"É ATRAVÉS DA VIA EMOCIONAL QUE A CRIANÇA APREENDE O MUNDO EXTERIOR, E SE CONSTRÓI ENQUANTO PESSOA"
João dos Santos

sexta-feira, março 25, 2011

Castigos Infantis. Usar, mas não Abusar!

Admitir que já se deu uma palmada a um filho é uma confissão penosa, mas há quem defenda que é castigo que pode ser usado - não como regra, mas como último recurso.

Alguma vez deu uma palmada ao seu filho? Sim ou não? A resposta é simples, só que boa parte dos pais tem dificuldade em confessá-la. Há sempre aqueles que dão voltas e voltas à conversa para no fim, muito a custo, admitirem que, afinal, houve uma vez ou outra em que, não conseguiram evitar, e acabaram por levantar a mão. Logo de seguida vem o remorso e instala-se a dúvida de não saber se falharam na educação das crianças. Para os papás que estão à espera que alguém os liberte da culpa, fiquem desde já conscientes de que essa tarefa é complicada.



Toda a gente está contra a palmadinha. A começar pelas Nações Unidas que há década e meia tenta convencer os 47 estados-membros a abolir a prática. E a terminar em Portugal que, em 2007, alterou a legislação para punir os castigos corporais. A lei não é nova, mas poucos adultos desconfiam que dar uma palmada ao filho é crime. A acrescentar há ainda o Conselho Europeu que desde 2008 tem a campanha "Levante a Sua Mão Contra a Palmada" para promover a educação positiva.

Ninguém portanto vai contra a corrente. Ou quase ninguém. John Rosemond é dos poucos pedagogos que desafiam os pais a recorrerem à palmada para educar os miúdos como forma de pôr um travão a um comportamento inaceitável. No seu livro "To Spank or not to Spank" ("Bater ou não Bater - Manual para Pais", editado pela Gradiva) o psicólogo americano não só assume a importância da palmadinha na educação das crianças como ensina os adultos a fazê--lo de forma correcta. O castigo deve ser aplicado na palma da mão ou, então, no rabo coberto de roupa.

Bater deve ser encarado como mais um recurso disciplinar ao alcance dos pais, mas aplicado com parcimónia, adverte o psicólogo infantil - uma vez por semana é muito para crianças pequenas; uma vez por mês é aceitável aos cinco ou seis anos; e ineficaz a partir dos nove ou dez anos de idade. As palmadas, em si, de nada servem se não surgirem imediatamente após o mau comportamento e sem uma "curta explicação" adicional para a criança perceber que se trata de uma consequência do seu acto. Caso contrário, avisa Rosemond, só agrava a má conduta. Usar as palmadas como forma de ultrapassar as próprias frustrações é a principal proibição imposta pelo director do Centro Para a Educação Parental Positiva, uma instituição vocacionada para o desenvolvimento infantil.

Mais do que previsíveis foram os insultos de que Rosemond foi alvo de colegas, pais e futuros pais, mas o certo é que a sua teoria não é de todo inválida para uma boa parte dos pedagogos portugueses. Sempre com as devidas ressalvas, advertem os especialistas. Desde já, a palmada é só o último recurso a usar quando todos os outros falharam. "Bater nunca é a solução, mas isso não significa que, muito pontualmente, uma palmada não resolva um problema", diz o pediatra Paulo Oom, esclarecendo que o castigo não pode ser recorrente.

A psicoterapeuta Cristina Nunes reconhece que o tema divide muito os especialistas, mas também admite excepções à regra: "É sempre de evitar, mas poderá ser usada como um reforço negativo e como última opção." É aquilo a que os especialistas em educação chamam de "palmada pedagógica" que, a ser aplicada, nunca deve ser banalizada, explica a psicóloga clínica Maria de Jesus Candeias: "Se for prática frequente, a criança não aprende nada e só irá agir por medo, além de copiar o modelo dos pais nas suas relações com os outros miúdos." Alternativas às polémicas palmadinhas não faltam. São as outras punições que podem ser aplicadas entre os dois e os 12 anos.

Retirar um privilégio ou privar a criança de um prazer são as estratégias mais eficazes. "A punição só entra na educação como o factor menos importante", conta Paulo Oom. Afecto e estimular os bons comportamentos estão em primeiro lugar, insiste o pediatra. O castigo pode ir da proibição de jogar videojogos ou ver televisão até retirar o brinquedo preferido: "Não há receitas únicas, o que resulta com um filho, pode não resultar com outro irmão", defende Cristina Nunes.

