"É ATRAVÉS DA VIA EMOCIONAL QUE A CRIANÇA APREENDE O MUNDO EXTERIOR, E SE CONSTRÓI ENQUANTO PESSOA"
João dos Santos

quarta-feira, dezembro 28, 2011

Adolescência e Relações Familiares



EU, UMA PESSOA ÚNICA E COM GRANDES POSSIBILIDADES

Estás à porta (ou talvez já tenhas entrado) de uma nova etapa da tua vida em que ocorrem importantes alterações e que te irá conduzir da infância ao estado adulto. É a adolescência. Trata-se de uma etapa muito importante na construção da pessoa, na qual desempenham um papel muito importante as relações que estabeleces com os teus amigos e amigas, com a tua família, com os teus professores.

Todas estas alterações também afectam as pessoas adultas que te rodeiam: dizem que já és crescido, mas continuam a tratar-te como se não o fosses. Às vezes estas pessoas adultas não sabem como tratar-te: pensa que os adultos deixaram para trás há muitos anos a sua própria adolescência. Tem paciência e confia neles: gostam de ti e querem ajudar-te.

Por vezes, irão haver dificuldades (que nova etapa não as tem ) "angústias", inseguranças, confusões...; mas não te esqueças que ao mesmo tempo será uma época muito estimulante, de grandes progressos, de crescimento físico e intelectual de novas e maravilhosas experiências.

«Trata-se de um conjunto de anos vitais, sem um limite preciso e com o encargo social oculto de te dedicares a ser adolescente». (Jaime Funes).

Os adolescentes são muito influenciados pelas suas famílias ainda que, por vezes, nalgumas circunstâncias estes laços possam ser abalados.

Estudos feitos nas últimas décadas têm mostrado, de forma consistente, que existe menos conflito entre os adolescentes e suas famílias do que se acreditava previamente. Estes estudos referem que o conflito está presente em apenas 15 % a 25 % das famílias.

A ocorrência destes conflitos está relacionada sobretudo com as rotinas familiares, o estabelecimento de horas de entrada em casa, namoros, notas escolares, aparência física e hábitos alimentares. As investigações feitas nesta área indicaram igualmente que o conflito entre pais e adolescentes acerca dos valores económicos, religiosos, sociais e políticos são relativamente raros.

Os pais continuam, hoje, a influenciar os seus filhos adolescentes não só nas suas crenças mas também ao nível do seu comportamento. Contudo, mães e pais influenciam os adolescentes de maneira diferente.

Parecem existir, pois, diferenças consideráveis entre o comportamento e o papel das mães e dos pais nas relações familiares com os filhos adolescentes.

Assim, os pais tendem a encorajar o desenvolvimento intelectual e frequentemente envolvem-se em actividades de resolução de problemas e discussão dentro da família. Como consequência, quer rapazes quer raparigas discutem ideias com os pais.

O envolvimento dos adolescentes com as mães é mais complexo. Mães e adolescentes interagem no que diz respeito por exemplo às responsabilidades nas tarefas domésticas, trabalhos escolares, disciplina dentro e fora de casa e actividades de lazer. Estas áreas podem resultar em maiores conflitos entre as mães e os seus filhos adolescentes contudo, tendem a criar maior proximidade entre mães/filhos de que entre pais/filhos.

As dinâmicas familiares bem como as alianças dentro da família desempenham também um papel importante, dado que estes elementos começam a moldar o comportamento da pessoa mesmo antes da adolescência.

Muito embora as alianças entre os vários membros da família sejam naturais e saudáveis, é importante que o pai e a mãe se mantenham unidos e que mantenham laços distintos com os seus filhos.

Os pais necessitam de trabalhar juntos para criarem e disciplinarem os filhos. Ou seja, uma relação estreita de um pai com um filho que exclua o outro pai pode perturbar o desenvolvimento do adolescente na medida em que o pai excluído perde estatuto enquanto agente socializador e figura de autoridade.

Os problemas podem surgir também de outro tipo de desequilíbrios como seja a ausência de um dos pais devido a divórcio ou separação.

Ambos os progenitores devem ter uma participação activa na criação de dinâmicas familiares que promovam o crescimento harmonioso dos seus filhos adolescentes, ou seja, deve existir coerência entre as práticas educativas dos pais.

Numa altura em que um adolescente está a testar novos papéis e está a lutar para atingir uma nova identidade, a autoridade parental pode ser seriamente posta à prova quando em casa existe apenas um dos pais.

