"É ATRAVÉS DA VIA EMOCIONAL QUE A CRIANÇA APREENDE O MUNDO EXTERIOR, E SE CONSTRÓI ENQUANTO PESSOA"
João dos Santos
Mostrar mensagens com a etiqueta pesadelos crianças. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta pesadelos crianças. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

Perturbações do Sono na Infância

 Existem vários problemas que podem afetar o sono das crianças, é preciso estar atento e ajuda-la a ultrapassá-los, pois têm consequências a nível emocional, social e no seu desempenho escolar.

Pesadelos

Os pesadelos são frequentes nas crianças de 2 ou 3 anos, na idade em que a fantasia é mais intensa e a criança ainda não percebe a diferença entre sonho e realidade.
É um sonho desagradável que pode surgir várias vezes durante a noite, dependendo da idade da criança, estão muitas vezes relacionados com acontecimentos diários, tais como, separação dos pais, nascimento de um irmão, mudança de escola, morte de um familiar ou até o facto de estar a dormir numa posição desconfortável.
Durante o dia podem aparecer novos medos, de animais, elevadores, ruídos estridentes e que são transportados para a noite como pesadelos.
A criança acorda quando está a ter um pesadelo, na maioria das vezes consegue lembrar-se e falar do que se passou no sonho, tem medo de voltar a adormecer sozinha e é capaz de se agarrar aos pais, implorando conforto, podendo demorar algum tempo até a criança se acalmar.

Terrores nocturnos

Os terrores nocturnos e os pesadelos são perturbações diferentes. Os terrores nocturnos são mais frequentes entre os 2 e os 5 anos de idade. É um distúrbio caracterizado por um despertar repentino, que pode ser iniciado por um grito de pânico, choro ou vocalizações incoerentes, nesta situação ao contrário dos pesadelos, quem fica mais assustado não é a criança mas os pais. A criança está agitada, com uma expressão aterrorizada, parecendo que está em luta com “monstros”, meio alucinada, mas não está acordada como nos pesadelos. Não percebe a aproximação dos pais, podendo mesmo afastá-los, pois podem ser confundidos com os “monstros”. 


Os terrores nocturnos ocorrem quase sempre na segunda metade da noite, o que acontece é uma mudança no ciclo do sono, altura em a criança não está a dormir nem acordada, não existindo percepção da realidade, mas onde ocorre o sonho.

Acalmar a criança não funciona e quando o episódio termina, a criança volta a adormecer e não se recorda do que se passou.

Na maioria das vezes os terrores nocturnos estão relacionados com algo que assustou a criança durante o dia ou com mudanças no seu quotidiano, tais como, nascimento de um irmão, entrada no infantário, ausência de um dos pais, medo do escuro, entre ouros.

Bruxismo

Caracteriza-se por um range os dentes durante o sono, resulta na generalidade do desalinhamento dos dentes, por não se conseguir controlar o movimento dos maxilares ou até por parasitas intestinais. Na maioria das vezes passa até à adolescência.

Sonambulismo

Ocorre com frequência entre os 8 e os 12 anos de idade. É visível quando a criança se senta na cama ou anda durante o sono, mesmo estando com os olhos abertos, não consegue ver, podendo até falar mas sem se perceber o que diz.


É importante reduzir o risco de acidentes, colocando algumas luzes de presença, fechar as portas à chave e, sempre que a criança se levanta deve-se reencaminhá-la para a cama de preferência sem falar. 

Insónias

As insónias caracterizam-se pela dificuldade em adormecer ou pela falta de sono. Está relacionada com uma mudança brusca na vida da criança ou associada a momentos críticos do seu desenvolvimento.
A causa deste problema pode estar interligada com situações de ansiedade ou a traumas, tais como, mudança de escola, separação dos pais, morte de um familiar.

Agitação nocturna

São perturbações rítmicas do sono, onde existe agitação como virar ou bater com a cabeça de um lado para o outro constantemente. Nesses momentos, a criança pode simular convulsões, gemer, dar gritos, grunhir ou rosnar.


Apneia


As crianças têm dificuldades respiratórias pelo facto da passagem do ar ficar obstruída, sendo esses sintomas notórios na dificuldade em respirar enquanto dorme, respiram pela boca, ressonam ou têm excesso de sono durante o dia.
Narcolepsia

É uma perturbação rara que afecta 1 em 2000 adultos e pode surgir pela primeira vez na adolescência, é de origem neurológica genética que pode gerar ataques de sono incontroláveis.

Como pode ajudar a criança a ultrapassar as perturbações do sono:

  1. Falar com a criança durante o dia de forma natural sobre o que aconteceu durante o sono.
  2. Respeitar os medos da criança, transmitir-lhe segurança, deixar uma luz acesa, incentiva-la a dormir com o seu peluche favorito, fazer com que perceba que você vai estar por perto e que não deixa que nada lhe aconteça.
  3. Criar rotinas e momentos tranquilos antes de a criança adormecer.


Se os sintomas persistirem para além de um período superior a 6 meses ou se são muito violentos e intensos procure um psicólogo para compreender o que se passa com a criança para que estas perturbações não deixem sequelas no seu desenvolvimento.



A psicoterapia pode ser importante para a criança aprender a lidar com os medos e ultrapassar as suas dificuldades do sono.


 Dra. Maria Carvalho Pereira, Psicóloga Infantil

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Terrores Noturnos e Pesadelos nas Crianças

Vários problemas podem afectar o sono das crianças. Geralmente, não são graves e passam com a idade, mas é preciso dar-lhes atenção e ajudar a criança a ultrapassá-los.

