"É ATRAVÉS DA VIA EMOCIONAL QUE A CRIANÇA APREENDE O MUNDO EXTERIOR, E SE CONSTRÓI ENQUANTO PESSOA"
João dos Santos
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terça-feira, fevereiro 07, 2023

As Crianças e as Novas Tecnologias

A exposição das crianças aos ecrãs


Os ecrãs são cada vez mais uma presença assídua nos nossos dias.

Contudo, quando a sua utilização é feita por crianças, esta mesma utilização pode tornar-se nociva para o seu desenvolvimento, principalmente se não for orientada de uma forma positiva e consciente por parte dos pais/cuidadores.

Por vezes, é possível observarmos crianças (e até mesmo bebés) entretidas com um tablet/smartphone, o que permite aos pais poderem respirar um pouco de toda a azáfama do dia. Outras vezes, vemos os membros do agregado familiar encantados com a facilidade com as crianças conseguem aprender a mexer nos ecrãs, parecendo que até já nascem ensinadas. Mas, teremos nós noção dos impactos que esta utilização terá no seu desenvolvimento?

Também nós adultos dispomos de grande parte do nosso tempo livre na utilização de ecrãs, esquecendo-nos que os nossos filhos estão atentos àqueles que são o seu maior exemplo: os pais/cuidadores e, assim sendo, mais importante do que eles fazerem aquilo que lhes pedimos, é eles fazerem o que os pais fazem.

Sendo a primeira infância um período de rápido desenvolvimento, no qual se formam os hábitos e rotinas da criança, os comportamentos e as dinâmicas familiares desenvolvidas no início da vida, irão ter impacto na vida futura.

A OMS defende que as crianças se devem sentar menos e brincar mais, existindo a indicação de que as crianças até aos 2 anos não devem ter qualquer contacto com os ecrãs, e que, entre os 2 e os 5 anos a sua utilização não deve exceder uma hora diária, sempre com a supervisão de um adulto.

Estudos recomendam que as crianças não tenham acesso aos ecrãs antes de irem para escola, uma vez que irá comprometer as suas capacidades de concentração e de aprendizagem; durante as refeições; nos convívios com os pares/família; e, antes de ir dormir.

Torna-se assim importante que consigamos limitar o tempo de utilização dos ecrãs, estabelecendo um horário adequado a cada faixa etária; não devendo recorrer à sua utilização como forma de controlarmos os comportamentos e emoções das crianças.

Conseguimos então mudar os padrões? O apoio psicológico poderá ser um bom aliado nesta adaptação às novas rotinas.

Dra. Daniela Morbey 
Psicóloga Clínica
Cédula Profissional nº 15565

terça-feira, setembro 07, 2021

Setembro: O Regresso à Rotina


Chegou Setembro... o mês de (Re)Começar!


Setembro é o mês de regressar e recomeçar. Para algumas crianças e jovens o regresso às aulas significa expectativa e rever colegas e amigos, para outros voltar à escola pode envolver sofrimento. 

Depois das férias grandes, um período marcado, sobretudo, pela descontração de crianças, jovens e adultos, pode regressar com maior intensidade o medo, a preocupação, o receio e emoções como a tristeza, a raiva e a zanga. Tudo isto pode aumentar com o aproximar do regresso à escola, em que as regras, obrigações e relações com professores e pares vão retomar. 

Apesar de ser natural um maior desconforto associado ao regresso às aulas, comparativamente ao período de férias, podem existir alguns sinais de que este regresso possa estar associado a sofrimento psicológico.

Deixamos alguns sinais aos quais pais, cuidadores e familiares devem estar atentos:

Mudanças súbitas ou acentuadas de comportamento;
Diminuição do desempenho escolar;
Dificuldades de concentração;
Comportamentos de risco;
Falta de motivação e energia, cansaço frequente;
Isolamento;
Sentimentos como a tristeza e o medo frequentes e prolongados no tempo;
Dificuldades no sono.
 

O regresso às aulas pode ajudar a aumentar todos estes sinais de alerta, que podem significar que o/a seu/sua filho/a precisa de ajuda e pode beneficiar de apoio psicológico. No Crescer estamos disponíveis para o ouvir e ajudar a si e ao/à seu/sua filho/a.


