"É ATRAVÉS DA VIA EMOCIONAL QUE A CRIANÇA APREENDE O MUNDO EXTERIOR, E SE CONSTRÓI ENQUANTO PESSOA"
João dos Santos
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segunda-feira, setembro 04, 2017

A Depressão Infantil


Ninguém está à espera que o seu filho adoeça psicologicamente. Os pais sabem que o mal-estar físico é praticamente uma inevitabilidade, adaptam-se à circunstância de ver os seus filhos com febre, cólicas, dores de dentes ou constipações. Afligem-se quase sempre, assumem que dariam tudo para livrá-las daquele sofrimento, mas sobrevivem. Aprendem a gerir a ansiedade e, de um modo geral, sentem-se mais serenos no papel de cuidadores aquando do nascimento do segundo filho.

Estes episódios de doença física são comuns a quase todas as crianças, pelo que, por maior que seja a angústia dos pais, há sempre alguém experiente por perto que transmite calma e passa a mensagem de que o mal-estar vai passar. Mas nenhum pai ou mãe está à espera que o seu filho adoeça do ponto de vista psicológico, pelo que a depressão nas crianças e jovens é muitas vezes subdiagnosticada. 

Em muitos casos, em particular em crianças pequenas, os sinais de alerta são pouco claros, na medida em que a depressão se manifesta de forma atípica, confundindo-se facilmente com dificuldades de outra ordem. Noutros casos os sinais estão todos lá mas os adultos ignoram-nos - não por negligência mas porque ninguém está preparado para reconhecer que o seu filho, ainda tão pequenino, possa sofrer de uma doença que nos habituámos a atribuir aos adultos. 
Se a criança ou adolescente chora por tudo e por nada é mais fácil supor que teve um desgosto amoroso ou está a fazer birras por um motivo fútil qualquer. Se há resistência em ir à escola é porque ele(a) passou a ser preguiçoso(a). Se o filho se mostra incapaz de dormir sozinho e salta para a cama dos adultos é porque é mimado e está com dificuldade em crescer. Se há alterações súbitas de humor e/ou irritabilidade constante é sinal de insolência ou mau-feitio. Se a criança ou adolescente se queixa porque ouve barulhos esquisitos durante a noite é porque está a querer chamar a atenção. Se há alterações do apetite é porque está com a mania das dietas. E por aí fora…

A verdade é que cada pai ou mãe ama demasiado os seus filhos para reconhecer numa fase precoce o aparecimento da doença. De um modo geral, passam-se vários meses (às vezes anos) até que os pais assumam que as dificuldades são reais, não podem ser atribuídas ao desenvolvimento e precisam de ser, pelo menos, avaliadas por alguém clinicamente experiente.
Nem todos os clínicos estarão aptos a reconhecer os sinais de depressão em crianças e adolescentes mas uma avaliação rigorosa - realizada por um psicólogo infantil - permite imediatamente que a família se sinta ajudada e que a luz comece a visualizar-se ao fundo do túnel. 
Depois do diagnóstico podem surgir outros problemas, na medida em que os pais tendem, por um lado, a querer perceber a origem da doença (e isso pode passar por atribuir culpas injustamente), e, por outro, a mostrar grande resistência à intervenção farmacológica. Compete naturalmente ao médico que acompanha a criança esclarecer os pais a respeito das vias mais seguras para promover uma recuperação rápida e sólida aos seus filhos. A ideia de que o próprio filho possa ter adoecido sem que haja qualquer evento traumático identificável associada à necessidade de tomar um antidepressivo é contranatura, assustadora, impactante. 
Mas a verdade é que a depressão é uma doença com origem multifactorial, que nem sempre está associada a uma reação a um acontecimento específico e que, para ser tratada, depende quase sempre da combinação de medicação antidepressiva com psicoterapia. 

Quando o problema é gerido como em qualquer outra situação de doença, isto é, com informação rigorosa, confiança nos médicos e cumprimento das prescrições, a depressão é tratada e a família readquire o bem-estar.


