para ser melhor diz que sim. Assim se vai instalando a confusão mental na criança que se vê quase sempre no meio dos pais em que cada um denigre a imagem do outro a cada dia que passa.

O impacto do divórcio na criança depende sempre da estabilidade do progenitor com quem ficar e da relação saudável ( dentro do possível num contexto de separação) que os pais consigam quer estabelecer entre si, quer com as crianças.

Muitas vezes, a fragilidade afectiva dos pais a seguir ao divórcio faz com que fiquem incapazes de atender as necessidades dos filhos.
 A criança sofre imenso quando é utilizada como instrumento de negociação entre os pais e quando pai ou mãe estão deprimidos e a tentam absorver como busca de companhia e apoio. Desgastam afectivamente a criança/ adolescente que se viu forçada a ser o amparo do progenitor deprimido.

Em situações destas a busca de ajuda especializada poderá evitar graves prejuízos na vida futura da criança.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

HIPERACTIVIDADE E DÉFICE DE ATENÇÃO

Hiperactividade
Principais Características
A Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA) é caracterizada por um padrão persistente de falta de atenção e/ou impulsividade-hiperactividade, com uma intensidade que é mais frequente e grave que o observado habitualmente nas crianças com um nível de desenvolvimento semelhante.

Alguns dos sintomas relacionados com a hiperactividade e a falta de atenção ocorrem e causam interferências muito importantes no funcionamento da criança em casa, na escola ou na sua vida social.
Estes problemas surgem devido ao facto da criança não conseguir dar atenção suficiente aos promenores ou porque comete erros por descuido nas tarefas que tem para fazer.
Os trabalhos são muitas vezes desordenados, descuidados e feitos sem reflexão.
Esta dificuldade em manter a atenção em tarefas ou actividades lúdicas acaba por causar dificuldades na criança para persistir nas tarefas até as terminar.
Parece que estão a pensar noutra coisa qualquer, como se não tivessem ouvido aquilo que acabou de se lhes dizer. Podem inclusive fazer mudanças de uma actividade para outra, ou começar uma tarefa, mudar para outra e ainda dedicar-se a uma terceira antes de completar qualquer uma das anteriores.

As crianças com PHDA têm muita dificuldade em seguir instruções, em terminar os trabalhos escolares ou os deveres, em organizar tarefas ou actividades.As tarefas que requerem a manutenção de um esforço mental são sentidas como desagradáveis e marcadamente aversivas. Por consequência, estas crianças evitam ou sentem repugnância em envolver-se em tarefas que requeiram um esforço mental mantido ou que impliquem exigências de organização ou de concentração.

Os hábitos de trabalho podem ser desorganizados e com frequência perdem, tratam com negligência ou deterioram objectos necessários às actividades.

As crianças com PHDA são facilmente distraídas por estímulos irrelevantes e interrompem as tarefas que estão a realizar para prestarem atenção a ruídos ou factos triviais que são facilmente ignorados pelos outros, como por exemplo, o buzinar de um carro ou uma conversa de fundo.
Esquecem-se muitas vezes das actividades quotidianas, como por exemplo, das datas ou de trazer o almoço.

Nas situações sociais, a falta de atenção pode manifestar-se por mudanças na conversa, não prestar atenção aos outros, não manter um raciocínio na conversa e não seguir os pormenores ou as regras dos jogos.


Comportamentos Típicos na HiperactividadeA criança com hiperactividade pode manifestar os seguintes comportamentos:
  • estar inquieta ou mover-se quando está sentada
  • não ficar sentada quando se espera que o faça
  • correr ou saltar excessivamente em situações em que é inadequado fazê-lo
  • ter dificuldades em brincar ou dedicar-se tranquilamente à brincadeira
  • andar e agir como se estivesse ligada a um motor
  • falar em excesso


Hiperactividade na Idade Pré-Escolar
As crianças com PHDA mais jovens e em idade pré-escolar diferem das crianças activas por estarem constantemente a andar e a mexer em tudo. Precipitam-se para qualquer lado, saem de casa entes de vestirem o casaco, sobem e saltam sobre os móveis, correm por toda a casa, têm dificuldade em participar em actividades sedentárias de grupo nas classes pré-escolares, como por exemplo, ouvir uma história.



Hiperactividade na Idade Escolar
As crianças em idade escolar revelam comportamentos semelhantes às crianças mais jovens. Têm dificuldade em estar sentadas, levantam-se constantemente, mexem-se nas cadeiras, ficam sentadas na borda das cadeiras. Transportam objectos de um lado para o outro, batem palmas e estão a mexer constantemente os pés e as pernas. Levantam-se da mesa durante as refeições, quando estão a ver televisão ou quando estão a fazer os trabalhos escolares.
Falam em excesso e fazem muito barulho durante as actividades tranquilas.



Hiperactividade na Adolescência e Idade AdultaNos adolescentes e adultos, os sintomas tomam a forma de sentimentos de inquietação e dificuldade para se dedicarem a actividades sedentárias tranquilas.

A impulsividade manisfesta-se pela impaciência, dificuldade para adiar respostas, precipitação das respostas antes que as perguntas tenham acabado, dificuldade em esperar pela sua vez, interromper ou interferir com os outros ao ponto de provocarem problemas em situações sociais, escolares ou laborais.
As outras pessoas queixam-se de não conseguirem interromper o seu discurso incessante. As outras pessoas queixam-se ainda dos comentários desadequados, de não ouvirem as regras que lhes são transmitidas, de iniciarem um conversa em momentos inoportunos ou de interromperem excessivamente os outros.
Pode também verificar-se que interferem ou agarram nos objectos que não lhes pertencem, mexem nas coisas que não é suposto mexer e fazem palhaçadas.



É frequente a Hiperactividade?Estima-se que 3% a 7% das crianças em idade escolar sofrem de PHDA, sendo que este problema afecta mais os meninos que as meninas.

As famílias devem estabelecer rotinas e regras bem definidas e consequências claras aplicadas de imediato.
Apesar do desgaste físico e emocional que uma criança com PHDA promove nos pais, as famílias não devem esquecer que a interiorização de regras é tanto feita com o castigo (por exemplo, zangar, obrigar) quanto é com o reforço positivo (por exemplo, brincar, mimar, acarinhar, abraçar).

NO CRESCER -Centro de Intervenção psicologica a psicoterapia para este problema, visa reduzir a frequência dos comportamentos inadequados e aumentar a frequência dos comportamentos desejáveis nas crianças. Tem ainda como objectivo ajudar os pais a lidar com esta situação, seja fornecendo dicas para a implementação de regras, seja através de ouvir o seu cansaço e encorajar para o seguimento de uma educação que se oferece difícil.

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM:DISLEXIA; DISCALCULIA; DISORTOGRAFIA

Dislexia
A Dislexia refere-se à dificuldade que a criança tem na aprendizagem da leitura, apesar de ter uma educação convencional, uma adequada inteligência e oportunidades sócio-culturais.

As crianças com dislexia apresentam um conjunto de sinais de alerta durante a infância mas o diagnóstico definitivo só deve ser efectuado dois anos após a entrada na escola, pois é normal que existam dificuldades na fase inicial da aprendizagem da leitura e da escrita.
Clínica Psicologia Lisboa Dislexia

A Dislexia resulta de uma dificuldade em processar informação linguística que se manifesta por alterações no domínio do processamento fonológico e por alterações psicolinguísticas.

Na leitura notam-se confusões em grafemas cuja correspondência fonémca é próxima ou cuja forma é aproximada, bem como surgem frequentes inversões, omissões, adições e substituições de letras e sílabas. Ao nível da leitura de frases, existe uma dificuldade na velocidade de leitura, na fluência e no ritmo, bem como uma análise compreensiva

Na escrita verifica-se a presença de múltiplos erros ortográficos, dificuldades na descodificação fonema-grafema e dificuldades acentuadas na construção e organização frásica.
Clínica Psicologia Lisboa DislexiaEstima-se que a Dislexia esteja presente em 4% das crianças, verificando-se uma maior prevalência nos meninos relativamente às meninas.