Dr.ª Joana Teixeira
Psicóloga Clínica
Cédula Profissional nº 21107

segunda-feira, fevereiro 18, 2019

Ansiedade de Separação

"Pai, Mãe... Não me deixem sozinho"


- A Ansiedade de Separação - 



O facto da infância e da adolescência serem períodos caracterizados por grandes e impactantes mudanças físicas e psicológicas, torna natural que as crianças e jovens experimentem diferentes níveis de stress face a todos os novos desafios que estas novas mudanças acarretam. No entanto, algumas destas crianças e jovens não são capazes de atingir um ajustamento psicossocial saudável, podendo apresentar diferentes perturbações ou sintomatologias, como a ansiedade, que podem influenciar o seu desenvolvimento e funcionamento nos vários contextos onde se encontram inseridas, nomeadamente familiar, escolar e social.

Para a maioria das crianças e dos adolescentes, a ansiedade é uma experiência comum, funcional e transitória, através do qual o nosso organismo se adapta normalmente às diversas situações. No entanto, esta ansiedade pode aumentar de intensidade e tornar-se, muitas vezes, exagerada ou desproporcional em relação ao estímulo, interferindo na qualidade de vida ou desempenho diário da criança ou jovem.

No que diz respeito à frequência das perturbações ansiosas nestas faixas etárias, o Transtorno de Ansiedade de Separação (TAS) abrange aproximadamente metade dos casos ansiedade, revelando ser a manifestação ansiosa mais frequente.

De acordo com a literatura, o transtorno de ansiedade de separação é caraterizado por  uma ansiedade excessiva em relação ao afastamento dos pais ou outros cuidadores, que persiste, no mínimo, por quatro semanas, causando sofrimento intenso e prejuízos significativos em diferentes áreas da vida da criança ou jovem. Quando a criança percebe que os seus pais têm de se ir embora, são comuns algumas manifestações físicas, tais como dor abdominal, dor de cabeça, náuseas e vómitos. 

Quando estamos na presença do transtorno de ansiedade de separação, estas vivências intensificam-se drasticamente e expressam-se em situações onde o afastamento não justifica a intensidade do comportamento ansioso.

A origem do transtorno de ansiedade de separação é complexa. Diferentes estudos demonstram que tanto fatores biológicos, como ambientais desempenham determinada influência, como por exemplo:

Genéticos: crianças com pais ansiosos têm uma maior probabilidade de apresentar um transtorno de ansiedade;

Psicológicos: Dificuldade ao nível do reconhecimento e gestão das próprias emoções, interferindo na capacidade que a criança ou jovem acredita ter para lidar com as ameaças percebidas;

Relacionados com a família: baixo afeto e envolvimento entre pais e filhos; comportamentos parentais que desencorajam a autonomia da criança; pais superprotetores, vinculação insegura (sobretudo com a mãe); divergência parental; separação ou divórcio; gravidez da mãe ou nascimento de um irmão; doença física ou psicológica de algum dos pais.

No entanto, na maioria dos casos, a perturbação desenvolve-se após alguma situação de stress, tipicamente uma perda, a morte de um familiar ou de um animal de estimação, de uma doença da criança ou de um familiar, de uma alteração no ambiente da criança, como uma mudança de escola ou para uma nova casa.

Algumas características:

- Sentem-se pouco à vontade quando se deslocam sozinhas, afastando-se de casa ou de lugares familiares;
- Podem recusar-se a dormir em casa de amigos, a fazer recados ou a ir à escola;
- Podem ser incapazes de permanecer sozinhas num quarto;
- Podem apresentar um comportamento “adesivo”, seguindo os pais para todo o lado;
- São comuns queixas físicas como dores de cabeça ou vómitos quando se prevê que irá ocorrer uma separação;
- Grande preocupação com medos relacionados a acidentes, doenças ou morte daqueles a quem estão vinculados;
- Dificuldades em adormecer de forma autónoma.

Reforço que estas sensações são manifestações de que a nossa mente pode estar perturbada, devendo-se, assim, procurar a origem e causas dos problemas que “estão invariavelmente ligadas às relações sociais e de vinculação”. Uma avaliação rigorosa da situação e a intervenção por um técnico especializado, permite que a criança comece a perceber melhor as suas sensações e emoções, sendo gradualmente cada vez mais capaz de geri-las de forma autónoma.

