"É ATRAVÉS DA VIA EMOCIONAL QUE A CRIANÇA APREENDE O MUNDO EXTERIOR, E SE CONSTRÓI ENQUANTO PESSOA"
João dos Santos

terça-feira, maio 28, 2019

O Brincar e as Novas Tecnologias


 Brincar na Rua ou em Frente a um Ecrã?

-Vantagens e Desvantagens - 




Na minha opinião profissional, considero que de facto se torna mais saudável brincar na rua mas é sobretudo mais saudável brincar com o outro, quer seja com os pais, com os irmãos ou com os pares. Ao longo do desenvolvimento, o papel dos pais deverá ser o de estimular a brincadeira na criança, mostrar-lhes que o jogo, o movimento, o desenho ou até a leitura, podem ser tão divertidos como um computador ou a televisão.

O jogo e a brincadeira ao ar livre contribuem para o cansaço saudável que as crianças precisam para, depois de um banho e do jantar, estarem prontas a adormecer e dormirem um sono de qualidade. Além disso, permitem uma redução das tensões e do stress, aumentam a boa disposição e evitam a obesidade infantil.

O ficar em casa a brincar com um computador, telemóvel ou tablet irá diminuir o tempo dedicado à prática do desporto e ás interações sociais, o que interfere com o desenvolvimento de amizades com outras crianças, bem como irá interferir no diálogo e na comunicação familiar pois cada vez mais podemos assistir a que cada um dos membros da família passa o seu serão cada um no seu telemóvel. 


Além disso, e mais preocupante, é o tipo de conteúdos de que estamos a falar, pois infelizmente a maior parte do tempo que as crianças passam em frente a um ecrã é para assistirem a programas desadequados às suas necessidades de desenvolvimento. São vários os estudos que demonstram que os programas de televisão e os jogos de computador violentos promovem o comportamento agressivo entre as crianças, que tendem a reproduzir e aprender novas formas de agressão quando as observam em personagens violentas na televisão e em jogos de computador.

Mas como em tudo, o essencial é haver equilíbrio e não sermos fundamentalistas!

Brincar com os telemóveis também tem as suas vantagens, desde que a sua utilização seja moderada e a seleção do tipo de programas for adequada à idade da criança. O acesso a este tipo de tecnologias permite promover algumas competências ao nível da inteligência visual, tais como a capacidade de ler e reconhecer imagens, mas essencialmente dar a possibilidade de assistir a um mundo de acontecimentos e ideias que de outro modo podiam não estar acessíveis: estamos a falar de concertos, espetáculos como o teatro e outros eventos artísticos; podem conhecer vários países e cidades e os seus monumentos; podem observar como os outros resolvem os seus problemas pessoais e lidam com questões difíceis e sobretudo que existem muitas realidades diferentes das suas (por exemplo, a pobreza, a velhice).


De uma forma geral, os jogos de computador e os programas de televisão podem proporcionar importantes experiências de aprendizagem para as crianças. O importante é mesmo controlar o que os seus filhos veem e quanto tempo estão em frente ao ecrã. Ajudá-los os a encontrar um equilíbrio entre essas atividades e as outras, que envolvam interação social e formação de amizades, o desporto e a leitura.



Se tem dificuldades em gerir o tempo que o seu filho passa em frente a um ecrã, se considera que esse tempo está a interferir com a vossa qualidade de vida, nomeadamente ao nível ao sono, rendimento escolar e relações familiares, não hesite em procurar ajuda. Juntos, vamos conseguir encontrar o caminho!