Por Maria de Jesus Candeias, Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta Infantil

terça-feira, dezembro 17, 2013

A Depressão Infantil




Ninguém está à espera que o seu filho adoeça psicologicamente. Os pais sabem que o mal-estar físico é praticamente uma inevitabilidade, adaptam-se à circunstância de ver os seus filhos com febre, cólicas, dores de dentes ou constipações. Afligem-se quase sempre, assumem que dariam tudo para livrá-las daquele sofrimento, mas sobrevivem. Aprendem a gerir a ansiedade e, de um modo geral, sentem-se mais serenos no papel de cuidadores aquando do nascimento do segundo filho.

Estes episódios de doença física são comuns a quase todas as crianças, pelo que, por maior que seja a angústia dos pais, há sempre alguém experiente por perto que transmite calma e passa a mensagem de que o mal-estar vai passar. Mas nenhum pai ou mãe está à espera que o seu filho adoeça do ponto de vista psicológico, pelo que a depressão nas crianças e jovens é muitas vezes subdiagnosticada

Em muitos casos, em particular em crianças pequenas, os sinais de alerta são pouco claros, na medida em que a depressão se manifesta de forma atípica, confundindo-se facilmente com dificuldades de outra ordem. Noutros casos os sinais estão todos lá mas os adultos ignoram-nos - não por negligência mas porque ninguém está preparado para reconhecer que o seu filho, ainda tão pequenino, possa sofrer de uma doença que nos habituámos a atribuir aos adultos
Se a criança ou adolescente chora por tudo e por nada é mais fácil supor que teve um desgosto amoroso ou está a fazer birras por um motivo fútil qualquer. Se há resistência em ir à escola é porque ele(a) passou a ser preguiçoso(a). Se o filho se mostra incapaz de dormir sozinho e salta para a cama dos adultos é porque é mimado e está com dificuldade em crescer. Se há alterações súbitas de humor e/ou irritabilidade constante é sinal de insolência ou mau-feitio. Se a criança ou adolescente se queixa porque ouve barulhos esquisitos durante a noite é porque está a querer chamar a atenção. Se há alterações do apetite é porque está com a mania das dietas. E por aí fora.

A verdade é que cada pai ou mãe ama demasiado os seus filhos para reconhecer numa fase precoce o aparecimento da doença. De um modo geral, passam-se vários meses (às vezes anos) até que os pais assumam que as dificuldades são reais, não podem ser atribuídas ao desenvolvimento e precisam de ser, pelo menos, avaliadas por alguém clinicamente experiente.

Nem todos os clínicos estarão aptos a reconhecer os sinais de depressão em crianças e adolescentes mas uma avaliação rigorosa - realizada por um psicólogo infantil - permite imediatamente que a família se sinta ajudada e que a luz comece a visualizar-se ao fundo do túnel. 

Depois do diagnóstico podem surgir outros problemas, na medida em que os pais tendem, por um lado, a querer perceber a origem da doença (e isso pode passar por atribuir culpas injustamente), e, por outro, a mostrar grande resistência à intervenção farmacológica. Compete naturalmente ao médico que acompanha a criança esclarecer os pais a respeito das vias mais seguras para promover uma recuperação rápida e sólida aos seus filhos. A ideia de que o próprio filho possa ter adoecido sem que haja qualquer evento traumático identificável associada à necessidade de tomar um antidepressivo é contranatura, assustadora, impactante. 

Mas a verdade é que a depressão é uma doença com origem multifactorial, que nem sempre está associada a uma reacção a um acontecimento específico e que, para ser tratada, depende quase sempre da combinação de medicação antidepressiva com psicoterapia. 

Quando o problema é gerido como em qualquer outra situação de doença, isto é, com informação rigorosa, confiança nos médicos e cumprimento das prescrições, a depressão é tratada e a família readquire o bem-estar.


Por Maria de Jesus Candeias, Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta Infantil

domingo, fevereiro 13, 2011

A Criança face ao divórcio dos pais..


O divórcio dos pais é sempre um acontecimento doloroso e marcante na vida da criança qualquer que seja a idade.

