"É ATRAVÉS DA VIA EMOCIONAL QUE A CRIANÇA APREENDE O MUNDO EXTERIOR, E SE CONSTRÓI ENQUANTO PESSOA"
João dos Santos
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domingo, setembro 24, 2017

Como comunicar aos filhos pequenos que o casal se vai divorciar?


Artigo Publicado In Saúde Activa, Março 2011,  por Dra Maria de Jesus Candeias Candeias, Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta

A separação de um casal é sempre um processo difícil, que acarreta alterações no quotidiano para toda a família. Tanto mais quando existem filhos no meio, perdidos entre inseguranças, receios e falsas culpas.

Numa situação de divórcio, não só os pais são assaltados por sentimentos avassaladores, também as crianças sentem raiva, tristeza, fracasso ou dor. Será bom não esquecer este facto e criar condições para que uma expressão emocional adequada possa acontecer.

O sofrimento dos filhos com o divórcio dos pais é uma realidade da qual não há como escapar. Porém, o modo como as crianças reagem depende, em grande escala, da maneira como seus pais se comportam, encaram esta mudança e agem um com o outro.
O que desestabiliza emocionalmente os filhos, por ocasião de um divórcio dos pais, não é só a separação em si, mas também os conflitos prévios e o modo como a separação é transmitida e vivenciada daí em diante por ambos os progenitores.

Antes de mais, e sem rodeios, é importante assumirmos que este é um passo difícil, tanto para os pais, como para as crianças. Não há forma de o tornar indolor. No entanto, há algumas variáveis que podem facilitar ou dificultar o processo.

Se a separação ainda não é uma certeza, isto é, se o casal está temporariamente separado ou se já houve outras saídas de casa antes, é contraproducente dizer aos filhos que os pais se vão divorciar. É importante que as reacções geradas por impulso sejam devidamente ponderadas, para que a precipitação dos adultos não magoe as crianças inutilmente.

Por outro lado, a partir do momento em que o divórcio é uma certeza, os pais devem preparar-se para contar aos filhos. As crianças confiam plenamente nos pais e, se perceberem que estes estão a esconder-lhes a verdade, sofrerão sozinhas e tenderão a confiar muito menos nos adultos em geral.
Para minimizar o sofrimento dos filhos, os pais devem antes de mais promover uma postura da verdade. Depois de tomada a decisão da separação, não vale a pena deixar arrastar a conversa obrigatória com os filhos. O pior é deixá-los perceber que algo se passa sem se prontificarem desde logo para falar, esclarecer e dissipar dúvidas.
 A dúvida só potencia sentimentos de insegurança e medo aos filhos, que não compreendem exactamente o que está a acontecer. A criança deve ficar a par da nova situação, o mais cedo possível e sempre em conversa, conjunta, com o pai e a mãe, juntos, e nunca por intermédio de terceiros.

Por isso, é importante que os pais se organizem em nome do bem-estar dos filhos e… CONTEM A VERDADE. Idealmente, “a” conversa deverá ocorrer quando todos os membros da família estiverem presentes. Claro que isto nem sempre é possível. A mágoa e o ressentimento podem impedir o casal de viver esta etapa a dois. Se tal não for possível, é importante que ambos digam mais ou menos a mesma coisa em momentos distintos.
Mesmo com crianças mais pequenas, é importante verbalizar a situação, nem que seja através de uma história que ilustre de forma, o mais realista possível o que se vai passar.

Há que ter sempre em atenção a capacidade de compreensão da criança, adaptando aquilo que se vai dizer à sua idade, e não esquecer que esta deve ser poupada a pormenores detalhados da separação que só contribuem para aumentar sentimentos negativos. A honestidade e serenidade devem estar presentes no discurso.

Mesmo quando a relação do casal já comporta alguma agressividade, expressa em momentos de discussões abertas, a conversa com a criança deve ser calma e serena. Explicado o porquê, os pais, por muito que lhes custe ver os filho sofrer, devem abrir um espaço para que as crianças manifestem os seus sentimentos. É importante deixá-las chorar ou mesmo expressar de forma livre todas as emoções negativas e dúvidas que geralmente marcam a reacção ao divórcio: raiva, insegurança, dor. É essencial estarem atentos aos sinais posteriores, verbais e não verbais, que a criança venha a transmitir.

