"É ATRAVÉS DA VIA EMOCIONAL QUE A CRIANÇA APREENDE O MUNDO EXTERIOR, E SE CONSTRÓI ENQUANTO PESSOA"
João dos Santos
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sexta-feira, setembro 13, 2013

Fobia Escolar


O Início do ano lectivo está aí e o retorno ou a entrada na escola nem sempre é calma e tranquila para todas as crianças.


Há sempre algum nervosimo e ansiedade no retorno, pode mesmo para alguns atingir niveis muito elevados de ansiedade e angustia com uma recusa total à escola: a Fobia escolar

A Fobia escolar afecta, cerca de 5% de crianças do jardim de infância, e cerca de 2% de crianças do ensino básico registando-se uma maior incidência de fobia escolar no primeiro ano lectivo da criança.


No entanto não é raro que a fobia escolar apareça no, 2º ciclo, ou secundário ou até mesmo na entrada da faculdade, pois como referido estas manifestações estão muito associadas a “ansiedade face ao desconhecido” e as mudanças de ciclo escolar, são sempre algo muito significativas para a criança e /ou adolescente.

O que caracteriza uma fobia escolar? 

A Fobia escolar é um medo exacerbado que a criança sente em ir para a escola.
A Fobia escolar é uma perturbaçao da ansiedade e tem tratamento.

Numa situação típica de fobia escolar, a criança/jovem logo de manhã acorda com queixumes de dor de barriga associado por vezes a vómitos, diarreias, dor de cabeça, com intensificação do sintoma à medida que se aproxima a hora de ir para a escola, com verbalização do tipo “…não quero ir para a escola…” ou por vezes na véspera poderá surgir a questão “…amanhã é dia de ir para a escola?...” Despertando nos próprios pais alguma ansiedade na busca de melhor lidar com a situação e não deitar tudo a perder.

Na Fobia escolar da criança está, quase sempre, latente uma grande “ansiedade de separação” dos seus pais e do mundo que lhe é familiar e no qual se sente protegido.
Estas crianças geralmente, apresentam também, dificuldades em dormir sozinhas, medo de ir para casa de amigos, entre outras relutâncias em se distanciar das pessoas com as quais passa a maior parte do tempo.

Esta fobia escolar ou recusa ansiosa escolar é mais frequente no primeiro ano lectivo da vida da criança. Na fobia escolar, a criança fala da escola sempre com medo, negativismo e pode chorar para não ir.

Até se transformar na ‘segunda casa’, a escola representa um mundo desconhecido. Por isso, nos primeiros dias de aula, os sintomas podem ser mais intensos porque a criança se vê às cinco minutos parece uma eternidade.

Na escola, é muito comum, que a criança se afaste dos colegas, se isole, não brinque, já que se sente muito mal lá dentro.

Além da manifestação explícita de não querer ir à escola, a fobia escolar pode atingir sintomas tais como :choro frequente, suores frios ou tremores, diarreia, vómitos, medo de ficar sozinha, medo de algo abstracto, incapacidade de enfrentar o problema sozinha, perda do apetite, voltar a urinar na cama, insónias, pesadelos, entre outros.

A fobia é um problema que difere completamente de preguiça ou má vontade, e do absentismo. Os próprios pais percebem isso no comportamento da criança. Também é diferente da recusa esporádica em ir à escola, especialmente após as férias.

No caso da fobia, as crianças regressam a casa, apresentam ansiedade com sintomas psicossomáticos, enquanto que os absentistas não vão para casa, não sentem ansiedade, nem sintomas. Enquanto que nas fobias as crianças têm um perfil caracterizado por serem conscienciosas, perfeccionistas e bem comportadas, nos absentistas manifestam comportamentos desajustados ou delinquentes. Esta distinção é importante que seja feita, para um modo de abordar e intervir adequado pelos próprios pais.

Geralmente, as crianças que desenvolvem essa ansiedade e medo incontroláveis são boas alunas e não perdem rendimento escolar.

Quando o problema surge é essencial que a equipa da escola saiba o que está acontecendo, pois, muitas vezes, uma figura de confiança do aluno deve acompanhá-lo e permanecer por um determinado período no ambiente escolar, até que ele desenvolva autoconfiança. Os próprios coordenadores podem, por vezes, desempenhar este papel, ao ficarem mais próximos deste aluno, encorajando-o a ponto de se sentir bem na sala de aula.

O que pode estar na origem deste tipo de fobia?
Os motivos que levam a criança a desenvolver fobia escolar podem ser vários ou uma associação deles. Dentre eles estão a predisposição biológica (genética), a mudança de escola, professor severo, conflito com colegas, o temperamento da criança, a vulnerabilidade à acção do ambiente familiar( mudança de casa, divórcio dos pais, morte de um familiar, conflitos familiares), e até mesmo a preocupação excessiva de alguns pais com a separação dos seus filhos.