As repercussões da Dislexia são muitas vezes consideráveis, quer ao nível do sucesso escolar, quer ao nível do comportamento e estado emocional da criança.
A criança que tem Dislexia pode ser mais triste e deprimida devido ao repetido fracasso nos seus esforços para superar as dificuldades, ou por vezes poderá ter acessos de agressividade ou angustia.
A frustração causada pelos anos de esforço sem êxito e a permanente comparação com as outras crianças desencadeiam uma auto-estima baixa.
Clínica Psicologia Lisboa Dislexia

As crianças que têm Dislexia tendem a apresentar:Reduzida motivação e empenho pelas actividades que implicam a mobilização das competências da leitura e da escrita, o que por sua vez aumenta as suas dificuldades de aprendizagem.
  • Ansiedade perante situações de avaliação ou perante actividades que impliquem a utilização da leitura e da escrita.
  • Tristeza e de auto-culpabilização perante as suas dificuldades.
  • Reduzida auto-estima e um reduzido auto-conceito académico.
  • Insegurança e vergonha.
  • Sentimentos de incapacidade e frustração.
  • Comportamentos de oposição e desobediência perante as figuras de autoridade (pais, professores), 



Discalculia
Não existe uma causa única e simples com que possam ser justificadas as bases das dificuldades com a Linguagem Matemática, que podem ocorrer por falta de habilidade para a determinação da razão matemática ou pela dificuldade de elaboração do cálculo matemático.
Clínica Psicologia Lisboa DiscalculiaEssas dificuldades estão agregadas a diversos factores podendo estar vinculadas a problemas como o domínio da leitura e/ou da escrita, a compreensão global do problema e o próprio processamento da linguagem.
Há dificuldades directamente relacionadas com a confusão visual-espacial, com a discriminação da sequência e da ordem precisas dos factores matemáticos e com a adequação aos procedimentos matemáticos.

Embora ocorrendo mais raramente, também podem existir dificuldades em avaliações comparativas: maior-menor, mais-menos.

As perturbações ao nível emocional podem dificultar ou mesmo bloquear o pensamento matemático, não possibilitando a concentração precisa no foco da lógica matemática, determinante para a elaboração da razão matemática.




Disortografia
A Disortografia caracteriza-se por dificuldades com a linguagem escrita, o que dificulta a comunicação de ideias e de conhecimentos através desse canal de comunicação específico.

Uma das causas da Disortografia prende-se com o processo de integração do sentido da visão com a coordenação do comando cerebral do movimento. É especialmente complicado para estas crianças monitorizarem a posição da mão que escreve, com a coordenação do direccionamento espacial necessário à grafia da letra ou do número, integrados nos movimentos de fixação e alternância da visão. A criança pode reforçar pesadamente o lápis ou a caneta no ponto do seu foco visual, para controlar o que a mão está a traçar durante a escrita. Pode também inclinar a cabeça para tentar ajustar distorções de imagem no seu campo de fixação ocular
Desde a infância, frequentemente, estas crianças experimentam a sensação de insegurança e desequilíbrio em relação à gravidade. Podem surgir atrasos no desenvolvimento da marcha, dificuldade em subir e descer escadas, a andar sobre bases em desnível ou em balanços; dificuldade no aprender a andar de bicicleta, no uso de tesouras, no amarrar os cordões dos sapatos e a jogar à bola.Clínica Psicologia Lisboa Disortografia
Tarefas que envolvam a coordenação de movimentos com direccionamento visual podem ser extremamente complicadas. O simples movimento para seguir a linha e para o refinamento da motricidade fina que envolve o traçado da letra e do número podem transformar-se num trabalho especialmente laborioso.

Surgem dificuldades na construção com blocos, no encaixe de quebra-cabeças, no desenhar, no tentar ler as horas. A escrita, para o disortográfico, pode tornar-se uma tarefa muito difícil e exaustiva, extremamente laboriosa e cansativa, podendo trazer os mais sérios reflexos para o desenvolvimento do ego da criança.

terça-feira, fevereiro 08, 2011

A Criança face ao divórcio dos pais


O divórcio dos pais é sempre um acontecimento doloroso e marcante na vida da criança qualquer que seja a idade.

Em idades precoces, pré – escolares, os efeitos não tardam a surgir, a criança fica agitada, confusa e sente-se muito vulnerável, tendendo a culpar-se “ o pai foi-se embora porque eu sou mau” entre outras coisas que assentam sempre na sua responsabilidade pela separação dos pais.

As crianças pequenas como ainda são muito auto-centradas tendem a culpabilizar-se, assumindo a responsabilidade pelo que aconteceu entre o pai e mãe.


Quando são mais velhas, em idades escolares, sobrevêm a tristeza e a depressão na maioria das situações, transtornos psicossomáticos (dores de cabeça, dores de barriga, vómitos, diarreia etc.), em ambas as situações existe prejuízo para um bom decorrer da adolescência e adulticia.

As figuras parentais são fundamentais para a forma como se vão desenvolver os processos psíquicos da criança após a separação. Digo figuras parentais, porque nem sempre são os pais biológicos a desempenharem esse papel.

Não raras vezes, o que acontece é que na situação de divórcio o casal está muito embrenhado na situação e pouco disponível para os filhos. A  ausência de interacções protectoras e segurizantes decorrentes dessa fase podem resultar em dificuldades  na criança ao nível do relacionamento com amigos, professores, familiares e da própria criança consigo mesma.

O divórcio dos pais quando é mal integrado pela criança, quando a criança se sentiu arma de arremesso entre o casal, quando um dos pais utiliza a criança para denegrir a imagem do outro, faz chantagem, ameaça, agride, entre outras situações, pode comprometer um bom desenvolvimento emocional no futuro.

Ainda que o divórcio seja entre o pai e a mãe, a criança também passa por essa separação, pois tem que separar o que outrora tinha unido dentro de si. A negação e a recusa vão actuar impelindo a criança a fazer tentativas de juntar os dois. É uma perda que aos olhos da criança pode ser reversível, alimentando a esperança e a ilusão que isso vai acontecer.

Durante muito tempo a criança vai dedicar-se a encontrar estratégias de reconciliar os pais e voltar a tê-los de novo perto de si. Nessa fase de tentativa de os aproximar as actividades escolares vão ser deixadas de lado, as notas vão baixar, o interesse pelas brincadeiras diminui, os seus interesses e fantasias vão estar ocupados com essa tarefa.

Nem sempre o divórcio é um factor de estabilidade para a criança. O facto de poder estar longe de brigas e agressões que possam existir, faz com que perca na mesma a sua referência da família, e em muitas situações começam as brigas novamente sendo a criança o elo de ligação e o correio entre os pais.

Quando a criança tem 10 -11 anos e mais, um dos sintomas que aparece é começar a apresentar uma maturidade que na realidade não tem. Adopta posições de distância com um controlo excessivo de si mesmo, a fim de negar os sentimentos de vergonha e neutralizar a ansiedade, bem como sondar os limites da situação familiar, face a uma nova realidade. Nessa fase pode ser impelido a experimentar drogas e álcool e a iniciar a vida sexual como forma de arranjar companhia e combater o sentimento de abandono gerado pelo desfazer da família.

Muitas crianças e adolescentes não aceitam a separação e começam a agir essa dor com comportamentos agressivos manifestado hostilidade e desgosto. Com frequência culpam o conjugue como qual vivem, normalmente culpam a mãe por não ser capaz de manter a família unida. Quando visitam o outro conjugue seja o pai ou mãe não se atrevem a manifestar o desgosto com medo de perder mais essa relação e a família com receio de acabar com uma relação já de si insegura.
Porém, mais vale ter uma relação insegura que ser abandonado, sentimento que acompanha sempre a criança. Apontam algumas estatísticas que dois meses depois de decretado o divórcio menos de metade dos pais vê o filho apenas uma vez por semana. Passado um ano mais de metade nem sequer a visita.

O perigo de desequilíbrios psicológicos por causa do divórcio dos pais aumenta se a criança já tem predisposição para ser vulnerável por antecedentes familiares de depressão, pela própria perda ou pelo reavivar na memória de outras perdas mais precoces, como por exemplo uma ausência prolongada da mãe ou do pai sentida como abandónica.