Em idades precoces, pré – escolares, os efeitos não tardam a surgir, a criança fica agitada, confusa e sente-se muito vulnerável, tendendo a culpar-se “ o pai foi-se embora porque eu sou mau” entre outras coisas que assentam sempre na sua responsabilidade pela separação dos pais.
As crianças pequenas como ainda são muito auto-centradas tendem a culpabilizar-se, assumindo a responsabilidade pelo que aconteceu entre o pai e mãe.

Quando são mais velhas, em idades escolares, sobrevêm a tristeza e a depressão na maioria das situações, transtornos psicossomáticos (dores de cabeça, dores de barriga, vómitos, diarreia etc.), em ambas as situações existe prejuízo para um bom decorrer da adolescência e adulticia.

As figuras parentais são fundamentais para a forma como se vão desenvolver os processos psíquicos da criança após a separação. Digo figuras parentais, porque nem sempre são os pais biológicos a desempenharem esse papel.

Não raras vezes, o que acontece é que na situação de divórcio o casal está muito embrenhado na situação e pouco disponível para os filhos. A  ausência de interacções protectoras e segurizantes decorrentes dessa fase podem resultar em dificuldades  na criança ao nível do relacionamento com amigos, professores, familiares e da própria criança consigo mesma.

O divórcio dos pais quando é mal integrado pela criança, quando a criança se sentiu arma de arremesso entre o casal, quando um dos pais utiliza a criança para denegrir a imagem do outro, faz chantagem, ameaça, agride, entre outras situações, pode comprometer um bom desenvolvimento emocional no futuro.

Ainda que o divórcio seja entre o pai e a mãe, a criança também passa por essa separação, pois tem que separar o que outrora tinha unido dentro de si. A negação e a recusa vão actuar impelindo a criança a fazer tentativas de juntar os dois. É uma perda que aos olhos da criança pode ser reversível, alimentando a esperança e a ilusão que isso vai acontecer.

Durante muito tempo a criança vai dedicar-se a encontrar estratégias de reconciliar os pais e voltar a tê-los de novo perto de si. Nessa fase de tentativa de os aproximar as actividades escolares vão ser deixadas de lado, as notas vão baixar, o interesse pelas brincadeiras diminui, os seus interesses e fantasias vão estar ocupados com essa tarefa.

Nem sempre o divórcio é um factor de estabilidade para a criança. O facto de poder estar longe de brigas e agressões que possam existir, faz com que perca na mesma a sua referência da família, e em muitas situações começam as brigas novamente sendo a criança o elo de ligação e o correio entre os pais.

Quando a criança tem 10 -11 anos e mais, um dos sintomas que aparece é começar a apresentar uma maturidade que na realidade não tem. Adopta posições de distância com um controlo excessivo de si mesmo, a fim de negar os sentimentos de vergonha e neutralizar a ansiedade, bem como sondar os limites da situação familiar, face a uma nova realidade. Nessa fase pode ser impelido a experimentar drogas e álcool e a iniciar a vida sexual como forma de arranjar companhia e combater o sentimento de abandono gerado pelo desfazer da família.

Muitas crianças e adolescentes não aceitam a separação e começam a agir essa dor com comportamentos agressivos manifestado hostilidade e desgosto. Com frequência culpam o conjugue como qual vivem, normalmente culpam a mãe por não ser capaz de manter a família unida. Quando visitam o outro conjugue seja o pai ou mãe não se atrevem a manifestar o desgosto com medo de perder mais essa relação e a família com receio de acabar com uma relação já de si insegura.
Porém, mais vale ter uma relação insegura que ser abandonado, sentimento que acompanha sempre a criança. Apontam algumas estatísticas que dois meses depois de decretado o divórcio menos de metade dos pais vê o filho apenas uma vez por semana. Passado um ano mais de metade nem sequer a visita.

O perigo de desequilíbrios psicológicos por causa do divórcio dos pais aumenta se a criança já tem predisposição para ser vulnerável por antecedentes familiares de depressão, pela própria perda ou pelo reavivar na memória de outras perdas mais precoces, como por exemplo uma ausência prolongada da mãe ou do pai sentida como abandónica.