Se precisar de ajuda, contacte-nos! 


Dr.ª Sara Loios
Psicóloga Clínica de Crianças, Adolescentes e Famílias
Cédula Profissional nº 20837

quinta-feira, março 01, 2018

As Crianças e a AutoEstima


- O Segredo das Crianças Felizes - 


Na sociedade em que vivemos é predominante um discurso de crítica negativa e de punição, de desvalorização da recompensa e do elogio (quer o elogio a nós próprios, quer aos outros).

Os exemplos seguintes são situações e verbalizações por vezes tidas pelos pais e cuidadores, as quais podem magoar ou entristecer as crianças:
  1. Criticar constantemente as crianças em frente a outras pessoas, quer sejam outras crianças ou adultos (“Pareces mesmo um palerma... já te disse que não é assim que se faz...”);
  2. Contar os segredos das crianças a outras pessoas, de uma forma que as faça sentirem-se humilhadas (“Sabiam que ele ainda faz xixi na cama?”);
  3. Pedir com insistência às crianças para desempenharem um determinado papel perante os outros (“Anda lá, canta aquela música que cantaste há bocado, para a avó ouvir!”);
  4. Esquecer os nomes dos amigos das crianças, ou confundi-los;
  5. Estar sempre a colocar perguntar de uma forma crítica e negativa (“Já arrumaste os brinquedos, ou não é para hoje?”“Vais chorar outra vez porque tens que ir dormir, como fizeste ontem?”);
  6. Criticar as brincadeiras da criança (“Não sei como é que gostas de jogar esse jogo, que brincadeira mais tonta...”);
  7. Desvalorizar ou não compreender os medos das crianças (“Tens medo do escuro, mas porquê? Se o escuro não faz mal a ninguém...”).
Neste sentido, e de forma a colmatar esta realidade e preparar as crianças para o futuro, torna-se extremamente importante a utilização do elogio e da expressão de sentimentos positivos na educação, para que a criança sinta que é amada e valorizada, e assim aprenda a gostar de si própria.

Algumas sugestões de comportamentos que pode adotar de forma a promover a autoestima dos seus filhos:
  1. Brinque com o seu filho e deixe que seja ele a orientar a brincadeira;
  2. Demonstre interesse e orgulho pelas conquistas que o seu filho vai alcançando;
  3. Evite fazer comparações entre o seu filho e outras crianças, seja o irmão/irmã ou outro colega;
  4. Perante situações de insucesso ou mau comportamento, opte por criticar a ação e não a criança. Por exemplo em vez de dizer “portaste-te mal, não gosto mais de ti”, opte por dizer “portaste-te mal, esse comportamento é muito feio”;
  5. Elogie as capacidades do seu filho em frente de pessoas significativas para ele.
A forma como a criança se define, ou seja, a sua autoestima, irá influenciar as suas motivações, atitudes e comportamentos, afetando o seu equilíbrio emocionalUma autoestima positiva, além de desempenhar um papel muito importante na nossa felicidade, protege-nos contra os insucessos na medida em que uma pessoa com uma autoestima positiva irá ter menos tendência a desvalorizar-se face a um desempenho menos bom em alguma tarefa. Além do mais, uma criança com uma imagem positiva de si própria, acredita nas suas capacidades e competências, evitando deste modo ansiedades em relação ao desconhecido.

Crescer não é fácil. Nem para os filhos, nem para os pais ou cuidadores. É perfeitamente natural que possa sentir dificuldades na desafiante tarefa que é educar os seus filhos. Se tiver alguma dúvida ou precisar de algum tipo de apoio ou aconselhamento, contacte-nos. O Aconselhamento Familiar é um tipo de intervenção que visa apoiar e facilitar o funcionamento familiar,  procurando fornecer metodologias e estratégias facilitadoras da tarefa educativa, com o objetivo de diminuir as dificuldades e melhorar o bem-estar da criança ou adolescente em ambiente familiar.
Dr.ª Sara Loios

Psicóloga Clínica de Crianças, Adolescentes e Famílias
Cédula Profissional nº 20837