O divórcio não significa um ponto final no confronto entre os pais, por vezes eles estão apenas a começar, o casal reaviva os problemas, não se consegue descentrar dos seus problemas e não consegue gerir em conjunto as coisas do filho mais simples, como comprar roupa, uma saída com amigos, a imposição de um limite. Se um diz não, o outro para ser melhor diz que sim. Assim se vai instalando a confusão mental na criança que se vê quase sempre no meio dos pais em que cada um denigre a imagem do outro a cada dia que passa.

O impacto do divórcio na criança depende sempre da estabilidade do progenitor com quem ficar e da relação saudável ( dentro do possível num contexto de separação) que os pais consigam quer estabelecer entre si, quer com as crianças.

Muitas vezes, a fragilidade afectiva dos pais a seguir ao divórcio faz com que fiquem incapazes de atender as necessidades dos filhos.
 A criança sofre imenso quando é utilizada como instrumento de negociação entre os pais e quando pai ou mãe estão deprimidos e a tentam absorver como busca de companhia e apoio. Desgastam afectivamente a criança/ adolescente que se viu forçada a ser o amparo do progenitor deprimido.

Em situações destas a busca de ajuda especializada poderá evitar graves prejuízos na vida futura da criança.

domingo, fevereiro 06, 2011

Quando dois se tornam três: a mudança que o nascimento de uma criança traz numa relação conjugal.

Quando um casal tem um filho, seja essa criança planeada ou surja de forma ocasional, uma nova família será constituída a partir desse nascimento, ou melhor, podemos dizer que desde a confirmação da gravidez surgem alterações na relação do casal. Mãe e pai deixam de ser apenas parceiros e filhos para passarem a ser pais. A mudança de papéis e funções alteram-se em consequência do nascimento deste primeiro filho.


Esta nova família nuclear que se forma é produto de um casal que vem de famílias diferentes e que transporta consigo a genética, os valores e histórias das suas famílias de origem. Tudo isso é uma enorme influência na configuração da nova família. Cada membro do casal traz para a educação dessa criança tudo aquilo que recolheu da sua própria vivência familiar.

A primeira alteração que surge na dinâmica do casal está relacionada com o estado físico da mulher que a partir de alguns meses de gravidez pode condicionar (dependendo do estado de saúde da mulher), em situações anormais o relacionamento sexual do par. A frequência pode diminuir ou podem mesmo deixar de existir durante alguns meses. Se a relação afectiva entre os dois não for sólida e madura, poderá ser um abanão na relação do casal. Por vezes surgem as infidelidades e a poderá até existir uma ruptura dessa relação. Um dos sinais de que essa relação poderá ser sentida como insegura por parte da mulher tem a ver com o aparecimento dos tão falados enjoos, que não são mais que manifestações somáticas da insegurança afectiva ou muitas vezes da rejeição inconsciente da gravidez por parte da futura mãe. Por vezes desaparecem, quando a vinda da criança é aceite ao nível inconsciente e a mãe se sente mais segura na relação com o marido, ou seja, não vai ser abandonada.

O nascimento do primeiro filho é uma fase de profunda transformação na vida do casal, criando novos papéis, principalmente o de mãe e de pai, o que, de alguma maneira irá ter repercussões na relação conjugal. Além disso, esta etapa do ciclo de vida familiar irá afectar toda a família ampliada, alterando papéis e exigindo uma reorganização de todo o sistema familiar.

Com o nascimento da criança a tensão aumenta no seio da família e entre o casal, é uma tensão dita normativa, e pode ser vivida com maior ou menor ansiedade, variando esse aspecto conforme foi vivido pelas gerações anteriores, ou seja, se o nascimento das crianças foi vivido com calma e serenidade na família dos progenitores decerto esse sentimento e essa vivência será perpetuada, se pelo contrário foi vivido com ansiedade então é provável que volte a acontecer, dificultando a adaptação da criança e dos pais a uma nova situação.

Muitos casais com problemas ao nível do relacionamento idealizam o nascimento da criança como um momento mágico acreditando muitas vezes que ele irá resolver problemas conjugais e familiares. No entanto, embora isso possa acontecer, muitas vezes sucede o contrario, os conflitos e os problemas agudizam-se, pois agora existe mais um membro que durante quase todo o tempo exige a atenção da mãe e do pai, deixando durante muito tempo pouco espaço para o casal. As mudanças na vida conjugal são tão abruptas que muitos casais não resistem a elas. Outros acreditam que com o nascimento vão ficar mais unidos e acabam por se afastar devido a discórdias e discussões que podem levar mesmo à separação.

Alguns casais unem-se, de facto, assumindo o papel quase de missionários, pois muitas vezes esta criança vem cumprir uma função na família.

Estes são alguns aspectos da alteração da dinâmica familiar, no entanto existem outros, específicos de cada família, que não estão aqui mencionados.

A ansiedade desta fase é inevitável, mas nem sempre é geradora de conflitos, no entanto é importante o casal tomar consciência das alterações que a sua vida irá sofrer. Frequentar grupos terapêuticos de aconselhamento (quando existam duvidas e ansiedades) poderá ajudar os membros do casal a desmistificar e a elaborar medos e ansiedades decorrentes dessa nova mudança de papéis.

A Criança e a importância do Brincar




Para qualquer criança, brincar é tão essencial ao seu desenvolvimento como a alimentação e o carinho. Enquanto brinca, a criança organiza a sua forma de pensar e sentir, mostra como vê a realidade e aprende a interagir com os outros e vive as situações de uma forma espontânea e alegre.
Brincar é natural na criança, facilita o seu crescimento harmonioso, desenvolve a relação com o outro, é uma forma de comunicação, ajuda a aprender a resolver conflitos e a lidar com as situações.
Cada idade tem um modo de brincar específico e é em cada uma dessas fases que a criança aprende a diferenciar a realidade da fantasia.
Aprende também a separar o seu espaço do espaço do outro e a dar novos significados à realidade que a rodeia conforme o que assimila durante as brincadeiras.
A forma como a criança brinca revela a sua personalidade e a forma como está estruturada para se relacionar com o mundo, ou seja é claramente visível nos sentimentos que as brincadeiras despertam, como por exemplo os jogos (ganhar e perder).
O brincar tem um papel fundamental no controlo da agressividade e na descoberta de novas formas de estar. Enquanto constroem batalhas com soldados, descarregam a fúria de alguma frustração, e aprendem a controla-la.
Assim o brincar ajuda a descomprimir o dia a dia onde a criança tem que aprender a integrar-se nos diferentes grupos e situações. A sua vida é orientada por regras de comportamento, e é frequentemente sujeita a repreensões e chamadas de atenção.
Assim os saltos e tropelias e os excessos ajudam-na a libertar tensões acumuladas e levam á exaustão – e a uma boa noite de sono.
O papel dos pais é, então, estimular a brincadeira na criança, mostrar-lhe que o jogo, o movimento, o desenho ou até a leitura, podem ser tão divertidos como um game-boy, ou a televisão.
Durante as brincadeiras e jogos a criança desenvolve aspectos importantes para o seu crescimento, tais como: desenvolvimento físico (muscular), raciocínio lógico, percepção sensorial, socialização, comunicação e criatividade.
Quando se encontra uma criança que não brinca, não convive com as outras crianças quando estão juntos, então estamos perante uma criança inibida, que não se desenvolveu ao nível da socialização e do brincar, pode acontecer por diversos motivos:
Pais demasiados proibitivos e culpabilizantes, que não estimulam a brincadeira, e que travam o processo exploratório, pais que punem a agitação motora natural na criança, pais que convivem mal com as tropelias próprias das crianças, em suma pais pouco disponíveis para brincar com os filhos.
É papel dos pais estimular o acto de brincar. Estimular o potencial da criança para que desenvolva uma série de capacidades que lhe são inatas (brincar, correr, saltar). No entanto como em tudo, o excesso de estímulos pode confundir a criança.
Resumindo: brincar estimula os reflexos perceptivos, motores, intelectuais, e sociais da criança, ajuda-a a conhecer-se a si mesma e a explorar as suas emoções. Por outro lado auxilia a criança a tomar noção do “eu” e do “outro”, e desenvolve a linguagem.
Assim, dizemos aos pais, sempre que puder brinque com o seu filho. Desenvolve a confiança da criança em si mesmo, ou seja a sua auto-estima.