O divórcio não significa um ponto final no confronto entre os pais, por vezes eles estão apenas a começar, o casal reaviva os problemas, não se consegue descentrar dos seus problemas e não consegue gerir em conjunto as coisas do filho mais simples, como comprar roupa, uma saída com amigos, a imposição de um limite. Se um diz não, o outro para ser melhor diz que sim. Assim se vai instalando a confusão mental na criança que se vê quase sempre no meio dos pais em que cada um denigre a imagem do outro a cada dia que passa.

O impacto do divórcio na criança depende sempre da estabilidade do progenitor com quem ficar e da relação saudável ( dentro do possível num contexto de separação) que os pais consigam quer estabelecer entre si, quer com as crianças.

Muitas vezes, a fragilidade afectiva dos pais a seguir ao divórcio faz com que fiquem incapazes de atender as necessidades dos filhos.
 A criança sofre imenso quando é utilizada como instrumento de negociação entre os pais e quando pai ou mãe estão deprimidos e a tentam absorver como busca de companhia e apoio. Desgastam afectivamente a criança/ adolescente que se viu forçada a ser o amparo do progenitor deprimido.

Em situações destas a busca de ajuda especializada poderá evitar graves prejuízos na vida futura da criança.

domingo, fevereiro 06, 2011

A Criança e a importância do Brincar




Para qualquer criança, brincar é tão essencial ao seu desenvolvimento como a alimentação e o carinho. Enquanto brinca, a criança organiza a sua forma de pensar e sentir, mostra como vê a realidade e aprende a interagir com os outros e vive as situações de uma forma espontânea e alegre.
Brincar é natural na criança, facilita o seu crescimento harmonioso, desenvolve a relação com o outro, é uma forma de comunicação, ajuda a aprender a resolver conflitos e a lidar com as situações.
Cada idade tem um modo de brincar específico e é em cada uma dessas fases que a criança aprende a diferenciar a realidade da fantasia.
Aprende também a separar o seu espaço do espaço do outro e a dar novos significados à realidade que a rodeia conforme o que assimila durante as brincadeiras.
A forma como a criança brinca revela a sua personalidade e a forma como está estruturada para se relacionar com o mundo, ou seja é claramente visível nos sentimentos que as brincadeiras despertam, como por exemplo os jogos (ganhar e perder).
O brincar tem um papel fundamental no controlo da agressividade e na descoberta de novas formas de estar. Enquanto constroem batalhas com soldados, descarregam a fúria de alguma frustração, e aprendem a controla-la.
Assim o brincar ajuda a descomprimir o dia a dia onde a criança tem que aprender a integrar-se nos diferentes grupos e situações. A sua vida é orientada por regras de comportamento, e é frequentemente sujeita a repreensões e chamadas de atenção.
Assim os saltos e tropelias e os excessos ajudam-na a libertar tensões acumuladas e levam á exaustão – e a uma boa noite de sono.
O papel dos pais é, então, estimular a brincadeira na criança, mostrar-lhe que o jogo, o movimento, o desenho ou até a leitura, podem ser tão divertidos como um game-boy, ou a televisão.
Durante as brincadeiras e jogos a criança desenvolve aspectos importantes para o seu crescimento, tais como: desenvolvimento físico (muscular), raciocínio lógico, percepção sensorial, socialização, comunicação e criatividade.
Quando se encontra uma criança que não brinca, não convive com as outras crianças quando estão juntos, então estamos perante uma criança inibida, que não se desenvolveu ao nível da socialização e do brincar, pode acontecer por diversos motivos:
Pais demasiados proibitivos e culpabilizantes, que não estimulam a brincadeira, e que travam o processo exploratório, pais que punem a agitação motora natural na criança, pais que convivem mal com as tropelias próprias das crianças, em suma pais pouco disponíveis para brincar com os filhos.
É papel dos pais estimular o acto de brincar. Estimular o potencial da criança para que desenvolva uma série de capacidades que lhe são inatas (brincar, correr, saltar). No entanto como em tudo, o excesso de estímulos pode confundir a criança.
Resumindo: brincar estimula os reflexos perceptivos, motores, intelectuais, e sociais da criança, ajuda-a a conhecer-se a si mesma e a explorar as suas emoções. Por outro lado auxilia a criança a tomar noção do “eu” e do “outro”, e desenvolve a linguagem.
Assim, dizemos aos pais, sempre que puder brinque com o seu filho. Desenvolve a confiança da criança em si mesmo, ou seja a sua auto-estima.