Os sintomas da fobia escolar estão fortemente associados ao tipo de relação da criança com seus pais, desde o nascimento até a idade pré-escolar.

Porém, é interessante salientar que duas ou mais crianças que recebem a mesma educação, tanto escolar quanto familiar, (filhas dos mesmos pais), não significa necessariamente que todas irão desenvolver fobia escolar.

A fobia escolar também pode ter origem em agressões verbais ou físicas de que a criança foi vítima na escola ( ou seja, ser vítima de bullying).

Em que é que difere de uma ansiedade normal no regresso às aulas?

O primeiro ou primeiros dias desencadeiam naturalmente algum nervosismo, perante a ideia de novos professores, nova turma, nova escola ou simplesmente a mudança de rotina das férias para as aulas, até os mais calmos poderão ficar afectados nas primeiras semanas de aulas.

Outros casos existem em que a ansiedade normal pode dar lugar a medos mais significativos. As fobias ocorrem com frequência nas crianças e por vezes desaparecem espontaneamente, sinal que a criança conseguiu ultrapassar os seus receios.
No caso específico da fobia escolar, enquanto perturbação emocional que desencadeia uma resposta fóbica face à escola, inicialmente não deverá ser motivo de alarme, de um modo tranquilo os pais deverão sempre incentivar e encarar com optimismo a hora de ir para a escola, sem forçar bruscamente mas persistir no cumprimento da assiduidade escolar.
Caso este comportamento persista para além de dois meses, será importante procurar outro tipo de suporte de modo a evitar o agravamento da situação, mesmo na futura vida escolar e social da criança/jovem.
O que podem os pais fazer para ajudar os filhos com fobia escolar?
È muito importante que os pais, não ridicularizarem ou subestimem os medos da criança, pelo contrário, devem mostrar compreensão.

Porém, também devem facilitar que a criança se afaste da escola. No momento de ir para escola os pais devem ser firmes, mas respeitar a limitação de seus filhos, pois para eles já é muito difícil estar com esta dificuldade.

È importante Incentivar a criança a ir à escola, nunca obrigá-la e tentar tranquilizá-la, que no fim do dia volta a estar com os pais. Por vezes os pais poderão mesmo ter de permanecer durante alguns periodos na escoal para ajudar a criança a tranquilizar-se.
Manter o máximo de diálogo com a criança
Ajudar a criança a encontrar o meio de superar o obstáculo
Fazer com que os amigos sejam elementos importantes na inserção na escola.

Se os sintomas persistirem para além de dois meses, e em casos mais críticos, os pais devem encaminhar o filho para psicoterapia.O tratamento da criança com fobia escolar deve ser abrangente: é necessária a participação efectiva da escola, dos pais e do psicólogo. Essa interacção, entre todos e esse envolvimento é que vão fazer com que a criança supere a fobia.


É fundamental que os pais fiquem atentos quanto à procura de profissionais especializados ( psicólogos ou psicoterapeutas) dado que esta fobia pode ocasionar um afastamento da escola, fracasso e repetência escolar, vergonha de enfrentar novamente os colegas, entre outros factores.

Todos estas consequências reduzem a auto-estima da criança, com consequências para o resto de sua vida. Além disso, a tendência de uma criança com fobia escolar, se não for ajudada a ultrapassar a situação, é que desenvolva outros medos, como, por exemplo, de elevador, animais, escuro, etc. Enfim, os danos são grandes quando se adia o tratamento.


Procurar ajuda, ouvir as diretrizes dos profissionais envolvidos e poder dividir as dificuldades que possam encontrar no tratamento de seu filho, contribuirá efetivamente na maravilhosa tarefa de ser pai e mãe e no desenvolvimento de uma criança feliz.

sexta-feira, março 25, 2011

Castigos Infantis. Usar, mas não Abusar!

Admitir que já se deu uma palmada a um filho é uma confissão penosa, mas há quem defenda que é castigo que pode ser usado - não como regra, mas como último recurso.

Alguma vez deu uma palmada ao seu filho? Sim ou não? A resposta é simples, só que boa parte dos pais tem dificuldade em confessá-la. Há sempre aqueles que dão voltas e voltas à conversa para no fim, muito a custo, admitirem que, afinal, houve uma vez ou outra em que, não conseguiram evitar, e acabaram por levantar a mão. Logo de seguida vem o remorso e instala-se a dúvida de não saber se falharam na educação das crianças. Para os papás que estão à espera que alguém os liberte da culpa, fiquem desde já conscientes de que essa tarefa é complicada.



