De acordo com vários especialistas, o termo dificuldades de aprendizagem (learning disabilities)
serve para descrever uma desordem de origem neurobiológica que tem como fundamento uma estrutura
ou um funcionamento cerebral diferentes. Esta desordem afecta a forma como a criança processa a
informação, resultando em problemas quanto à sua capacidade de falar, escutar, ler, escrever, raciocinar
, organizar e rechamar informação ou de fazer cálculos matemáticos.
Esta multiplicidade de problemas não significa que uma criança os apresente todos. Assim sendo,
cada caso é um caso com características específicas (por exemplo, problemas graves na área da leitura,
ou na da leitura e escrita, ou na da matemática, ou em aptidões sociais), o que faz com que, muitas vezes,
usemos o termo dificuldades de aprendizagem específicas .
As dificuldades de aprendizagem são uma desordem de carácter permanente, vitalícia portanto, que,
segundo o "National Institutes of Health" americano, afecta cerca de 15% das crianças e adolescentes
americanos em idade escolar.
Quanto mais cedo se efectuar a identificação e a avaliação destes alunos (nestes casos, a avaliação
deve ser muito mais completa, compreensiva, dado que há a necessidade de se elaborarem
programações educativas individualizadas/PEI), maior oportunidade terão de se tornarem adultos
bem-sucedidos e produtivos, uma vez que eles possuem um quociente de inteligência na média ou
acima da média.
No nosso país, os alunos com dificuldades de aprendizagem têm sido negligenciados pelo sistema
educativo (incluo neste sistema os pais), continuando a não terem direito a qualquer tipo de serviço
que se enquadre no âmbito da educação especial (serviços e apoios especializados).
Assim sendo, uma grande percentagem destes alunos começarem cedo a sentir o peso dessa
negligência, traduzida num insucesso escolar marcante, que leva, na maioria dos casos, ao abandono
escolar.
Uma criança com dificuldades de aprendizagem pode necessitar terá a ver com ajustamentos e/ou
adaptações curriculares, como, por exemplo, mais tempo para processar a informação, ou equipamento
electrónico (exemplo, um gravador de som) para tirar apontamentos. As dificuldades de aprendizagem
podem ser invisíveis, mas são reais.
Estudos revelam que a maioria dos americanos (91%) acreditam que "as crianças com dificuldades de
aprendizagem processam a informação de uma forma diferente" , identificando correctamente um
conjunto de indicadores de dificuldades de aprendizagem que elas geralmente apresentam:
- inversão de letras e/ou números (79% concordam)
- problemas de leitura (72% concordam)
- problemas na organização de informação (67% concordam)
- problemas de escrita (65% concordam)
- e quociente de inteligência na média ou acima, mas dificuldade em aprender (56% concordam).
Contudo, uma grande percentagem de crianças com dificuldades de aprendizagem
podem compensar a sua discapacidade se lhe forem dispensados os apoios adequados.
O facto de não perceberem que a problemática é vitalícia faz com que muitos pais "adoptem uma atitude
de 'esperar para ver'", especialmente quando se trata de crianças com 3 e 4 anos, ignorando comportamentos
que podem ser indicadores de dificuldades de aprendizagem como, por exemplo:
- problemas em contrair amizades ou em dar-se bem com os seus pares (só 33% dos pais consideram
estes problemas sérios);
- problemas em seguir instruções simples ou rotinas (só 27% consideram estes problemas sérios);
- muita agitação e/ou problemas de atenção (só 25% dos pais consideram estes problemas sérios);
- problemas com números, alfabeto e dias da semana (só 20% dos dos pais consideram estes problemas sérios);
- e problemas com rimas (só 16% dos pais consideram estes problemas sérios).
Perante estes factos, Marshall Raskind, director de projectos especiais e de Investigação
da Fundação Schwab Learning , afirma que "é importante que os pais percebam que as
crianças com dificuldades de aprendizagem crescem para se tornarem adultos com dificuldades
de aprendizagem" e que "as dificuldades de aprendizagem não desaparecem como que por
encanto - elas são uma condição vitalícia."
No entanto, quando se trata de crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 8 anos,
os pais conseguem identificar indicadores de dificuldades de aprendizagem:
- problemas em segurar um lápis/caneta (67% dos pais considera estes problemas sérios)
cometer constantemente erros na leitura/soletração (60% dos pais considera estes problemas sérios)
- problemas na combinação de letras e sons (58% dos pais considera estes problemas sérios)
- e, problemas na aquisição de novas competências, apoiando-se, em seu lugar,
na memorização (52% dos pais considera estes problemas sérios)
São estes e muitos outros problemas que tornam esta problemática numa condição séria que,
se não for devidamente compreendida, pode fazer, e na maioria dos casos faz, com que os
alunos que a apresentam se sintam ansiosos e frustrados, não vislumbrando qualquer saída que
não seja o abandono escolar.
Um dos grandes desafios que enfrentamos é o de saber como assegurar sucesso escolar
aos alunos com dificuldades de aprendizagem", a chave do sucesso estará na
elaboração de programações educativas individualizadas que considerem ajustamentos
e adaptações curriculares consentâneas com as suas necessidades.
Termino recorrendo à analogia feita por Jane Browning, dizendo apenas que tal como uma criança
numa cadeira de rodas necessita de uma rampa para contornar escadas, também uma criança
com dificuldades de aprendizagem necessita de meios específicos que a ajudem a contornar os problemas,
tantas vezes graves, que encontra no processamento de informação, na memória, na leitura, na escrita,
no cálculo ou na socialização.
A Psicologia surge como um recurso fundamental que permite uma aproximação ao mundo interno
da criança, à compreensão das suas necessidades específicas, e a elaboração de estratégias adequadas
que estimulem o desenvolvimento Cognitivo da Criança de forma a minimizar as suas limitações.
Se é o caso do seu filho(a) contacte-nos!
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