O brincar não é apenas uma necessidade biológica para descarregar energia embora sirva essa função também, é mais que isso, é um encontro com as emoções e com a criatividade, é ai que a criança descobre o seu verdadeiro “eu”, como diz Winnicot.
Quando se brinca evoca-se uma relação de domínio entre a realidade psíquica e o mundo real no qual se vive, conferindo harmonia ao pensamento e ás emoções. Por isso quando se brinca organiza-se o mundo interior e abre-se espaço para a aprendizagem.
Uma criança que não brinca não está disponível para a aprendizagem, não sabe ler as emoções, não consegue dar sentido à sua realidade interna. Esse silencio no brincar inibe o pensamento que é uma forma de não perceber os afectos, e a curiosidade que separado do desejo de aprender não consegue cultivar a ideia e partir á descoberta da leitura, da escrita das ciências, da matemática etc.
A criança que não consegue brincar, não consegue representar a sua realidade, está submerso em sofrimento e angústias. Quando uma criança não brinca com outras e as agride sem parar (a agressividade também é normativa) é motivo para pedir ajuda especializada.
Por tudo isto, a todos vós, pais, incentivai as vossas crianças a brincar.

M Jesus Candeias

Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta

jesuscandeias@gmail.com

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

HIPERACTIVO OU IRREQUIETO

A Irrequietude Motora designa uma actividade marcada, com uma quantidade excessiva de movimentos, sem ter uma implicação de patologia;
A Hiperactividade, aplica-se a diversos tipos de comportamento mal organizado, onde domina uma combinação de irrequietude e desatenção, inadequada para a idade, com grande intensidade e gravidade dos sintomas. Na Hiperactividade a criança dificilmente conseguirá ter ( mesmo que pequenos) momentos de atenção e concentração, não pára para brincar ou outras actividades, tem problemas graves no sono, e muita dificuldade em parar.
A Criança Irrequieta embora com grande actividade consegue alguns momentos de tranquilidade, consegue descansar, consegue parar quando as actividades lhe interessam.


Como defende João dos Santos, a irrequietude seria uma forma de reacção contra a ansiedade, e surge, muitas vezes de um fundo de depressão.
A criança, incapaz de pensar o sofrimento, utiliza o comportamento como forma de descarga. Age em vez de pensar.
O sintoma psicomotor inicial seria o sinal de uma tentativa de adaptação ao que exigem dela, um pedido de atenção ao seu sofrimento.
A instabilidade tem sempre a ver com uma espécie de fuga para a frente. Há qualquer coisa que leva a criança a não poder estar quieta, calada, silenciosa, a evitar pensar nos fantasmas mais ligados à realidade anterior.
A instabilidade seria, de algum modo, a procura da “estabilidade” de uma idade anterior, “ e, portanto, uma tentativa de “cura” da ansiedade a que conduz a insegurança”(João dos Santos, 2002)
São as marcas desse vivido precoce que perseguem a criança no seu interior, não lhe permitindo qualquer descanso (segurança).
Convém coomo tal e numa primeira intervenção fazer um diagnóstico correcto se Hiperactivo ou Irrequieto.

A terapêutica essencial a instituir nas crianças irrequietas e/ou Hiperactivas deverá consistir numa perspectiva sistémica, ou seja, em todas os sistemas em que a criança se encontra inserida (na criança, na família, e na escola).

A intervenção deve incidir sobretudo na família e escola, que deverão garantir à criança estabilidade e segurança.
Com a família, importa sobretudo modular a relação pais-filhos, tornando-a menos inquieta, ajudando os pais a acalmarem-se e a lidar de forma mais tranquila, que naturalmente os deixa bastante exaustos, ajudando-os na construção de uma relação mais organizadora e afectivamente mais rica e contentora.
A escola deverá ajudar a criança a pensar melhor, criando situações de aprendizagem serenas e interessantes.

O tratamento/ acompanhamento destas crianças deve ser regular, contínuo e a longo prazo.
O tratamento farmacológico na Hiperactividade Infantil????
De acordo com Pedro Strecht assistimos, hoje em dia, a um aumento de crianças desnecessariamente medicadas.
Mais medicadas, não, necessariamente, melhor tratadas, porque ficará por perceber é que a hiperactividade e défice de atenção são meros sinais e sintomas.
Corre-se o risco de tratar sintomas ou doenças e esquecer crianças ou doentes.
A principal tarefa perante uma criança hiperactiva é sempre compreender a origem, o porquê, os significados latentes, desses mesmos sintomas.
Medicar sem compreender é como pôr a chupeta a um bebé sem perceber porque chora.
Não é melhor ver porque chora? Se é fome ou cólicas intestinais?
Voltando à nossa questão: A prescrição da medicação deve ser bastante moderada, devido aos riscos que lhes estão associados.

Taylor ( 1986, cit. por Salgueiro, 2002) num estudo que realizou, com crianças hiperactivas observou que os psicofármacos podem ter efeitos secundários importantes em certas crianças, tais como:
  • Atraso no crescimento e perda de apetite (mais frequentes)
  • Crises convulsivas, taquicardia, hipertensão, agravamento de tiques, estados disfóricos (menos frequentes).
Desta forma,  a medicação pode ser prescrita de forma bem moderada, supervisionada regularmente, nas seguintes condições:
  • Quando a criança corre risco de exclusão escolar ou familiar em virtude do seu comportamento.
  • Quando existe um desafio cognitivo imediato, com risco de retenção para a criança, ou quando esta não consegue aprender devido à falta de atenção.
Porém, sempre, e em simultâneo, a criança deve seguir um tratamento psicoterapêutico.

“Por detrás do que se vê, existe qualquer coisa de mais profundo, menos fácil, um lado lunar, mas infinitamente mais bonito e poético do que a própria vida afinal.
Esquecê-lo é ignorar. Descobri-lo é dar.
Como quem entende os silêncios do que não é dito.
Como quem sabe o que se estrutura para além de uma fachada.
Fala através de ti, com o pedaço de criança que ainda tiveres vivo, e verás o que elas te dizem. Também aí as crianças só falam do que estivermos preparados para ouvir.
Talvez por isto se vejam cada vez mais crianças a quem é colocado o rótulo de hiperactividade com défice de atenção." (Strech, 2005)

Espelho meu, Espelho meu, existe alguém mais gorda do que eu?

A imagem que vemos reflectida no espelho pode não corresponder à realidade. E a culpa não é do espelho, mas dos próprios olhos.



Uma pesquisa realizada pela Brock University, em Ontário, no Canadá, divulgou em Janeiro deste ano que uma em cada três pessoas com peso adequado ao seu tamanho tem uma imagem deturpada de si mesma.

O estudo, realizado com 813 pessoas entre 19 e 39 anos, concluiu que 31 % das mulheres com o peso ideal acham-se mais gordas do que são. Entre os homens, a situação inverte-se: 25 % daqueles que têm um peso adequado ao seu tamanho vêem-se mais magros do que são.

O professor de psicologia Stanley Sadava, coordenador do estudo canadense, diz que essa deturpação do olhar entre as mulheres é ainda maior entre as adolescentes.

Segundo ele, uma das causas do fenómeno é o assédio dos media e da moda, que firmam padrões estéticos muitas vezes fora do alcance de um corpo normal e saudável.

"As mulheres estão mais susceptíveis que os homens a ver os seus corpos como gordos quando eles estão, na verdade, com a massa corpórea ideal, longe de qualquer sinal de obesidade.

Emagrecer torna-se, então, uma obsessão, o que significa que essas mulheres não conseguem deixar de se preocupar com a sua forma física.

"Basta olhar as actrizes da década de 50, como Marilyn Monroe, e as de hoje. Os padrões culturais de hoje são cruéis com a variedade de tipos físicos comuns. Os adolescentes, que são mais vulneráveis a esse assédio, sofrem mais."

Para Sadava, a sua pesquisa é uma indicação indirecta de uma das causas que têm levado a um aumento no índice de jovens com disfunções alimentares, como a anorexia e a bulimia.