O brincar não é apenas uma necessidade biológica para descarregar energia embora sirva essa função também, é mais que isso, é um encontro com as emoções e com a criatividade, é ai que a criança descobre o seu verdadeiro “eu”, como diz Winnicot.
Quando se brinca evoca-se uma relação de domínio entre a realidade psíquica e o mundo real no qual se vive, conferindo harmonia ao pensamento e ás emoções. Por isso quando se brinca organiza-se o mundo interior e abre-se espaço para a aprendizagem.
Uma criança que não brinca não está disponível para a aprendizagem, não sabe ler as emoções, não consegue dar sentido à sua realidade interna. Esse silencio no brincar inibe o pensamento que é uma forma de não perceber os afectos, e a curiosidade que separado do desejo de aprender não consegue cultivar a ideia e partir á descoberta da leitura, da escrita das ciências, da matemática etc.
A criança que não consegue brincar, não consegue representar a sua realidade, está submerso em sofrimento e angústias. Quando uma criança não brinca com outras e as agride sem parar (a agressividade também é normativa) é motivo para pedir ajuda especializada.
Por tudo isto, a todos vós, pais, incentivai as vossas crianças a brincar.

M Jesus Candeias

Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta

jesuscandeias@gmail.com

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Depressão Infantil


Embora estejamos cada vez mais familiarizados com o tema da depressão, raramente ouvimos falar de crianças deprimidas. Mas isso não significa que esses casos não existam.

Estima-se que esta perturbação atinja 4 a 8% das crianças e sabe-se que esta incidência tende a subir na adolescência.
A depressão infantil ocorre, em 20% dos casos, em crianças na faixa etária entre 9 e 17 anos, e é causada geralmente, por dificuldades de relacionamentos com a própria família, na escola ou em outros locais que frequentam.
Mas o número mais alarmante diz respeito ao facto de esta ser uma realidade que tende a passar despercebida aos olhos de 70% dos pais.
“Como é que isso é possível?”, perguntar-me-ão. Apesar de algumas crianças manifestarem a sua depressão através dos sintomas clássicos (tristeza, pessimismo, ansiedade, etc.), a maioria fá-lo de forma atípica, o que dificulta o diagnóstico.

Assim, na maior parte dos casos, as alterações mais visíveis tendem a confundir-se com rebeldia: irritabilidade, agressividade, hiperactividade e/ou diminuição do rendimento escolar.

Esta manifestação atípica impede muitos pais de perceberem a origem dos problemas e, assim, darem uma resposta eficaz.

O grito de alerta tende a surgir aquando do aparecimento de alterações menos expectáveis, como o medo da morte (conversas recorrentes sobre o tema), sentimentos de culpa e de inutilidade e retrocessos, como a encoprese ou a enurese (defecar ou urinar na roupa ou na cama).

É necessário que nos consciencializemos de que a depressão infantil existe e pode ser grave! Infelizmente, nem todas as crianças são felizes e despreocupadas!!


Tentando clarificar melhor os Sintomas que podem servir de alerta aos pais…


Como já referi, a depressão não se manifesta do mesmo modo, de acordo com a idade da criança, assim poderíamos tentar agrupar os sintomas mais específicos, de acordo com a idade, da seguinte forma:


Feto: Os fetos podem deprimir, é verdade! Tudo pode começar bem cedo! Isto pode acontecer, devido por exemplo, à ansiedade maternal na gravidez, pelo atraso no desenvolvimento fetal ou após o nascimento, entre outros factores.