O facto de as crianças, nomeadamente as crianças pequenas, não se pronunciarem em relação ao tema não quer dizer que não saibam de nada. Nalguns casos as crianças decidem cooperar com o “jogo”, respeitando o silêncio dos pais. Percebem que o assunto é melindroso e adoptam uma postura protectora: se os pais não falam, elas também não. Este sofrimento solitário pode traduzir-se em reacções muito diferentes:

- Há crianças que se portam excepcionalmente bem, achando que detêm alguma culpa nesta desgraça;
- Outras manifestam a sua tristeza através de “dores de barriga”, birras inesperadas ou resistência à escola;
- Algumas crianças tentam “proteger” o progenitor que é visto como mais fraco – o que chora mais, o que foi traído, ou o que se mostra mais abatido com a separação.
- Também há crianças que “fogem” do assunto como quem foge do monstro papão.

Quanto mais novos forem os filhos, maior a necessidade de sentirem a segurança das decisões dos pais. Daí que seja importante contar-lhes as mudanças que aí vêm. Cabe aos pais tentarem antecipar estas dúvidas.

Mesmo nos casos de divórcios litigiosos ou conflituosos, os pais devem fazer um esforço para que esta hostilidade não tenha os filhos por espectadores. Decidir a nova situação familiar - custódia, visitas, apoio financeiro, etc. - não pode ser pretexto para mais discussões.
Pelo contrário, a nova rotina familiar deve ser apresentada à criança serenamente para que esta sinta alguma segurança e confiança na sua nova vida.

São, ainda, de evitar comportamentos que envolvam os filhos no processo de divórcio, como ter discussões à frente deles ou usá-los como “arma” nas zangas.
Para marcar bem a distinção entre o que se passa na vida de casal e o que acontece entre pais e filhos, não se pode criticar a outra figura parental em frente à criança, utilizá-la como tema de discussão entre pai e mãe ou recorrer a comparações do género "a mãe gosta mais de ti do que o pai porque ele é que se foi embora". Afirmações deste género, vão futuramente levar a criança anão querer estar com o progenitor que é visto por ele como o rejeitante, o que pôs fim ao casamento. O respeito entre os ex-cônjuges
é essencial para a manutenção do bem-estar dos filhos.
As crianças devem também ser esclarecidas acerca do facto do processo de divórcio ser permanente, de forma a não alimentarem a fantasia de uma reconciliação. Logo, o casal só deve ter esta conversa com as crianças quando o divórcio é, para eles próprios,
uma situação irreversível, quando a decisão está definitivamente tomada. Os pais devem igualmente, deixar claro que ser filho de pais separados não é motivo de vergonha ou embaraço e que estão sempre disponíveis para apoiar os filhos no sentido de superarem as dificuldades inerentes à sua adaptação a uma nova situação familiar.

Esta conversa (ou estas conversas…) deve(m) servir para lembrar às crianças que ELAS NÃO TÊM CULPA NENHUMA do que está a acontecer.
Garantir às crianças que os dois vão continuar a acompanhá-las é  fundamental. Mais do que nunca é importante assegurar-lhes que ambos vão marcar presença nas suas rotinas e nas diferentes e actividades que compõem as suas vidas: escola, actividades de tempos livres, idas ao médico, mas também as refeições, a hora do deitar e o tempo em frente à televisão.

O facto de os pais já não conseguirem viver juntos não deve implicar que os filhos percam o contacto regular com qualquer um deles, já que isso prejudicaria o seu desenvolvimento.

O pai e a mãe fazem parte do património da criança. Quando um dos progenitores dificulta ou impede o contacto com o outro está seriamente a prejudicar a criança e o seu bem-estar futuro. Do mesmo modo a criança tem direito à sua família alargada (avós, tios, primos) maternos e paternos, pelo que tudo deve ser feito para que estes laços não se percam com a mudança.
Sintetizando, eis alguns conselhos para falar de divórcio com os filhos:
- Explique ao seu filho, que o pai e a mãe já não podem ou não desejam viver juntos, e que a partir de agora, viverão em casas diferentes.