O castigo evolui à medida que as crianças crescem, mas há outros factores ainda mais importantes a ter em conta: "Não há idade para o castigo, existe sim uma responsabilização que deve ser exigida ao longo dos anos e ainda uma confiança que os pais devem estabelecer com os filhos." Para os mais preocupados com as consequências das punições, a psicoterapeuta deixa bem claro que os castigos não causam traumas nem interferem com o desenvolvimento da criança.

Mas só resultam mediante três condições, diz Maria de Jesus Candeias: "Têm de ser aplicados imediatamente após o acto, serem proporcionais à travessura e, sobretudo, coerentes." Significa isto que depois de aplicar a punição, não há como voltar a trás: "Muitos pais perdem o controlo porque um dia decidem castigar e, no outro dia, o mesmo erro da criança já não tem qualquer consequência." O ideal, aconselha Cristina Nunes, é que o castigo seja sempre pré-estabelecido: "Antes de fazer qualquer coisa de errado, a criança tem de saber que vai sofrer uma consequência."

por Kátia Catulo, Publicado em 05 de Setembro de 2009 Jornal i

domingo, fevereiro 27, 2011

Como enfrentar o divórcio dos pais?

Nunca esquecer que nem a figura do pai nem a da mãe são substituíveis e essa realidade deve ser encarada.

Por vezes o casamento sofre alterações, podendo surgir a ruptura, a separação e o divórcio. Muito comuns hoje em dia, a separação ou o divórcio não devem nunca incluir os papéis de pai e de mãe.
Muitas vezes os pais não têm consciência do processo complexo e dinâmico que está a ser vivido pela criança e da forma como poderão surgir consequências futuras por haver uma mistura entre a separação e a parentalidade. Os pais, mesmo separados, devem manter-se, dentro do possível, unidos como pais da criança e tentarem preservar a imagem um do outro.
 
A imagem dos pais
Na maioria das vezes as crianças ficam com a mãe. O seu papel em todo este processo é muito importante, quer na imagem do pai que é passada à criança, quer na introdução do pai na relação que tem com o filho (no caso de ser um pai que, embora ausente, por vezes está presente).
Uma imagem negativa do pai, que é constantemente reforçada através de comentários e observações, é prejudicial à criança e também à mãe, acabando por influenciar a relação entre ambas. A mãe não deve em nenhum momento vincular o ódio ou a raiva em relação ao pai. Obviamente que o contrário também é válido.
Nem a figura do pai nem a da mãe são substituíveis e essa realidade deve ser encarada. A mãe não tem que ser ao mesmo tempo pai e deve estar consciente de que não o poderá ser para não criar falsas expectativas que só conduzem a sensações de falha e culpabilidades. O mesmo acontece no que se refere à perspectiva do pai.
 
A compensação com as prendas
Um outro aspecto importante diz respeito aos presentes. É essencial não cair no erro de tentar compensar falhas com prendas. Apesar de delicada, esta é uma questão que tem que ser encarada com frontalidade, pois mesmo inconscientemente os pais poderão querer compensar a sua ausência ou despertar uma maior atenção da criança através de presentes mais caros ou maiores.
Este não é um caminho correcto e na maioria das vezes não conduz aos resultados esperados, porque a criança valorizará sempre mais a presença e o amor do que os presentes, apesar de poder ficar muito contente quando os recebe.
 
A responsabilidade de ser pai/mãe
Na realidade, a separação dos pais não deve incluir a parentalidade ou maternalidade, que são uma responsabilidade permanente de ambos. A questão central prende-se com colocar os interesses da criança em primeiro lugar e acima de qualquer discussão ou conflito.
O pai ou a mãe poderão encontrar outra pessoa, com quem desejam formar uma nova família. Trata-se de constituir uma nova família tendo sempre em conta que esse vínculo anterior deixou os seus frutos. É necessário conquistar a estabilidade depois de ultrapassar os primeiros tempos em que se abandonam as antigas maneiras de estar e de lidar com as situações e com as diferenças de opinião.
Também para as crianças este não é um processo fácil. Exige uma adaptação que demora o seu tempo e que poderá ser bastante complicada ao início. A melhor receita para lidar com a situação será sempre a capacidade de se colocarem no lugar da criança, de a respeitarem e compreenderem.