Anorexia e Bulimia

Anorexia nervosa e bulimia são dois tipos de distúrbios alimentares.
A anorexia nervosa é uma forma de auto-inanição.
Bulimia é comer grandes quantidades de alimentos e depois forçar-se a vomitar ou usar laxantes e diuréticos para se livrar do excesso de comida ingerido (purgar). Esses dois tipos de distúrbios são formas de auto-abuso.

Sintomas

A anorexia nervosa e a bulimia parecem ser doenças opostas, mas compartilham os mesmos traços:

1. Medo de comer demais e engordar;

2. Depressão;

3. Baixa auto-estima, imagem corporal ruim;

4. Comportamento auto-destrutivo, auto-punição por algum erro imaginário;

5. Relacionamentos familiares problemáticos;

6. Maior incidência de doenças em consequência do baixo peso, do ganho/perda de peso frequente e/ou da má nutrição;

7. Preocupação anormal com a comida e com o sentir-se fora de controle.

Pessoas com anorexia nervosa:

1. Na maioria dos casos são do sexo feminino e/ou estão na pré-adolescência, adolescência ou início da idade adulta;

2. Tendem a dar importância excessiva à imagem corporal e à perfeição;

3. Podem sentir necessidade de serem perfeitos para ganhar a atenção dos pais;

4. Apresentam efeitos físicos da doença visíveis: perda de cabelo, frequência cardíaca baixa, pressão arterial baixa, ausência de menstruação ou menstruação irregular;

5. Tendem a vivenciar depressão mais intensa do que os bulímicos:

6. Desenvolvem osteoporose na idade adulta mais avançada pela falta de cálcio e pela diminuição da produção de estrogénio (hormónio feminino) quando param de menstruar. Exercícios em excesso também podem contribuir para a osteoporose;

7. Podem ter danos severos no coração e outros órgãos vitais pela perda de peso excessiva e pelo desequilíbrio de minerais como consequência dos vómitos e da má nutrição.

Pessoas com Bulimia:

1. Podem estar acima, abaixo ou com o peso normal;

2. Na maioria dos casos são do sexo feminino, estão no final da adolescência ou são adultas jovens;

3. Comem exageradamente e depois vomitam e/ou tomam laxantes e diuréticos;

4. Sofrem de graves problemas de saúde decorrentes do ciclo de comer-purgar a comida. Estes incluem problemas de estômago, batimento cardíaco irregular, danos nos rins pela perda de potássio e danos ao esmalte dos dentes pelos vómitos.

5. Retêm a raiva porque não conseguem expressar as emoções de maneira adequada. Temem incomodar ou desagradar as pessoas importantes nas suas vidas.

A bulimia pode ser seguida de anorexia e vice-versa.

O começo da doença é gradual, muitas vezes, a família nem se apercebe dos esforços iniciais do indivíduo para perder peso. Isto porque, a dieta pode ser justificada por motivos de excesso de peso ou, pelo contrário, feita às escondidas num jovem de peso normal.

Causas dos Disturbios Alimentares

Não existe uma causa específica para esses distúrbios alimentares, porém muitos factores contribuem para o seu desenvolvimento:

1. Pressões pessoais e familiares;

2. Medo de entrar na puberdade e tornar-se sexualmente activa.

3. Mudança de escola,

4. Conflitos graves entre os pais,

5. Obesidade criticada,

6. Ameaças ao equilíbrio familiar pelos primeiros passos da autonomia dos jovens.

7. Uma possível causa genética;

8. Problemas e anormalidades metabólicas e bioquímicas;

9. Pressão social para ser magro;

A fase de precipitação dos Distúrbios Alimentares está, regra geral, relacionada com um sentimento de profundo de mal-estar e inadequação, ponto de partida para uma série de comportamentos desajustados (desde dieta sem cessar até aos vómitos frequentes).

É importante que os familiares compreendam que a recusa alimentar não é teimosia. Além do paciente apresentar uma distorção da imagem corporal, verifica-se também um controlo da fome e um horror de engordar. As recriminações constantes dos pais, embora sejam compreensíveis, não ajudam neste tipo de casos.

Consequências dos Distúrbios Alimentares:

• Quadro de debilidade, física e mental, com queixas e problemas em vários sistemas e órgãos do organismo

• Isolamento social e inadaptação;

• A osteoporose é a consequência mais grave, a longo prazo, desta doença.

• Dá origem à infertilidade e a um aumento da frequência abortos espontânea;

• A afectividade e a sexualidade são profundamente afectadas pelos Distúrbios alimentares;

• Depressão e outras doenças psiquiátricas

Tratamento

Na maioria dos casos, a terapêutica, faz-se mediante uma consulta a Psicólogo ou Psiquiatra, recorrendo a uma psicoterapia individual, de familia ou de grupo, realizada em equipa com um técnico de nutrição.

O tratamento para a anorexia nervosa e a bulimia inclui:

1. Diagnóstico e cuidados médicos - quanto mais cedo melhor;

2. Psicoterapia - individual, familiar e/ou de grupo;

3. Terapia comportamental;

4. Medicamentos - antidepressivos são usados em alguns casos;

5. Terapia nutricional;

6. Participação de grupos de apoio;

7. Programas de tratamento em regime de "paciente externo";

8. Hospitalização - se a perda de peso for suficiente para deixar a pessoa com peso 25 % abaixo do limite inferior do peso saudável e/ou está a afectar o funcionamento de órgãos vitais.

O tratamento varia em método e em duração de acordo com o caso. Pode durar de semanas a anos.

É pois fundamental, um diagnóstico  precoce nesta faixa etária, para não comprometer o desenvolvimento físico e psíquico destas jovens no futuro.

A doença pode ser mantida durante bastante tempo ou tornar-se uma situação crónica, de longa evolução e prognóstico reservado.


É essencial evitar que o processo não se torne crónico, assim como é de extrema relevância instituir a terapêutica o mais cedo possível.

Se este é o seu caso ou de um familiar seu, não hesite, peça ajuda!

Conte comigo!

AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA INFÂNCIA


O termo "dificuldades de aprendizagem" (D.A), segundo o National Joint Committee on Learning Disabilities, pode ser definido como um grupo heterogéneo de desordens de diversas índoles, manifestadas por problemas significativos em termos da aquisição e uso das capacidades de fala, escrita, leitura, raciocínio e matemática.


A origem desta problemática pode residir em:

  • Factores emocionais e /ou
  • Factores  neurológicos,
 Que comprometem significativamente o processo de aprendizagem da criança.

 Estas dificuldades de aprendizagem subdividem-se em diversas áreas específicas, nomeadamente:

  • académica (é a mais comum; a criança/jovem pode apresentar dificuldades na área da matemática e/ou da leitura/escrita) e
  •  organizacional (dificuldades em cumprir tarefas com sequência, ou seja, a criança/jovem tem dificuldade em realizar uma tarefa com princípio, meio e fim),
  • socio-emocional (dificuldade no cumprimentos de normas sociais, por exemplo).
  • visuo-espacial (dificuldades na percepção da cor, na leitura de "b/d" e "p/q", realizando reversões, por exemplo),
  • auditivo-linguística (dificuldades na compreensão de instruções, sem comprometimento a nível físico, nomeadamente surdez, que pode ir de um grau ligeiro a um grau severo),
  •  motora (problemas na coordenação global ou fina, por exemplo, a nível da escrita),

Algumas Características das Crianças com Dificuldades de Aprendizagem

  • Problemas perceptivo-motores ;
  • Instabilidade emocional (explosões emocionais súbitas sem causa obvia);
  • Défices gerais de coordenação (trapalhão e coordenação motora pobre)
  • Desordens de atenção (pequenos períodos de atenção, distractibilidade, perseveração) 
  • Impulsividade;
  • Desordens da memória e do pensamento ;
  • Dificuldades de aprendizagem” específicas (leitura, escrita, soletração e aritmética);
  • Desordens da audição e da fala;
  • Sinais neurológicos difusos, como irregularidades electroencefalográficas
  • Agitação Motora excessiva
  • entre outros…
 As Dificuldades de aprendizagem podem dividir-se em :

  
• Primárias ou Naturais
Que tem origem numa Lesão ou mutação congénita, ao nível do Sistema Nervoso Central que impossibilita por si só o acesso e desenvolvimento de estruturas que possibilitam as aprendizagens. Estas lesões ou mutações podem ocorrer na formação do feto durante a gravidez, no parto ou nos primeiros tempos de vida da criança.
• Secundárias ou adquiridas
As que têm Alterações estruturais, mentais, emocionais ou neurológicas que se repercutem nos processos de aquisição, construção e desenvolvimento das funções cognitivas, resultantes de factores ambientais, educacionais, entre outros.