- Fale com seus filhos da realidade da separação, tendo o cuidado de não culpar a ninguém.
- Assegure repetidamente aos seus filhos que ambos pais, continuam a amá-los da mesma e que ele será visitado pelo pai ou a mãe que não ficar com a sua custódia. 
- Mantenham constantes ao máximo as rotinas habituais das criança : domicílio, ambiente, relações com os pais, colégio, horários, amigos, etc. 
- Assegure aos seus filhos que eles não têm nenhuma responsabilidade pelo que ocorreu, pelo divórcio. Eles não têm culpa.
- Explique claramente que o divórcio é definitivo. Que não existe a possibilidade de voltar atrás.
- Trate de proteger as opiniões positivas que seu filho tem de ambos pais.
- Facilite a relação do seu filho com o progenitor, sendo flexível nos horários, etc.
- Trate com o progenitor que não teve a custódia, tudo relacionado com a educação, saúde, etc. do seu filho, e não use a criança como mensageiro.
È importante que os pais nãos e esqueçam que no divórcio, o conflito é conjugal e não parental, e que quando se estão a separar se estão a separar do cônjuge e não dos filhos.

M. Jesus Candeias, Psicóloga clínica e Psicoterapeuta.

jesuscandeias@gmail.com

segunda-feira, dezembro 09, 2013

Avaliação Psicológica da Criança no âmbito de Regulação das Responsabilidades Parentais


A avaliação psicológica forense no contexto do divórcio e da regulação do exercício das responsabilidades parentais é, na maior parte dos casos, uma tarefa extremamente complexa e exigente para os profissionais envolvidos na tomada de decisão.

O pedido de um relatório forense para avaliação psicológica pode chegar até ao psicólogo através do tribunal, advogado, ou de um dos progenitores.
O processo de avaliação psicológica  para regulação de responsabilidades parentais, baseia-se na observação das dinâmicas familiares o que permite analisar o grau de proximidade, conforto, linguagem corporal e verbal, qualidade da interação e comunicação; avaliação psicológica da criança de forma não invasiva; entrevista clínica aos progenitores; conversar/entrevistar professores e outras figuras significativas. 
Por exemplo, no caso de a mãe ou o pai ou ambos terem uma nova relação ou filhos, estes devem ser incluídos na observação das dinâmicas familiares, pois a criança irá estar em contato com os novos membros e é importante o psicólogo compreender qual o seu papel e como se sente na relação.
O objetivo é o técnico conhecer as dinâmicas familiares, as necessidades e desejos da criança, e quais os pontos fortes e as dificuldades de cada progenitor no envolvimento com a criança. Podendo dar o seu parecer acerca da regulação das responsabilidades parentais e aconselhar os pais se necessário a ter aconselhamento parental e/ou psicoterapia.

É importante que os pais não instruam ou influenciem a criança no que esta deve dizer ao técnico, não lhe criem expectativas do que poderá advir das intervenções, não há necessidade e devem permitir que a criança se sinta livre para se exprimir e ser honesta. 
Independentemente de quem faz o pedido, ambos os progenitores são contactados para participarem na avaliação, e é muito importante para o psicólogo escutar ambas as partes e poder observar a relação destes com os menores.

Um relatório que consista apenas na avaliação de uma das partes perde alguma da sua consistência, mas a recusa da outra parte também poderá ser relevante e dar indicadores ao psicólogo e magistrados.
Os relatórios forenses realizados pelo psicólogo serão elaborados com total imparcialidade, com responsabilidade ética e deontológica por parte do deste, tendo em conta, apenas, o superior interesse do(s) menor(es).
Significa isto, que independentemente de quem nos procura o nosso parecer irá sempre de encontro às necessidades manifestadas pela criança e não dos pais.

A importância dada pelos magistrados ao trabalho pericial forense, concretamente no que concerne à avaliação psicológica dos filhos e progenitores e das dinâmicas familiares, quando estão em causa questões que se prendem com a residência das crianças e com o regime de visitas é fulcral neste processo.