Maria de Jesus Candeias, Psicóloga infantil e Psicoterapeuta

domingo, fevereiro 13, 2011

BULLYING ( VIOLÊNCIA ESCOLAR)

O Bullying ( Violência Escolar) é um termo de origem inglesa que descreve actos de violência física ou psicológicos praticados por um ou mais indivíduos com o objectivo de intimidar um indivíduo ou um grupo mais fraco.

 
A violência escolar ("bullying") é uma fenómeno cada vez mais frequente e visível, trazendo uma multiplicidade de consequências nas vítimas, nomeadamente em termos da sua auto-estima e até da sua saúde física e psicológica.

 
O Bullying pode surgir de duas formas: directa e indirecta, este ultimo mais enquadrado na agressão social.

 
O bullying directo é mais praticado por indivíduos do sexo masculino e o indirecto por raparigas que embora não seja muito sinalizado é mais vulgar, passando no entanto mais despercebido.

 
O bullying indirecto, mais frequente em raparigas e em crianças pequenas, manifesta-se recorrendo a várias situações, tais como, espalhar comentários pejorativos, recusa em socializar com a vítima, intimidar outras pessoas que insistam em socializar-se com a vítima, criticar modo de vida, roupa, calçado etc., levando a vítima ao isolamento social.

 
Assim, a violência escolar pode ser traduzida em comportamentos anti-sociais, delinquência, vandalismo e comportamentos de oposição, sendo definida como actos de violência física e psicológica, intencionais, repetidos e sistemáticos, ou seja, diferem dos episódios pontuais de conflito entre pares de igual estatuto ou poder, sendo praticados por um ou mais indivíduos que escolhem vítimas mais fracas ou mais novas, cuja capacidade de defesa seja diminuta em relação aos agressores.

 
O "bullying" envolve uma multiplicidade de comportamentos, tais como:

 
- actos de agressividade física

 
- agressões verbais

 
- comportamentos de manipulação social ou indirectos

 
- maus-tratos psicológicos

 
- ataques à propriedade

 
Mas será que todas as vítimas são passivas, ou seja, deixam-se submeter por estes agressores?

 
Existem dois tipos de vítimas: as que são efectivamente passivas, ou seja, inseguras, ansiosas e incapazes de se defenderem e as agressivas, de temperamento exaltado e que retaliam o ataque, ou seja, são agredidas e agridem também.

 
Quais são os principais efeitos do "bullying", sinais de alarme e como é que as vítimas podem ser ajudadas?

O bullying persistente pode ter uma multiplicidade de efeitos sobre a vítima, constituindo indubitáveis sinais de alarme, e que transmitem que algo se passa com a criança/jovem e que a mesma necessita de ajuda profissional.

 
- Efeitos sobre o indivíduo poderão incluir:

 
> Problemas gástricos 
> Dores não-especificadas 
> Medo de expressar emoções 
> Problemas relacionais 
> Abuso de drogas e álcool 
> Auto-mutilação 
> Baixa auto-estima 
> Isolamento social 
> Depressão 
> Recusa escolar 
> Diminuição do rendimento académico  

 
No entanto aquilo que queria reflectir e partilhar aqui convosco é sobre quem são estes rapazes e raparigas que agridem, e outros que se deixam intimidar e são agredidos.

 
Existem várias teorias, desde as ligadas à educação, às da vertente sociológica (baseadas em diversos estudos de campo) e até politicas, relacionadas com as directrizes governativas face á educação. Todas elas estão interligadas e quase todas têm razão.

 
Agressores e agredidos aparecem em consulta privada com regularidade, quando os pais ainda conseguem perceber que os filhos e os próprios pais têm um problema. Ambos Pedem ajuda!

 
Quem são os agressores?

 
São crianças que de alguma forma foram sujeitos ou a uma repressão severa em casa, nunca lhes sendo permitido manifestar algum tipo de agressividade (a agressividade é normativa, faz falta para a vida adulta como impulsionadora para realizar coisas) são os filhos obedientes e bonzinhos, que nunca deram problemas aos pais, mas que foram sujeitos a uma educação demasiado repressiva, ou os filhos sujeitos a grandes doses de violência, com a qual se começam a identificar e a agir sobre os outros como modelo relacional interiorizado.

 
Aqueles que nunca conseguiram manifestar discordância aos pais e revoltarem-se podem de igual forma agir a agressividade com outros como forma de libertarem a raiva contida, impossível de pensar.