Quanto às Causas das Dificuldades de Aprendizagem elas podem ser de origem :

• Orgânicas,

• Educacionais,

• Ambientais


  •  Causas Orgânicas:
As áreas do cérebro cuja maturação se processa em último lugar são responsáveis pelas capacidades cognitivas e pelo raciocínio académico e são susceptíveis de lesão devido à influência de vários factores durante os períodos da gravidez, parto e infância.

Nesse sentido, as desordens neurológicas interferem com a recepção, integração ou expressão de informação, caracterizando-se, em geral, por uma discrepância acentuada entre o potencial estimado do aluno e a sua realização escolar.

  • Causas Educacionais
 Quando reflectem uma incapacidade para a aprendizagem da leitura, da escrita, do cálculo ou para a aquisição de aptidões sociais. No entanto, tal pode acontecer devido a práticas escolares que, ao não se adaptarem às capacidades específicas e aos estilos de aprendizagem da criança, lhe suscitam “bloqueios” que podem criar problemas de aprendizagem.
  •   Causas Ambientais e Emocionais
 Quando há factores ambientais que contribuem para o aparecimento de dificuldades de aprendizagem em crianças tidas como "normais" ou para o agravamento das áreas fracas que elas possuem, considerando-os como " forças, condições ou estímulos externos" que colidem com a criança afectando-lhe a sua capacidade de realização escolar:

  •  Problemas Emocionais
  • Problemas familiares
  •  Intolerância à frustração
  • Carências socio-económic
  • Falta de estimulação
  •  Crises Desenvolvimentais:
                Crianças deprimidas, ansiosas, inseguras;

                Conflitos com alguns colegas, professores ou auxiliares

                Testar limites dos adultos

                Certificar-se dos afectos/sentimentos queos adultos próximos nutrem pela criança.

  

Importa referir que cerca 80 % dos casos de crianças e jovens referenciados com dificuldades de aprendizagem , são de origem Emocional e Educacional e portanto, passiveis de serem trabalhadas e minizados as suas consequências.


 Por vezes os alunos são sinalizados como tendo dificuldades de aprendizagem, porque simplesmente não acompanham o ritmo de aprendizagem dos restantes alunos, destabilizam a aula, são irrequietos, e centram-se em tarefas que muitas vezes são desadequadas.

Por tudo isto, antes de uma criança ou jovem seja referenciada ou “Rotulada” como tendo dificuldades de aprendizagem, o que também pode ter consequências emocionais graves para a criança, é necessária uma avaliação rigorosa por técnicos especializados em avaliação psicológica, concretamente por psicólogos, permitindo, deste modo, averiguar quais são as reais dificuldades da criança, qual a origem deste défice, que tipo de intervenção poderá ser feita para ajudá-la quer na escola quer em casa quer com o terapeuta.


Quanto mais cedo esta avaliação for realizada, maiores as possibilidades de a criança ultrapassar e desenvolver algumas competências que podem estar comprometidas.

Quando precocemente identificadas e trabalhadas, e porque o cérebro da criança ainda é muito maleável, consegue-se facilmente minorar ou até mesmo ultrapassar essas limitações e evitar marcas irreversíveis para o futuro da criança.

Se este é o caso do seu filho, não espere muito mais. Contacte um técnico especializado.

Conte comigo!

A importância das relações familiares na vivência da adolescência


EU, UMA PESSOA ÚNICA E COM GRANDES POSSIBILIDADES

Estás à porta (ou talvez já tenhas entrado) de uma nova etapa da tua vida em que ocorrem importantes alterações e que te irá conduzir da infância ao estado adulto. É a adolescência. Trata-se de uma etapa muito importante na construção da pessoa, na qual desempenham um papel muito importante as relações que estabeleces com os teus amigos e amigas, com a tua família, com os teus professores.

Todas estas alterações também afectam as pessoas adultas que te rodeiam: dizem que já és crescido, mas continuam a tratar-te como se não o fosses. Às vezes estas pessoas adultas não sabem como tratar-te: pensa que os adultos deixaram para trás há muitos anos a sua própria adolescência. Tem paciência e confia neles: gostam de ti e querem ajudar-te.

Por vezes, irão haver dificuldades (que nova etapa não as tem ) "angústias", inseguranças, confusões...; mas não te esqueças que ao mesmo tempo será uma época muito estimulante, de grandes progressos, de crescimento físico e intelectual de novas e maravilhosas experiências.

«Trata-se de um conjunto de anos vitais, sem um limite preciso e com o encargo social oculto de te dedicares a ser adolescente». (Jaime Funes).

Os adolescentes são muito influenciados pelas suas famílias ainda que, por vezes, nalgumas circunstâncias estes laços possam ser abalados.

Estudos feitos nas últimas décadas têm mostrado, de forma consistente, que existe menos conflito entre os adolescentes e suas famílias do que se acreditava previamente. Estes estudos referem que o conflito está presente em apenas 15 % a 25 % das famílias.

A ocorrência destes conflitos está relacionada sobretudo com as rotinas familiares, o estabelecimento de horas de entrada em casa, namoros, notas escolares, aparência física e hábitos alimentares. As investigações feitas nesta área indicaram igualmente que o conflito entre pais e adolescentes acerca dos valores económicos, religiosos, sociais e políticos são relativamente raros.

Os pais continuam, hoje, a influenciar os seus filhos adolescentes não só nas suas crenças mas também ao nível do seu comportamento. Contudo, mães e pais influenciam os adolescentes de maneira diferente.

Parecem existir, pois, diferenças consideráveis entre o comportamento e o papel das mães e dos pais nas relações familiares com os filhos adolescentes.

Assim, os pais tendem a encorajar o desenvolvimento intelectual e frequentemente envolvem-se em actividades de resolução de problemas e discussão dentro da família. Como consequência, quer rapazes quer raparigas discutem ideias com os pais.

O envolvimento dos adolescentes com as mães é mais complexo. Mães e adolescentes interagem no que diz respeito por exemplo às responsabilidades nas tarefas domésticas, trabalhos escolares, disciplina dentro e fora de casa e actividades de lazer. Estas áreas podem resultar em maiores conflitos entre as mães e os seus filhos adolescentes contudo, tendem a criar maior proximidade entre mães/filhos de que entre pais/filhos.

As dinâmicas familiares bem como as alianças dentro da família desempenham também um papel importante, dado que estes elementos começam a moldar o comportamento da pessoa mesmo antes da adolescência.

Muito embora as alianças entre os vários membros da família sejam naturais e saudáveis, é importante que o pai e a mãe se mantenham unidos e que mantenham laços distintos com os seus filhos.

Os pais necessitam de trabalhar juntos para criarem e disciplinarem os filhos. Ou seja, uma relação estreita de um pai com um filho que exclua o outro pai pode perturbar o desenvolvimento do adolescente na medida em que o pai excluído perde estatuto enquanto agente socializador e figura de autoridade.

Os problemas podem surgir também de outro tipo de desequilíbrios como seja a ausência de um dos pais devido a divórcio ou separação.

Ambos os progenitores devem ter uma participação activa na criação de dinâmicas familiares que promovam o crescimento harmonioso dos seus filhos adolescentes, ou seja, deve existir coerência entre as práticas educativas dos pais.

Numa altura em que um adolescente está a testar novos papéis e está a lutar para atingir uma nova identidade, a autoridade parental pode ser seriamente posta à prova quando em casa existe apenas um dos pais.

Podemos referir, em jeito de conclusão, e corroborando as opiniões do Dr. Daniel Sampaio as famílias se adaptam melhor aos adolescentes se forem capazes de negociar as mudanças de uma forma racional, que tome em consideração as necessidades e desejos de cada um.

A coesão familiar pode ser preservada quando os pais e adolescentes estão capazes de se verem como iguais numa relação reciprocidade.