Por Dra. Catarina Policarpo, Psicóloga Clínica, Mediadora Familiar.

quarta-feira, novembro 16, 2011

Crise Conjugal... Fim ou Recomeço de uma relação?



A discussão termina todos os dias em gritos e insultos. Um quer sair à noite e o outro não; um chega tarde e o outro zanga-se; há um que gasta demais e outro de menos; ambos querem ir de férias e cada qual escolhe um destino. Tudo serve para subir o tom, para um deles sair do quarto, levar a almofada e dormir no sofá.

As zangas, os medos, os ressentimentos, o silêncio entram no meu consultório e ficam várias semanas a ser dissecados até indicarem uma de duas portas
: - o fim ou o recomeço.

O trabalho vai-se desenvolvendo em torno de reflexões para que os casais consigam perceber quais as razões que desgastam a relação. Os indícios são visíveis a olho nu e muitas vezes estavam lá desde o princípio. Só que a maioria prefere fechar os olhos e mergulhar de cabeça numa paixão. Até ao momento em deixa de ser possível ignorar os problemas que minam um relacionamento: Expectativas defraudadas ou dificuldade em aceitar o outro são algumas das grandes dificuldades identificadas entre os casais.

E deixar de falar é o maior dos erros. Fingir que está tudo bem. Esperar que os problemas desapareçam sem fazer nada para isso é o mesmo que acreditar em milagres. A estratégia tem quase sempre um único resultado: "O casal afasta-se cada vez mais até ao dia em que olham um para o outro e descobrem que já não se reconhecem." 

Ficam sozinhos, sem vontade de conversar e sentem-se perdidos: "É o momento de se sentarem frente-a-frente e forçar o diálogo." Se a estratégia falhar é sempre possível recorrer à terapia de casal.

Embora a procura da terapia de casal tenha vindo a crescer, ainda há muita resistência em pedir ajuda profissional, não só por falta de divulgação, mas também porque os casais receiam uma invasão da sua  intimidade.

É importante salientar que nem sempre , entrar num consultório e pedir ajuda de um terapeuta, serão suficientes para salvar o casamento. Haverá sempre histórias que terminam em divórcio.

A separação é uma decisão solitária que nunca surge de ânimo leve. É preciso perceber quando vale a pena insistir e quando chegou o momento de desistir.

Muitas vezes não há como restaurar o amor, a confiança e o respeito" – que são a meu ver, os três pilares obrigatórios para manter uma vida em conjunto. No dia em que isso deixar de acontecer, significa que um ou ambos anularam a identidade e deixaram de existir.

O divórcio, é uma "guerra de silêncios". É não fazer as refeições em conjunto, dormir em quartos separados, evitar a intimidade ou não ter vontade de regressar a casa.

É preciso saber terminar uma relação com dignidade, o que acontece poucas vezes." Boa parte dos casais deixa a relação arrastar-se e espera por motivos fortes para tomar uma decisão. Usam a infidelidade, a agressão verbal ou física para justificarem o divórcio, quando os motivos começaram muito antes.

Mesmo que o divórcio seja o caminho, é preciso continuar a falar: "Perceber o que aconteceu, assumir responsabilidades sem atribuir culpas é um processo obrigatório para qualquer casal que opta pela separação". Decifrar todos os passos que conduziram ao fim do casamento é a única saída para não cometer os mesmos erros em futuras relações. "Caso contrário, corre-se o risco de saltar de pessoa em pessoa sem qualquer perspectiva."

O fim é o início de um outro capítulo em que é preciso aprender que o "amor não basta por si só para suportar um casamento." Exige esforço diário, mesmo quando há filhos para cuidar, empregos para assegurar ou resto do quotidiano a consumir tempo e energia. "Pode parecer tarefa quase impossível, mas todos nós nos lembramos da ginástica que fazíamos no começo de uma relação para conseguirmos ficar juntos, nem que fosse por pouco tempo.

Estabelecer prioridades é o principal trunfo para vencer a rotina. E saber que o amor não é eterno é o passaporte para uma relação duradoura.
A última atitude que devemos ter é encarar o outro como uma casa ou um carro que irá continuar a existir enquanto essa for a nossa vontade.