Primeira Infância (0 a 2 anos): a depressão nos bebés manifesta-se por, uma recusa acentuada da criança em alimentar-se; um atraso no crescimento, no desenvolvimento psicomotor, da linguagem; perturbação do sono e afecções somáticas (A criança que está muitas vezes doente, faz febres, gripes, viroses com muita frequência!)

Idade pré-escolar (2 a 6 anos): nesta fase a perturbação depressiva, manifesta-se mais por distúrbios de humor (grandes birras, ou grande euforia momentânea substituída rapidamente por grande tristeza e apatia) distúrbio vegetativo (em que a criança não sabe nem gosta de brincar, isola-se muito e fica muito parada no seu canto. Não se interessa por nada). 
Nesta fase pode ainda verificar-se comportamentos regressivos a todos os níveis, nomeadamente a nível esfincteriano (podem voltar a fazer cocó e chichi nas cuecas ou na cama), motor e de linguagem.

Idade Escolar (6 a 12 anos): Entre os seis e os oito anos, o quadro depressivo caracteriza-se por tristeza prolongada, ansiedade de separação (a criança que não quer deixar a mãe para ir para a escola) e sintomas psicossomáticos ( dores de cabeça, dores de barriga, diarreias, febres) .
As crianças com mais de oito anos, expressam os seus sentimentos depressivos através de baixa auto-estima, ideias auto- depreciatórias, sintomas psicossomáticos, baixa de energia,desinteresse e desespero.
A depressão manifesta-se muitas vezes através das dificuldades escolares, ao nível da ansiedade, do desinteresse, das dificuldades da concentração intelectual e dos problemas de comportamento, para além dos problemas alimentares e de sono. Podem também surgir queixas psicossomáticas. Pode ainda verificar-se um aumento agressiviadde, grande irritabilidade, com envolvimento da criança em conflitos com os pares.
Um outro sintoma que pode ocultar também uma depressão é a “hiperactividade”,as crianças muito irrequietas, que não conseguem manter um mínimo de atenção nem de concentração.

Prevenção

Em vez de prevenção, podia estar escrito amor.
Os pais são os melhores actores na prevenção da depressão infantil, dando-lhes o seu amor e carinho, bem como compreensão e amparo e transmissão de confiança.

Tratamento

Como podem os pais ajudar….
Numa primeira fase, o papel dos pais passa por tentar perceber e empatizar com as dificuldades da criança, mesmo que estas pareçam insignificantes. Por exemplo, a mudança de casa ou de escola acarreta mais medos e angústias do que os adultos possam imaginar. Deve existir um ambiente de confiança, propício a que a criança se sinta à vontade para explorar as suas dificuldades. Os pais devem incentivar a criança a falar e entender os seus receios.

Quando recorrer ao psicólogo…


É pois importante que os pais estejam atentos às ALTERAÇÕES REPENTINAS do comportamento e do humor dos filhos.

Se estas alterações se prolongarem por mais de duas semanas, sem que haja uma causa identificável, é importante pedir ajuda de um Psicólogo ou Psicoterapeuta.
Tal como acontece noutras circunstâncias, os pais podem sentir-se incapazes de dar resposta a este tipo de problemas, pelo que a intervenção de um especialista passa a ser imprescindível.
No entanto é importante salientar que as crianças, pelo facto de ainda estarem em desenvolvimento são mais flexíveis, permeáveis, e aderem muito bem à psicoterapia o que permite uma evolução muito rápida no tratamento e um elevado grau de confiança no sucesso da intervenção.

A Psicoterapia com crianças é diferente da psicoterapia com adultos. A Psicoterapia com crianças inclui conselhos educativos e explicações; recurso aos jogos, às brincadeiras e ao desenho; a atitude do psicoterapeuta é mais participativa.
Com as crianças o ritmo das sessões variável, de acordo com a tolerância da criança.
Na Psicoterapia com crianças é muitas vezes necessário o envolvimento dos
pais na terapia
, pelo que além do trabalho com a criança é necessário também algumas sessões com os pais.