Toda a gente está contra a palmadinha. A começar pelas Nações Unidas que há década e meia tenta convencer os 47 estados-membros a abolir a prática. E a terminar em Portugal que, em 2007, alterou a legislação para punir os castigos corporais. A lei não é nova, mas poucos adultos desconfiam que dar uma palmada ao filho é crime. A acrescentar há ainda o Conselho Europeu que desde 2008 tem a campanha "Levante a Sua Mão Contra a Palmada" para promover a educação positiva.

Ninguém portanto vai contra a corrente. Ou quase ninguém. John Rosemond é dos poucos pedagogos que desafiam os pais a recorrerem à palmada para educar os miúdos como forma de pôr um travão a um comportamento inaceitável. No seu livro "To Spank or not to Spank" ("Bater ou não Bater - Manual para Pais", editado pela Gradiva) o psicólogo americano não só assume a importância da palmadinha na educação das crianças como ensina os adultos a fazê--lo de forma correcta. O castigo deve ser aplicado na palma da mão ou, então, no rabo coberto de roupa.

Bater deve ser encarado como mais um recurso disciplinar ao alcance dos pais, mas aplicado com parcimónia, adverte o psicólogo infantil - uma vez por semana é muito para crianças pequenas; uma vez por mês é aceitável aos cinco ou seis anos; e ineficaz a partir dos nove ou dez anos de idade. As palmadas, em si, de nada servem se não surgirem imediatamente após o mau comportamento e sem uma "curta explicação" adicional para a criança perceber que se trata de uma consequência do seu acto. Caso contrário, avisa Rosemond, só agrava a má conduta. Usar as palmadas como forma de ultrapassar as próprias frustrações é a principal proibição imposta pelo director do Centro Para a Educação Parental Positiva, uma instituição vocacionada para o desenvolvimento infantil.

Mais do que previsíveis foram os insultos de que Rosemond foi alvo de colegas, pais e futuros pais, mas o certo é que a sua teoria não é de todo inválida para uma boa parte dos pedagogos portugueses. Sempre com as devidas ressalvas, advertem os especialistas. Desde já, a palmada é só o último recurso a usar quando todos os outros falharam. "Bater nunca é a solução, mas isso não significa que, muito pontualmente, uma palmada não resolva um problema", diz o pediatra Paulo Oom, esclarecendo que o castigo não pode ser recorrente.

A psicoterapeuta Cristina Nunes reconhece que o tema divide muito os especialistas, mas também admite excepções à regra: "É sempre de evitar, mas poderá ser usada como um reforço negativo e como última opção." É aquilo a que os especialistas em educação chamam de "palmada pedagógica" que, a ser aplicada, nunca deve ser banalizada, explica a psicóloga clínica Maria de Jesus Candeias: "Se for prática frequente, a criança não aprende nada e só irá agir por medo, além de copiar o modelo dos pais nas suas relações com os outros miúdos." Alternativas às polémicas palmadinhas não faltam. São as outras punições que podem ser aplicadas entre os dois e os 12 anos.

Retirar um privilégio ou privar a criança de um prazer são as estratégias mais eficazes. "A punição só entra na educação como o factor menos importante", conta Paulo Oom. Afecto e estimular os bons comportamentos estão em primeiro lugar, insiste o pediatra. O castigo pode ir da proibição de jogar videojogos ou ver televisão até retirar o brinquedo preferido: "Não há receitas únicas, o que resulta com um filho, pode não resultar com outro irmão", defende Cristina Nunes.

O castigo evolui à medida que as crianças crescem, mas há outros factores ainda mais importantes a ter em conta: "Não há idade para o castigo, existe sim uma responsabilização que deve ser exigida ao longo dos anos e ainda uma confiança que os pais devem estabelecer com os filhos." Para os mais preocupados com as consequências das punições, a psicoterapeuta deixa bem claro que os castigos não causam traumas nem interferem com o desenvolvimento da criança.

Mas só resultam mediante três condições, diz Maria de Jesus Candeias: "Têm de ser aplicados imediatamente após o acto, serem proporcionais à travessura e, sobretudo, coerentes." Significa isto que depois de aplicar a punição, não há como voltar a trás: "Muitos pais perdem o controlo porque um dia decidem castigar e, no outro dia, o mesmo erro da criança já não tem qualquer consequência." O ideal, aconselha Cristina Nunes, é que o castigo seja sempre pré-estabelecido: "Antes de fazer qualquer coisa de errado, a criança tem de saber que vai sofrer uma consequência."

por Kátia Catulo, Publicado em 05 de Setembro de 2009 Jornal i