Entrevista cedida por Dra.ª Sara Loios, Psicóloga Clínica e Familiar, para a Rádio Renascença no Dia Internacional do Brincar
28 de Maio de 2019



sexta-feira, abril 19, 2019

Estudo de Maturidade/ Ingresso Antecipado no Ensino Primário

A Entrada na Escola e a Maturidade da Criança

- Estará o meu filho preparado para entrar na Escola? - 




Sabia que existe diferenças em alguns países no que diz respeito à idade estipulada para o ingresso no ensino primário? De facto, muito se discute sobre a idade mais adequada para a entrada no sistema escolar obrigatório, no entanto, ainda não há conclusões definitivas até porque cada criança desenvolve-se de acordo com o seu próprio ritmo o que faz com que o ideal fosse que cada criança entrasse quando tivesse maturidade para tal, e não apenas porque atingiu determinada idade. No entanto, tornar-se-ia impossível avaliar cada caso individualmente pelo que se torna necessário estabelecer um padrão médio, sendo que em Portugal são os 6 anos.

Porém, em alguns casos, pode acontecer que tanto pais como educadores fiquem ambivalentes no momento de decidir sobre o futuro escolar dos seus filhos/educandos:
·      Por um lado temos crianças, que por alguma circunstância do seu desenvolvimento, quando atingem os 6 anos de idade são ainda demasiado imaturas e não se encontram preparadas para o desafio que é manter-se sentada e concentrada numa sala de aula durante um determinado número de horas e aí talvez faça mais sentido permanecer mais um ano no pré-escolar.

·  Por outro lado, temos crianças que revelam uma precocidade global ao nível do desenvolvimento mas que por questões de calendário apenas completam os 6 anos de idade depois de 31 de Dezembro (Data limite para completar os 6 anos para a entrada nesse ano letivo) e que por essa razão teriam de permanecer mais um ano no pré-escolar. No entanto, neste caso, existe a possibilidade de solicitar o ingresso antecipado dessa criança.


O que é o Estudo de Maturidade da Criança
 para Ingresso antecipado na escola ?

O Estudo de Maturidade é um estudo que permite aferir o estado das várias competências emocionais e cognitivas das crianças, que são necessárias ao processo de aprendizagem com que ela se irá deparar na escola. Este estudo é realizado por um conjunto de testes psicológicos, validados cientificamente, e que serão passados à criança, por um psicólogo. Após a avaliação o psicólogo poderá dizer aos pais se a criança tem a maturidade, quer psicológica, quer emocional necessária, para integrar o 1º ciclo antecipadamente. 

Este estudo é particularmente importante para crianças que fazem os 6 anos apenas em Janeiro e Fevereiro, não podendo por isso entrar nesse ano na escola, com implicações negativas, muitas vezes, para a criança face à perda do seu grupo de amigos, para além do atraso de um ano letivo no seu percurso escolar, sem necessidade para que isso aconteça.

Como se processa legalmente o pedido de Ingresso antecipado na escola?

a.    Os Requerimentos devem ser dirigidos, até ao dia 15 de Maio, ao Diretor do Agrupamento de Escolas ou Escola não Agrupada, caso os Pais ou Encarregado de Educação pretendam que o seu educando frequente um estabelecimento da rede pública, ou ao Diretor Regional de Educação respetivo, caso pretendam que aquele frequente um estabelecimento da rede privada;

b.    Reportar-se a crianças que atinjam os 6 anos de idade, no ano civil seguinte àquele em que os respetivos Pais ou Encarregado de Educação pretendem o seu ingresso no 1º CEB;

c.     Estar fundamentado e instruído com um relatório de avaliação psicopedagógica da criança, elaborado por serviços especializados ou por especialistas da área da psicologia, devidamente identificados.


Sem prejuízo do constante nas alíneas anteriores, a aceitação da matrícula depende sempre da existência de vaga.

A entrada na escolaridade obrigatória é um passo enorme na vida da criança porque no fundo corresponde à passagem do “tempo de brincadeira” para o “tempo de aprendizagem”. Por esta razão, torna-se essencial que esta decisão seja refletida e fundamentada, permitindo esclarecer eventuais dúvidas que surjam nos pais neste momento de decisão. 

Se este é o caso do seu filho ou se tem dúvidas, contacte-nos ! 

Dr.ª Sara Loios
Psicóloga Clínica de Crianças, Adolescentes e Famílias
Cédula Profissional nº 20837