 
No entanto é mais vulgar estes rapazes serem vítimas, como repetição do modelo de autoridade a que foram sujeitos. Vulgarmente aparecem em consulta rapazes entre os doze e os catorze anos, trazidos pelos pais, por outros motivos distintos daqueles que depois se vêem a verificar.

 
O pedido inicial tem a ver muitas vezes com as aprendizagens escolares insatisfatórias, sintomas de irritabilidade, destruição de objectos (portas e outros mobiliários) em momentos de raiva não contida, choro intenso sem motivo aparente, queixas seguidas da escola entre outros, recusa em ir á escola, este é o pedido dos pais, o pedido dos filhos é bem diferente, vulgarmente uma revolta muito grande com os pais por uma falta de afecto sentida (foi essa a construção mental da criança face á leitura dos acontecimentos de vida) ou queixas de agressões verbais e físicas na escola que escondem aos pais por medo e vergonha de serem mais humilhados ainda.

 
Por traz destas crianças estão quase sempre pais muito ausentes física e afectivamente que fizeram o melhor que sabiam mas que foram lidos de forma menos saudável e que propiciaram o terreno para que a depressão se instalasse. Quase sempre se encontra estruturas de personalidade depressivas em vítimas e agressores.

 
No bullying do meu ponto de vista não existem bons e maus, ambos são vitimas que necessitam de ajuda psicoterapêutica, única forma de interromper um ciclo de violência contida e agida.

 
A salvaguardar que em casos extremos de vitimização constantes o sofrimento emocional é tão intenso que poderá conduzir a actos extremos contra o próprio: o suicídio.

 
Em 2002 na Inglaterra Hamed Nastoh, suicidou-se depois de ser vítima de bullying continuado, sem nunca ter revelado aos pais o que lhe sucedia na escola.

 
Se pensarmos que por cada criança que passa por uma psicoterapia o numero de pessoas que é beneficiada (família e sociedade) e o ciclo geracional que é possível ser interrompido talvez seja fácil de imaginar o dinheiro que o estado poupa em internamentos, prisões, medicamentos, e outras repercussões sociais que se alastram por contactos interpessoais.

A Criança face ao divórcio dos pais..


O divórcio dos pais é sempre um acontecimento doloroso e marcante na vida da criança qualquer que seja a idade.

Em idades precoces, pré – escolares, os efeitos não tardam a surgir, a criança fica agitada, confusa e sente-se muito vulnerável, tendendo a culpar-se “ o pai foi-se embora porque eu sou mau” entre outras coisas que assentam sempre na sua responsabilidade pela separação dos pais.
As crianças pequenas como ainda são muito auto-centradas tendem a culpabilizar-se, assumindo a responsabilidade pelo que aconteceu entre o pai e mãe.

Quando são mais velhas, em idades escolares, sobrevêm a tristeza e a depressão na maioria das situações, transtornos psicossomáticos (dores de cabeça, dores de barriga, vómitos, diarreia etc.), em ambas as situações existe prejuízo para um bom decorrer da adolescência e adulticia.

As figuras parentais são fundamentais para a forma como se vão desenvolver os processos psíquicos da criança após a separação. Digo figuras parentais, porque nem sempre são os pais biológicos a desempenharem esse papel.

Não raras vezes, o que acontece é que na situação de divórcio o casal está muito embrenhado na situação e pouco disponível para os filhos. A  ausência de interacções protectoras e segurizantes decorrentes dessa fase podem resultar em dificuldades  na criança ao nível do relacionamento com amigos, professores, familiares e da própria criança consigo mesma.

O divórcio dos pais quando é mal integrado pela criança, quando a criança se sentiu arma de arremesso entre o casal, quando um dos pais utiliza a criança para denegrir a imagem do outro, faz chantagem, ameaça, agride, entre outras situações, pode comprometer um bom desenvolvimento emocional no futuro.

Ainda que o divórcio seja entre o pai e a mãe, a criança também passa por essa separação, pois tem que separar o que outrora tinha unido dentro de si. A negação e a recusa vão actuar impelindo a criança a fazer tentativas de juntar os dois. É uma perda que aos olhos da criança pode ser reversível, alimentando a esperança e a ilusão que isso vai acontecer.

Durante muito tempo a criança vai dedicar-se a encontrar estratégias de reconciliar os pais e voltar a tê-los de novo perto de si. Nessa fase de tentativa de os aproximar as actividades escolares vão ser deixadas de lado, as notas vão baixar, o interesse pelas brincadeiras diminui, os seus interesses e fantasias vão estar ocupados com essa tarefa.