 Por outro lado, uma comunicação aberta os vários membros da família, em que cada um possa falar acerca das suas preocupações/desejos sem fricção, ajuda igualmente a manter a coesão familiar.

Quando existem dificuldades nesta interacção familiar e pais filhos não conseguem comunicar, a orientação profissional de um psicólogo pode ajudar nesse processo, e se necessário for, encaminhar o próprio adolescente para uma psicoterapia.

Nesse caso, o adolescente receberá uma escuta profissional contextualizada por um espaço seguro onde ele possa expressar suas emoções, desejos, curiosidades, dúvidas e fantasias, características dessa fase da vida.

Procurar uma orientação adequada é um dever dos pais, pois são espelhos fundamentais na educação dos filhos e responsáveis por lhes proporcionar a segurança emocional que necessitam.

A adolescência pode ser um momento difícil para pais e filhos.... as duas partes envolvidas não devem esquecer que: “Todas as pessoas gostam de saber que são amadas e admiradas, apesar dos defeitos que possam ter!”

O respeito e a negociação constituem a base de todos os relacionamentos, e são indispensáveis em qualquer idade. Pense nisso!

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

As Saídas à noite na Adolescência

Um dos problemas mais preocupantes para pais e educadores na educação dos jovens são as saídas à noite.

Como refere o Prof. Eduardo Sá, infelizmente os filhos não vêem com livro de instruções, e também não há receitas, porque cada pai, cada filho e cada relação pai-filho é única e complexa, pelo que educar é uma arte cada vez mais difícil para todos os pais.

Mães e pais vivem preocupados com isso e sem saberem muito bem que atitude tomar: deixo ir, ou não deixo? Marco horas para estar em casa ou não? Tem treze anos e quer sair à noite, deixo? – Claro que estas respostas não são fáceis e temos sempre que analisar situação a situação.

As experiências da noite chegam aos jovens cada vez mais cedo, e quando não existe em casa um ambiente seguro ao nível dos afectos e dos limites então estão criadas as condições para que corram grandes riscos por não se saberem defender.

É cada vez mais frequente vermos jovens que começam a sair aos 11/12 anos e “alguns” adultos adultos a aceitarem isto como normal. Na minha opinião e o que tenho constatado na prática clínica é que os adolescentes entre os 11 e os 15 anos não estão capazes ao nível afectivo e cognitivo de saber enfrentar uma noite cheio de oportunidades de enveredar por comportamentos de risco (álcool, “charros” ou “curtes”).

O álcool, as “ curtes” e os “charros” farão com que possam cair nas mãos de depravados habituados a frequentarem estes ambientes como predadores, pois tratam-se de predadores narcísicos, tipo D. Juan, ou pessoas ainda mais perturbadas ( pedófilos etc.) que podem inclusive molestar fisicamente estes jovens.

Assim , nestas idades, se saírem devem ir acompanhados de alguém de confiança, pais ou outros, mas sempre com adultos e não com irmãos mais velhos.

A noite é símbolo de libertação. Por isso, quase todos os adolescentes sonham com as saídas nocturnas e as noitadas com os amigos chegam cada vez mais cedo.

Grande parte dos pais, infelizmente, não sabe dizer que não com medo de traumatizar a criança, ou porque se projecta no filho e recorda a sua adolescência provavelmente muito castradora, logo deixam fazer aos filhos tudo o que os seus pais não lhe deixaram.

No entanto como se costuma dizer “ nem tanto ao mar, nem tanto à terra”, devem os pais encontrar um meio-termo se o adolescente já tem 15 ou 16 anos.

Se tem 14 devem deixar sair de vez em quando mas com companhia adulta de confiança. Porque não os pais?

Antes dessa idade então o não deve ser redundante e firme. Podem crer que por mais que os vossos filhos lhes digam que todos saem menos eles, que isso já não se usa, que os tempos são outros, lhe estão a fazer um enorme favor e até aos próprios pais. Um dia o adolescente quando já tiver mais maturidade e mais experiência vai entender.

No entanto estes limites devem sempre ser conversados e explicados.

A “introdução” ao mundo da noite deve ser feita pelos pais. Não sei se o leitor já observou alguma vez um bando (digo bando, porque costumam ser muitos) de adolescentes que não tem mais de 12 anos, na noite a caírem de bêbados e a fazerem distúrbios? É um espectáculo horroroso, parecem órfãos.
Onde estão os pais? Será que dormem descansados? O que vai destas gerações em que divertimento passa por beberem até caírem de bêbados e que é impossível divertirem-se sem beberem. Estas gerações são o futuro. Não será todos assim, obviamente, mas estamos a criar gerações de gente vazia de pensamento.

Para o futuro mundial, não me parece muito bom, especialmente em Portugal que estamos numa crise social e económica grave, ao nível da educação, afectos, e de valores.

São estas crianças que anos mais tarde não conseguem ser interventivas ao nível social, porque o pensamento ficou atrofiado, perpetuando um ciclo que temos que interromper.

Creio que ainda podemos inverter estas situações, especialmente com muito amor e firmeza da parte dos pais, mas tenho consciência que é muito difícil quando o álcool é vendido sem regra e sem consciência, senão como é que se explica que miúdos de onze doze anos caiam de bêbados nos passeios dos bares?

A intervenção de pais, educadores sociais, médicos, psicólogos e professores em acções concertadas seriam desejáveis para que os jovens entendessem que podem divertir-se sem beberem.

As estatísticas dos bancos de urgência registam largas centenas de jovens em estados de etilismo agudo nas épocas festivas.

Por outro lado, vigiar, controlar, exigir que não saiam de casa, só irá alimentar ainda mais, a rebeldia própria da adolescência.

Na minha opinião o combate ao consumo de álcool e a regulação das saídas à noite não passa tanto por fazer marcação cerrada (embora seja necessária) mas também por apostar na educação (a grande obreira da nações, mas não como está neste momento) e apoio a pais e alunos na área psicológica numa intervenção imediata e no terreno.

Muitas vezes os pais, eles próprios muito frágeis, não sabem e não conseguem actuar com os filhos, mas também não sabem onde se hão-de dirigir para procurar ajuda.

É responsabilidade da família perceber o limite entre o saudável e o patológico nas atitudes dos filhos, e quando perceberem que “algo não está bem” que não estão a conseguir comunicar com os vossos filhos, então pedir ajuda é fundamental.

Os pais precisam de ajudar os filhos a organizar o seu mundo interno.

Procurar uma orientação adequada é um dever dos pais, pois são espelhos fundamentais na educação dos filhos e responsáveis por lhes proporcionar a segurança emocional que necessitam.

Por vezes basta um aconselhamento pedagógico/ terapêutico aos pais para que fiquem mais aptos a lidarem com estas situações. Infelizmente são ainda muito poucos os que procuram ajuda.


A orientação profissional de um psicólogo pode ajudar nesse processo, e se necessário for, encaminhar o próprio adolescente para uma psicoterapia.

A adolescência é um momento difícil para pais e filhos.... as duas partes envolvidas não devem esquecer que: “Todas as pessoas gostam de saber que são amadas e admiradas, apesar dos defeitos que possam ter!”

O respeito e a negociação constituem a base de todos os relacionamentos, e são indispensáveis em qualquer idade. Pense nisso!

Algumas regras de Ouro para lidar com Adolescência

Os pais são espelhos fundamentais na educação dos filhos e responsáveis por lhes proporcionar a segurança emocional que necessitam.


A adolescência pode ser um momento difícil para pais e filhos.... as duas partes envolvidas não devem esquecer que: “Todas as pessoas gostam de saber que são amadas e admiradas, apesar dos defeitos que possam ter!”

Como já referi num post anterior, infelizmente não existem receitas para educar, porque cada filho e cada família são únicos e têm características, também elas, únicas!

Porém, e porque são muitas as solicitações que tenho tido de alguns pais, e inspirando-me um pouco no trabalho da prof.ª Helena Fonseca, deixo-vos hoje com algumas sugestões que na minha opinião são fundamentais para o desenvolvimento de uma adolescência saudável:


1. Escute o seu filho. Esteja sempre disponível para o diálogo. Quando algo corre mal, escute sempre primeiro o que ele tem para dizer, ouça a sua versão, antes de partir para acusações e julgamentos, mesmo que lhe pareça evidente.