Podemos referir, em jeito de conclusão, e corroborando as opiniões do Dr. Daniel Sampaio ,  as famílias se adaptam melhor aos adolescentes se forem capazes de negociar as mudanças de uma forma racional, que tome em consideração as necessidades e desejos de cada um.

A coesão familiar pode ser preservada quando os pais e adolescentes estão capazes de se verem como iguais numa relação reciprocidade.

 Por outro lado, uma comunicação aberta os vários membros da família, em que cada um possa falar acerca das suas preocupações/desejos sem fricção, ajuda igualmente a manter a coesão familiar.

Quando existem dificuldades nesta interacção familiar e pais filhos não conseguem comunicar, a orientação profissional de um psicólogo pode ajudar nesse processo, e se necessário for, encaminhar o próprio adolescente para uma psicoterapia.

Nesse caso, o adolescente receberá uma escuta profissional contextualizada por um espaço seguro onde ele possa expressar suas emoções, desejos, curiosidades, dúvidas e fantasias, características dessa fase da vida.

Procurar uma orientação adequada é um dever dos pais, pois são espelhos fundamentais na educação dos filhos e responsáveis por lhes proporcionar a segurança emocional que necessitam.

A adolescência pode ser um momento difícil para pais e filhos.... as duas partes envolvidas não devem esquecer que: “Todas as pessoas gostam de saber que são amadas e admiradas, apesar dos defeitos que possam ter!”

O respeito e a negociação constituem a base de todos os relacionamentos, e são indispensáveis em qualquer idade. Pense nisso!

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Terapia Familiar


O que é?

A terapia familiar sistémica, cujas formas mais conhecidas são a terapia familiar e a terapia conjugal, é uma forma de psicoterapia que se centra nas relações e na dinâmica própria de cada unidade familiar.

Independentemente da origem do problema trazido a consulta, a terapia familiar acredita que o envolvimento da família traz benefícios na sua resolução.
A família é o primeiro contexto social que conhecemos e é nela que iniciamos a aprendizagem da relação com o outro. É a nossa primeira referência em termos de valores e papéis sociais e é dentro dela que se vão tecendo as emoções que nos formam como pessoa. É também nas famílias que germinam alguns dos conflitos, bloqueios e obstáculos mais difíceis de ultrapassar. Por esse motivo, nelas residem as soluções para alguns problemas individuais, familiares e conjugais.
 O conceito de família não se restringe, para um terapeuta familiar, ao modelo “tradicional” (casal, pais e filhos), mas procura abranger as redes de apoio e as relações mais significativas entre as pessoas envolvidas numa dada situação, com ou sem grau de parentesco entre elas.

Como se processa?

Na abordagem da terapia familiar e conjugal, proporciona-se um espaço conjunto de resolução de problemas, gerindo-se o impacto que o processo terapêutico vai implicando no todo familiar/conjugal.
Nos casais trabalha-se a comunicação, o respeito pela individualidade, a etapa da relação e o projecto de vida comum. Na família procuram-se soluções para o crescimento autónomo de cada membro, a par da atenção dada a toda a dinâmica e crescimento emocional da unidade familiar.
A metodologia de intervenção procura encontrar soluções breves e satisfatórias para todos os elementos utilizando os recursos da própria família. As situações de mal-estar ou ruptura vão-se transformando em oportunidades de crescimento conjunto à medida que se vão optimizando as forças, a sabedoria e o apoio do sistema familiar.
Embora a terapia familiar seja eficaz em qualquer situação de sofrimento ou dilema humano, ficam alguns exemplos de situações em que se tem revelado eficaz:

Áreas de Intervenção:

  • crises familiares
  • dificuldades de relacionamento entre família
  • dificuldades de relação com os filhos
  • dificuldades em lidar com filhos adolescentes,
  • Instabilidade Emocional
  • Como viver com a saída de casa dos filhos: ninho vazio
  • Integrar os filhos:os meus, os teus, os nossos
  • Crises Conjugais
  • Conflitos
  • Compreender os novos tipos de familias
  • Infidelidade
  • Apoio Parental
  • Imigração/Adaptação cultural
  • Problemas de comportamento social/escolar
  • Adaptação a situações de doença/condição crónica
  • Situações de Luto
  • Saúde Mental
  • Comportamentos aditivos (álcool, drogas, jogo)
  • Agressividade/Violência
  • Transtornos emocionais como ansiedade e depressão
  • Conflitos com a família de origem
  • Desentendimentos financeiros
  • Mediação familiar em situações de ruptura
  • Divórcio
Por Dora Rebelo. Terapeuta Familiar