Nem sempre o divórcio é um factor de estabilidade para a criança. O facto de poder estar longe de brigas e agressões que possam existir, faz com que perca na mesma a sua referência da família, e em muitas situações começam as brigas novamente sendo a criança o elo de ligação e o correio entre os pais.

Quando a criança tem 10 -11 anos e mais, um dos sintomas que aparece é começar a apresentar uma maturidade que na realidade não tem. Adopta posições de distância com um controlo excessivo de si mesmo, a fim de negar os sentimentos de vergonha e neutralizar a ansiedade, bem como sondar os limites da situação familiar, face a uma nova realidade. Nessa fase pode ser impelido a experimentar drogas e álcool e a iniciar a vida sexual como forma de arranjar companhia e combater o sentimento de abandono gerado pelo desfazer da família.

Muitas crianças e adolescentes não aceitam a separação e começam a agir essa dor com comportamentos agressivos manifestado hostilidade e desgosto. Com frequência culpam o conjugue como qual vivem, normalmente culpam a mãe por não ser capaz de manter a família unida. Quando visitam o outro conjugue seja o pai ou mãe não se atrevem a manifestar o desgosto com medo de perder mais essa relação e a família com receio de acabar com uma relação já de si insegura.
Porém, mais vale ter uma relação insegura que ser abandonado, sentimento que acompanha sempre a criança. Apontam algumas estatísticas que dois meses depois de decretado o divórcio menos de metade dos pais vê o filho apenas uma vez por semana. Passado um ano mais de metade nem sequer a visita.

O perigo de desequilíbrios psicológicos por causa do divórcio dos pais aumenta se a criança já tem predisposição para ser vulnerável por antecedentes familiares de depressão, pela própria perda ou pelo reavivar na memória de outras perdas mais precoces, como por exemplo uma ausência prolongada da mãe ou do pai sentida como abandónica.

O divórcio não significa um ponto final no confronto entre os pais, por vezes eles estão apenas a começar, o casal reaviva os problemas, não se consegue descentrar dos seus problemas e não consegue gerir em conjunto as coisas do filho mais simples, como comprar roupa, uma saída com amigos, a imposição de um limite. Se um diz não, o outro para ser melhor diz que sim. Assim se vai instalando a confusão mental na criança que se vê quase sempre no meio dos pais em que cada um denigre a imagem do outro a cada dia que passa.

O impacto do divórcio na criança depende sempre da estabilidade do progenitor com quem ficar e da relação saudável ( dentro do possível num contexto de separação) que os pais consigam quer estabelecer entre si, quer com as crianças.

Muitas vezes, a fragilidade afectiva dos pais a seguir ao divórcio faz com que fiquem incapazes de atender as necessidades dos filhos.
 A criança sofre imenso quando é utilizada como instrumento de negociação entre os pais e quando pai ou mãe estão deprimidos e a tentam absorver como busca de companhia e apoio. Desgastam afectivamente a criança/ adolescente que se viu forçada a ser o amparo do progenitor deprimido.

Em situações destas a busca de ajuda especializada poderá evitar graves prejuízos na vida futura da criança.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

HIPERACTIVIDADE E DÉFICE DE ATENÇÃO

Hiperactividade
Principais Características
A Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA) é caracterizada por um padrão persistente de falta de atenção e/ou impulsividade-hiperactividade, com uma intensidade que é mais frequente e grave que o observado habitualmente nas crianças com um nível de desenvolvimento semelhante.

Alguns dos sintomas relacionados com a hiperactividade e a falta de atenção ocorrem e causam interferências muito importantes no funcionamento da criança em casa, na escola ou na sua vida social.
Estes problemas surgem devido ao facto da criança não conseguir dar atenção suficiente aos promenores ou porque comete erros por descuido nas tarefas que tem para fazer.
Os trabalhos são muitas vezes desordenados, descuidados e feitos sem reflexão.
Esta dificuldade em manter a atenção em tarefas ou actividades lúdicas acaba por causar dificuldades na criança para persistir nas tarefas até as terminar.
Parece que estão a pensar noutra coisa qualquer, como se não tivessem ouvido aquilo que acabou de se lhes dizer. Podem inclusive fazer mudanças de uma actividade para outra, ou começar uma tarefa, mudar para outra e ainda dedicar-se a uma terceira antes de completar qualquer uma das anteriores.