Terrores Nocturnos

Definem-se os terrores nocturnos como um distúrbio caracterizado por despertar abrupto que pode ser iniciado por um grito de pânico, choro ou vocalizações incoerentes. A criança pode estar sentada na cama, com uma expressão aterrorizada apresentando sinais de ansiedade (taquicardia, respiração rápida, rubor cutâneo, sudorese, dilatação das pupilas, tónus muscular aumentado.

As primeiras vezes que os pais se confrontam com um episódio de terrores nocturnos são assustadoras, uma vez que observam o seu filho a acordar em sobressalto, uma ou duas horas após ter adormecido, com sinais de agitação, muitas vezes a gritar de olhos abertos, com o olhar fixo e movimentos descoordenados, sem responder aos seus apelos para se acalmar, o que deixa os pais extenuados e perturbados, sem saber como agir.

Quando o episódio termina, a criança volta a adormecer e não se recorda do que se passou.
Muitas vezes, os terrores nocturnos estão relacionados com algo assustador ou invulgar que ocorreu durante o dia, ou ainda, relacionados com mudanças importantes na vida da criança, tais como entrada no infantário, nascimento de um irmão, ausência de um dos pais, entre outros.

O que fazer perante um episódio de terror nocturno?

1. Não tente acordar a criança, uma vez que esta não a irá ouvir e poderá, inclusivamente ficar mais agitada se se intrometer no terror (normalmente o episódio demora entre 1-10 minutos);

2. Deixe-a no berço/cama, assegurando-se que esta se encontra segura (por vezes fica de tal modo agitada que poderá cair da cama;

3. Não fale sobre o assunto no dia seguinte, uma vez que a criança não se recorda do episódio;

4. Reduza as situações de tensão durante o dia da criança;

5. Estabeleça uma boa rotina de sono, evitando a fadiga;

6. Com o passar dos anos os terrores acabam por diminuir e tal como apareceram desaparecem espontaneamente.

Os terrores nocturnos e os pesadelos são a mesma coisa?

Não. Enquanto os terrores nocturnos surgem mais no princípio da noite (em que os períodos de sono profundo são mais longos), os pesadelos são um fenómeno do sono superficial (sono REM), e por isso ocorrem mais na segunda metade da noite ou quando a manhã se aproxima (quando aumentam os períodos de sono REM).

Por outro lado, nos terrores nocturnos o despertar acontece no início do episódio, enquanto nos pesadelos a criança acorda a meio ou no final, quando a tensão causada pelo conteúdo assustador do sonho se torna demasiado intensa. Ao acordar de um pesadelo a criança rapidamente fica orientada e desperta, consegue descrever o conteúdo do sonho e deixa-se tranquilizar pelos pais (em contraste com os terrores nocturnos em que se mantém confusa e agitada, sem que nada a acalme, esquecendo o episódio logo que retoma o sono).

Pesadelos

Os pesadelos mais frequentes nas crianças de 2 ou 3 anos incluem a perda ou perigo.
Os “monstros” muitas vezes são a causa do pesadelo no entanto a separação dos pais também é problemática. Nas crianças dos 4 aos 6 anos as tensões saudáveis como o lidar com os seus novos sentimentos de agressividade podem ser acompanhados de medos e pesadelos.
Novos medos podem surgir durante o dia tais como abelhas, aranhas, elevadores, ruídos estridentes (trovão, sirenes, o ladrar dos cães, etc.) muitas vezes transportados para a noite como pesadelos.

Nas crianças com idade inferior a 5/6 anos os pesadelos são mais perturbadores pois a criança não entende que o sono não é real. A partir dos 5/6 anos a criança começa a perceber a diferença entre sonho e realidade, no entanto nesta idade, as crianças ainda precisam de acreditar no lado positivo dos seus “ bons” sonhos. Por isso, não se pode esperar que deixem de acreditar nos “sonhos maus” .

A criança assustada por um pesadelo acorda por completo e, se já sabe falar, consegue dizer algumas das coisas que se passaram no sonho. Outras vezes, não se recorda do pesadelo no entanto não se esquece daquilo que a fez sentir. A criança implora conforto, e é capaz de se agarrar aos pais, com medo de voltar adormecer sozinha. Pode levar algum tempo a acalmá-la.

Lidar com os pesadelos

A hora de dormir:

1. Sentar-se junto da criança, explicando o que a preocupa.

2. Aceitar os receios da criança e a necessidade de se agarrar aos pais.

3. Recordar a criança formas para se confortar, desviando o pensamento para coisas boas.

4. Deixar uma luz de presença no quarto.

5. Encorajar e aceitar o uso de objectos de conforto (ursinho, uma boneca ou cobertor preferido) como companhia e forma de afastar todos os medos.

6. Contar histórias que ajudam a compreender os medos e sentimentos vivenciados de forma indirecta.

7. Quando a criança recorre a cama dos pais, depois de um pesadelo, deve-se acalmá-la e posteriormente levá-la de volta a cama dela. Esta transição pressupõem aconchego e conforto durante alguns minutos no seu quarto.

Durante o dia:

1. Ajudar a criança a certificar-se de que não existem fantasmas nem monstros debaixo da cama nem dentro do armário.

2. Ajudar a criança a entender os sentimentos descontrolados durante o dia que ocorreram durante o pesadelo.

3. Explicar e dar informações simples, claras, credíveis em termos que ela possa entender acerca dos acontecimentos da vida familiar que possam estar a perturbá-la.

4. Evitar filmes, programas de televisão, jogos de computador que possam ser violentos e provocar medo ou incompreensão do assunto por parte da criança.

Se mesmo depois de tentar todas estas dicas, a situação persistir, sem que a criança consiga estabelecer um sono tranquilo, é importante a ajuda técnica especializada de um psicólogo ou psicoterapeuta, para avaliar e ajudar a criança a ultrapassar conflitos internos que possa estar a sentir como ameaçadores e que podem estar a interferir no seu sono.