2. Seja afectuoso. Não se iniba de lhe demonstrar afecto, desde que não o embarace demasiado junto dos amigos.

3. Envolva-se na vida do seu filho e acompanhe os seus estudos. O seu envolvimento é tão ou mais importante do que na infância. Não há qualquer razão para que não participe activamente na vida do seu filho adolescente. Porém, respeitando sempre as suas escolhas e decisões, alertando eventualmente para os prós e contras de cada decisão, mas sem impor a sua opinião.

4. Procure conhecer os amigos dos seus filhos. Só assim poderá compreender melhor os seus completamentos. Mas não critique nem julgue as suas escolhas. Ensine-o a distinguir o bem do mal e a decidir sempre por ele próprio.

5. Eduque com firmeza. Defina limites e estabeleça regras claras e adequadas.

6. Evite controlar e gerir demasiado. A autonomia é essencial para que o adolescente cresça bem. Dê espaço para que aprenda a ter confiança em si mesmo e a decidir sem lhe pedir opinião por tudo e por nada.

7. Oriente o seu filho nas decisões mais difíceis. Ele ainda não está suficientemente preparado para planear, estabelecer prioridades, organizar o pensamento, gerir os impulsos e ponderar todas as consequências dos seus actos.

8. Cultive expectativas positivas em relação ao seu filho. Mas seja realista: não tenha expectativas nem demasiado elevadas, nem demasiado baixas.

9. Ajude o seu filho a ser um cidadão consciente e responsável. Desenvolva nele o respeito por todas as pessoas, independentemente da sua raça, estatuto ou religião.

10. Ame incondicionalmente o seu filho, sobretudo quando ele comete erros.

E deixo-vos com uma frase, que uma adolescente, um dia na praia, escreveu na sua T-shirt, e que representa o que qualquer adolescente precisa quando está em crise ou em sofrimento: UM COLO, UM PORTO SEGURO!


“ QUANDO EU NÃO MEREÇO, ME AME, PORQUE É QUANDO EU MAIS PRECISO!”

Terrores Noturnos e Pesadelos nas Crianças

Vários problemas podem afectar o sono das crianças. Geralmente, não são graves e passam com a idade, mas é preciso dar-lhes atenção e ajudar a criança a ultrapassá-los.

Terrores Nocturnos

Definem-se os terrores nocturnos como um distúrbio caracterizado por despertar abrupto que pode ser iniciado por um grito de pânico, choro ou vocalizações incoerentes. A criança pode estar sentada na cama, com uma expressão aterrorizada apresentando sinais de ansiedade (taquicardia, respiração rápida, rubor cutâneo, sudorese, dilatação das pupilas, tónus muscular aumentado.

As primeiras vezes que os pais se confrontam com um episódio de terrores nocturnos são assustadoras, uma vez que observam o seu filho a acordar em sobressalto, uma ou duas horas após ter adormecido, com sinais de agitação, muitas vezes a gritar de olhos abertos, com o olhar fixo e movimentos descoordenados, sem responder aos seus apelos para se acalmar, o que deixa os pais extenuados e perturbados, sem saber como agir.

Quando o episódio termina, a criança volta a adormecer e não se recorda do que se passou.
Muitas vezes, os terrores nocturnos estão relacionados com algo assustador ou invulgar que ocorreu durante o dia, ou ainda, relacionados com mudanças importantes na vida da criança, tais como entrada no infantário, nascimento de um irmão, ausência de um dos pais, entre outros.

O que fazer perante um episódio de terror nocturno?

1. Não tente acordar a criança, uma vez que esta não a irá ouvir e poderá, inclusivamente ficar mais agitada se se intrometer no terror (normalmente o episódio demora entre 1-10 minutos);

2. Deixe-a no berço/cama, assegurando-se que esta se encontra segura (por vezes fica de tal modo agitada que poderá cair da cama;

3. Não fale sobre o assunto no dia seguinte, uma vez que a criança não se recorda do episódio;

4. Reduza as situações de tensão durante o dia da criança;

5. Estabeleça uma boa rotina de sono, evitando a fadiga;

6. Com o passar dos anos os terrores acabam por diminuir e tal como apareceram desaparecem espontaneamente.

Os terrores nocturnos e os pesadelos são a mesma coisa?

Não. Enquanto os terrores nocturnos surgem mais no princípio da noite (em que os períodos de sono profundo são mais longos), os pesadelos são um fenómeno do sono superficial (sono REM), e por isso ocorrem mais na segunda metade da noite ou quando a manhã se aproxima (quando aumentam os períodos de sono REM).

Por outro lado, nos terrores nocturnos o despertar acontece no início do episódio, enquanto nos pesadelos a criança acorda a meio ou no final, quando a tensão causada pelo conteúdo assustador do sonho se torna demasiado intensa. Ao acordar de um pesadelo a criança rapidamente fica orientada e desperta, consegue descrever o conteúdo do sonho e deixa-se tranquilizar pelos pais (em contraste com os terrores nocturnos em que se mantém confusa e agitada, sem que nada a acalme, esquecendo o episódio logo que retoma o sono).

Pesadelos

Os pesadelos mais frequentes nas crianças de 2 ou 3 anos incluem a perda ou perigo.
Os “monstros” muitas vezes são a causa do pesadelo no entanto a separação dos pais também é problemática. Nas crianças dos 4 aos 6 anos as tensões saudáveis como o lidar com os seus novos sentimentos de agressividade podem ser acompanhados de medos e pesadelos.
Novos medos podem surgir durante o dia tais como abelhas, aranhas, elevadores, ruídos estridentes (trovão, sirenes, o ladrar dos cães, etc.) muitas vezes transportados para a noite como pesadelos.

Nas crianças com idade inferior a 5/6 anos os pesadelos são mais perturbadores pois a criança não entende que o sono não é real. A partir dos 5/6 anos a criança começa a perceber a diferença entre sonho e realidade, no entanto nesta idade, as crianças ainda precisam de acreditar no lado positivo dos seus “ bons” sonhos. Por isso, não se pode esperar que deixem de acreditar nos “sonhos maus” .

A criança assustada por um pesadelo acorda por completo e, se já sabe falar, consegue dizer algumas das coisas que se passaram no sonho. Outras vezes, não se recorda do pesadelo no entanto não se esquece daquilo que a fez sentir. A criança implora conforto, e é capaz de se agarrar aos pais, com medo de voltar adormecer sozinha. Pode levar algum tempo a acalmá-la.

Lidar com os pesadelos

A hora de dormir:

1. Sentar-se junto da criança, explicando o que a preocupa.

2. Aceitar os receios da criança e a necessidade de se agarrar aos pais.

3. Recordar a criança formas para se confortar, desviando o pensamento para coisas boas.

4. Deixar uma luz de presença no quarto.

5. Encorajar e aceitar o uso de objectos de conforto (ursinho, uma boneca ou cobertor preferido) como companhia e forma de afastar todos os medos.

6. Contar histórias que ajudam a compreender os medos e sentimentos vivenciados de forma indirecta.

7. Quando a criança recorre a cama dos pais, depois de um pesadelo, deve-se acalmá-la e posteriormente levá-la de volta a cama dela. Esta transição pressupõem aconchego e conforto durante alguns minutos no seu quarto.

Durante o dia:

1. Ajudar a criança a certificar-se de que não existem fantasmas nem monstros debaixo da cama nem dentro do armário.

2. Ajudar a criança a entender os sentimentos descontrolados durante o dia que ocorreram durante o pesadelo.

3. Explicar e dar informações simples, claras, credíveis em termos que ela possa entender acerca dos acontecimentos da vida familiar que possam estar a perturbá-la.

4. Evitar filmes, programas de televisão, jogos de computador que possam ser violentos e provocar medo ou incompreensão do assunto por parte da criança.

Se mesmo depois de tentar todas estas dicas, a situação persistir, sem que a criança consiga estabelecer um sono tranquilo, é importante a ajuda técnica especializada de um psicólogo ou psicoterapeuta, para avaliar e ajudar a criança a ultrapassar conflitos internos que possa estar a sentir como ameaçadores e que podem estar a interferir no seu sono.