As crianças com PHDA têm muita dificuldade em seguir instruções, em terminar os trabalhos escolares ou os deveres, em organizar tarefas ou actividades.As tarefas que requerem a manutenção de um esforço mental são sentidas como desagradáveis e marcadamente aversivas. Por consequência, estas crianças evitam ou sentem repugnância em envolver-se em tarefas que requeiram um esforço mental mantido ou que impliquem exigências de organização ou de concentração.

Os hábitos de trabalho podem ser desorganizados e com frequência perdem, tratam com negligência ou deterioram objectos necessários às actividades.

As crianças com PHDA são facilmente distraídas por estímulos irrelevantes e interrompem as tarefas que estão a realizar para prestarem atenção a ruídos ou factos triviais que são facilmente ignorados pelos outros, como por exemplo, o buzinar de um carro ou uma conversa de fundo.
Esquecem-se muitas vezes das actividades quotidianas, como por exemplo, das datas ou de trazer o almoço.

Nas situações sociais, a falta de atenção pode manifestar-se por mudanças na conversa, não prestar atenção aos outros, não manter um raciocínio na conversa e não seguir os pormenores ou as regras dos jogos.


Comportamentos Típicos na HiperactividadeA criança com hiperactividade pode manifestar os seguintes comportamentos:
  • estar inquieta ou mover-se quando está sentada
  • não ficar sentada quando se espera que o faça
  • correr ou saltar excessivamente em situações em que é inadequado fazê-lo
  • ter dificuldades em brincar ou dedicar-se tranquilamente à brincadeira
  • andar e agir como se estivesse ligada a um motor
  • falar em excesso


Hiperactividade na Idade Pré-Escolar
As crianças com PHDA mais jovens e em idade pré-escolar diferem das crianças activas por estarem constantemente a andar e a mexer em tudo. Precipitam-se para qualquer lado, saem de casa entes de vestirem o casaco, sobem e saltam sobre os móveis, correm por toda a casa, têm dificuldade em participar em actividades sedentárias de grupo nas classes pré-escolares, como por exemplo, ouvir uma história.



Hiperactividade na Idade Escolar
As crianças em idade escolar revelam comportamentos semelhantes às crianças mais jovens. Têm dificuldade em estar sentadas, levantam-se constantemente, mexem-se nas cadeiras, ficam sentadas na borda das cadeiras. Transportam objectos de um lado para o outro, batem palmas e estão a mexer constantemente os pés e as pernas. Levantam-se da mesa durante as refeições, quando estão a ver televisão ou quando estão a fazer os trabalhos escolares.
Falam em excesso e fazem muito barulho durante as actividades tranquilas.



Hiperactividade na Adolescência e Idade AdultaNos adolescentes e adultos, os sintomas tomam a forma de sentimentos de inquietação e dificuldade para se dedicarem a actividades sedentárias tranquilas.

A impulsividade manisfesta-se pela impaciência, dificuldade para adiar respostas, precipitação das respostas antes que as perguntas tenham acabado, dificuldade em esperar pela sua vez, interromper ou interferir com os outros ao ponto de provocarem problemas em situações sociais, escolares ou laborais.
As outras pessoas queixam-se de não conseguirem interromper o seu discurso incessante. As outras pessoas queixam-se ainda dos comentários desadequados, de não ouvirem as regras que lhes são transmitidas, de iniciarem um conversa em momentos inoportunos ou de interromperem excessivamente os outros.
Pode também verificar-se que interferem ou agarram nos objectos que não lhes pertencem, mexem nas coisas que não é suposto mexer e fazem palhaçadas.



É frequente a Hiperactividade?Estima-se que 3% a 7% das crianças em idade escolar sofrem de PHDA, sendo que este problema afecta mais os meninos que as meninas.

As famílias devem estabelecer rotinas e regras bem definidas e consequências claras aplicadas de imediato.
Apesar do desgaste físico e emocional que uma criança com PHDA promove nos pais, as famílias não devem esquecer que a interiorização de regras é tanto feita com o castigo (por exemplo, zangar, obrigar) quanto é com o reforço positivo (por exemplo, brincar, mimar, acarinhar, abraçar).

NO CRESCER -Centro de Intervenção psicologica a psicoterapia para este problema, visa reduzir a frequência dos comportamentos inadequados e aumentar a frequência dos comportamentos desejáveis nas crianças. Tem ainda como objectivo ajudar os pais a lidar com esta situação, seja fornecendo dicas para a implementação de regras, seja através de ouvir o seu cansaço e encorajar para o seguimento de uma educação que se oferece difícil.