A imagem que vemos reflectida no espelho pode não corresponder à realidade. E a culpa não é do espelho, mas dos próprios olhos.
Uma pesquisa realizada pela Brock University, em Ontário, no Canadá, divulgou em Janeiro deste ano que
uma em cada três pessoas com peso adequado ao seu tamanho tem uma imagem deturpada de si mesma.
O estudo, realizado com 813 pessoas entre 19 e 39 anos,
concluiu que 31 % das mulheres com o peso ideal acham-se mais gordas do que são. Entre os homens, a situação inverte-se: 25 % daqueles que têm um peso adequado ao seu tamanho vêem-se mais magros do que são.
O professor de psicologia Stanley Sadava, coordenador do estudo canadense, diz que essa
deturpação do olhar entre as mulheres é ainda maior entre as adolescentes.
Segundo ele, uma das causas do fenómeno é o assédio dos media e da moda, que firmam padrões estéticos muitas vezes fora do alcance de um corpo normal e saudável.
"As mulheres estão mais susceptíveis que os homens a ver os seus corpos como gordos quando eles estão, na verdade, com a massa corpórea ideal, longe de qualquer sinal de obesidade.
Emagrecer torna-se, então, uma obsessão, o que significa que essas mulheres não conseguem deixar de se preocupar com a sua forma física.
"Basta olhar as actrizes da década de 50, como Marilyn Monroe, e as de hoje. Os padrões culturais de hoje são cruéis com a variedade de tipos físicos comuns. Os adolescentes, que são mais vulneráveis a esse assédio, sofrem mais."
Para Sadava, a sua pesquisa é uma indicação indirecta de uma das causas que têm levado a um aumento no índice de jovens com disfunções alimentares, como a anorexia e a bulimia.
Anorexia e Bulimia
Anorexia nervosa e bulimia são dois tipos de distúrbios alimentares.
A anorexia nervosa é uma forma de auto-inanição.
Bulimia é comer grandes quantidades de alimentos e depois forçar-se a vomitar ou usar laxantes e diuréticos para se livrar do excesso de comida ingerido (purgar). Esses dois tipos de distúrbios são formas de auto-abuso.
Sintomas
A
anorexia nervosa e a bulimia parecem ser doenças opostas, mas compartilham os mesmos traços:
1. Medo de comer demais e engordar;
2. Depressão;
3. Baixa auto-estima, imagem corporal ruim;
4. Comportamento auto-destrutivo, auto-punição por algum erro imaginário;
5. Relacionamentos familiares problemáticos;
6. Maior incidência de doenças em consequência do baixo peso, do ganho/perda de peso frequente e/ou da má nutrição;
7. Preocupação anormal com a comida e com o sentir-se fora de controle.
Pessoas com anorexia nervosa:
1. Na maioria dos casos são do sexo feminino e/ou estão na pré-adolescência, adolescência ou início da idade adulta;
2. Tendem a dar importância excessiva à imagem corporal e à perfeição;
3. Podem sentir necessidade de serem perfeitos para ganhar a atenção dos pais;
4. Apresentam efeitos físicos da doença visíveis: perda de cabelo, frequência cardíaca baixa, pressão arterial baixa, ausência de menstruação ou menstruação irregular;
5. Tendem a vivenciar depressão mais intensa do que os bulímicos:
6. Desenvolvem osteoporose na idade adulta mais avançada pela falta de cálcio e pela diminuição da produção de estrogénio (hormónio feminino) quando param de menstruar. Exercícios em excesso também podem contribuir para a osteoporose;
7. Podem ter danos severos no coração e outros órgãos vitais pela perda de peso excessiva e pelo desequilíbrio de minerais como consequência dos vómitos e da má nutrição.