Sempre que a rotina se transformar numa máquina sem travões será necessário inventar pelo menos dez minutos por dia para o casal se encontrar a sós. Namorar, brincar ou conversar são hábitos diários a manter a todo o custo. Um dia por mês deverá ser dedicado a uma curta viagem para partilharem "necessidades e preocupações.
São gestos que funcionam como pilhas de longa duração para um casamento, desde que ninguém se esqueça que qualquer relação fracassa quando "ambos ou apenas um" abdica do seu próprio espaço e afasta o ciclo de amizades, mesmo quando o amor é absorvente e tem dificuldade em dividir o tempo com os outros:

 O casamento não é como subir uma montanha e ficar sentado no topo. São várias montanhas que têm de ser escaladas todos os dias.


Por Maria de Jesus Candeias

domingo, fevereiro 27, 2011

Como enfrentar o divórcio dos pais?

Nunca esquecer que nem a figura do pai nem a da mãe são substituíveis e essa realidade deve ser encarada.

Por vezes o casamento sofre alterações, podendo surgir a ruptura, a separação e o divórcio. Muito comuns hoje em dia, a separação ou o divórcio não devem nunca incluir os papéis de pai e de mãe.
Muitas vezes os pais não têm consciência do processo complexo e dinâmico que está a ser vivido pela criança e da forma como poderão surgir consequências futuras por haver uma mistura entre a separação e a parentalidade. Os pais, mesmo separados, devem manter-se, dentro do possível, unidos como pais da criança e tentarem preservar a imagem um do outro.
 
A imagem dos pais
Na maioria das vezes as crianças ficam com a mãe. O seu papel em todo este processo é muito importante, quer na imagem do pai que é passada à criança, quer na introdução do pai na relação que tem com o filho (no caso de ser um pai que, embora ausente, por vezes está presente).
Uma imagem negativa do pai, que é constantemente reforçada através de comentários e observações, é prejudicial à criança e também à mãe, acabando por influenciar a relação entre ambas. A mãe não deve em nenhum momento vincular o ódio ou a raiva em relação ao pai. Obviamente que o contrário também é válido.
Nem a figura do pai nem a da mãe são substituíveis e essa realidade deve ser encarada. A mãe não tem que ser ao mesmo tempo pai e deve estar consciente de que não o poderá ser para não criar falsas expectativas que só conduzem a sensações de falha e culpabilidades. O mesmo acontece no que se refere à perspectiva do pai.
 
A compensação com as prendas
Um outro aspecto importante diz respeito aos presentes. É essencial não cair no erro de tentar compensar falhas com prendas. Apesar de delicada, esta é uma questão que tem que ser encarada com frontalidade, pois mesmo inconscientemente os pais poderão querer compensar a sua ausência ou despertar uma maior atenção da criança através de presentes mais caros ou maiores.
Este não é um caminho correcto e na maioria das vezes não conduz aos resultados esperados, porque a criança valorizará sempre mais a presença e o amor do que os presentes, apesar de poder ficar muito contente quando os recebe.
 
A responsabilidade de ser pai/mãe
Na realidade, a separação dos pais não deve incluir a parentalidade ou maternalidade, que são uma responsabilidade permanente de ambos. A questão central prende-se com colocar os interesses da criança em primeiro lugar e acima de qualquer discussão ou conflito.
O pai ou a mãe poderão encontrar outra pessoa, com quem desejam formar uma nova família. Trata-se de constituir uma nova família tendo sempre em conta que esse vínculo anterior deixou os seus frutos. É necessário conquistar a estabilidade depois de ultrapassar os primeiros tempos em que se abandonam as antigas maneiras de estar e de lidar com as situações e com as diferenças de opinião.
Também para as crianças este não é um processo fácil. Exige uma adaptação que demora o seu tempo e que poderá ser bastante complicada ao início. A melhor receita para lidar com a situação será sempre a capacidade de se colocarem no lugar da criança, de a respeitarem e compreenderem.

Maria de Jesus Candeias, Psicóloga infantil e Psicoterapeuta