Pessoas com Bulimia:
1. Podem estar acima, abaixo ou com o peso normal;
2. Na maioria dos casos são do sexo feminino, estão no final da adolescência ou são adultas jovens;
3. Comem exageradamente e depois vomitam e/ou tomam laxantes e diuréticos;
4. Sofrem de graves problemas de saúde decorrentes do ciclo de comer-purgar a comida. Estes incluem problemas de estômago, batimento cardíaco irregular, danos nos rins pela perda de potássio e danos ao esmalte dos dentes pelos vómitos.
5. Retêm a raiva porque não conseguem expressar as emoções de maneira adequada. Temem incomodar ou desagradar as pessoas importantes nas suas vidas.
A bulimia pode ser seguida de anorexia e vice-versa.
O começo da doença é gradual, muitas vezes, a família nem se apercebe dos esforços iniciais do indivíduo para perder peso. Isto porque, a dieta pode ser justificada por motivos de excesso de peso ou, pelo contrário, feita às escondidas num jovem de peso normal.
Causas dos Disturbios Alimentares
Não existe uma causa específica para esses distúrbios alimentares, porém muitos factores contribuem para o seu desenvolvimento:
1. Pressões pessoais e familiares;
2. Medo de entrar na puberdade e tornar-se sexualmente activa.
3. Mudança de escola,
4. Conflitos graves entre os pais,
5. Obesidade criticada,
6. Ameaças ao equilíbrio familiar pelos primeiros passos da autonomia dos jovens.
7. Uma possível causa genética;
8. Problemas e anormalidades metabólicas e bioquímicas;
9. Pressão social para ser magro;
A fase de precipitação dos Distúrbios Alimentares está, regra geral, relacionada com um sentimento de profundo de mal-estar e inadequação, ponto de partida para uma série de comportamentos desajustados (desde dieta sem cessar até aos vómitos frequentes).
É importante que os familiares compreendam que a recusa alimentar não é teimosia. Além do paciente apresentar uma distorção da imagem corporal, verifica-se também um controlo da fome e um horror de engordar. As recriminações constantes dos pais, embora sejam compreensíveis, não ajudam neste tipo de casos.
Consequências dos Distúrbios Alimentares:
• Quadro de debilidade, física e mental, com queixas e problemas em vários sistemas e órgãos do organismo
• Isolamento social e inadaptação;
• A osteoporose é a consequência mais grave, a longo prazo, desta doença.
• Dá origem à infertilidade e a um aumento da frequência abortos espontânea;
• A afectividade e a sexualidade são profundamente afectadas pelos Distúrbios alimentares;
• Depressão e outras doenças psiquiátricas
Tratamento
Na maioria dos casos, a terapêutica, faz-se mediante uma consulta a Psicólogo ou Psiquiatra, recorrendo a uma psicoterapia individual, de familia ou de grupo, realizada em equipa com um técnico de nutrição.
O tratamento para a anorexia nervosa e a bulimia inclui:
1. Diagnóstico e cuidados médicos - quanto mais cedo melhor;
2. Psicoterapia - individual, familiar e/ou de grupo;
3. Terapia comportamental;
4. Medicamentos - antidepressivos são usados em alguns casos;
5. Terapia nutricional;
6. Participação de grupos de apoio;
7. Programas de tratamento em regime de "paciente externo";
8. Hospitalização - se a perda de peso for suficiente para deixar a pessoa com peso 25 % abaixo do limite inferior do peso saudável e/ou está a afectar o funcionamento de órgãos vitais.
O tratamento varia em método e em duração de acordo com o caso. Pode durar de semanas a anos.
É pois fundamental, um diagnóstico precoce nesta faixa etária, para não comprometer o desenvolvimento físico e psíquico destas jovens no futuro.
A doença pode ser mantida durante bastante tempo ou tornar-se uma situação crónica, de longa evolução e prognóstico reservado.
É essencial evitar que o processo não se torne crónico, assim como é de extrema relevância instituir a terapêutica o mais cedo possível.
Se este é o seu caso ou de um familiar seu, não hesite, peça ajuda!
Conte comigo!